Enchente no RS: FAB e Exército entregam cinco toneladas de donativos a moradores de área inundada em Pelotas. Cerca de 4 mil pessoas foram atingidas por inundações na Colônia Z3, uma comunidade de pescadores na zona rural de Pelotas, no Sul do estado. A área fica às margens da Lagoa dos Patos, que recebe água de quase todas as bacias hidrográficas do Centro e do Norte gaúcho. O alagamento bloqueia todas as estradas que levam ao local, fazendo com que a população ilhada tenha que receber mantimentos por meio de aeronaves.
Nesta sexta-feira, o Exército Brasileiro enviou aproximadamente cinco toneladas de cestas básicas e galões de água aos moradores. Antes disso, uma primeira tentativa da missão ocorreu na quarta-feira, mas foi frustrada porque más condições climáticas impediram os voos.
A entrega foi organizada por meio do Comando Operacional Conjunto Taquari 2. Desde o dia 29 de abril, a iniciativa atua em municípios atingidos por chuvas e enchentes no RS.
A ação nesta sexta ocorreu em duas etapas. Primeiro, uma equipe com 12 militares do Exército partiu da Base Aérea de Canoas em um helicóptero Cougar. Os soldados aterrizaram em um campo aberto, no entorno da colônia, onde montaram estruturas de lona em pontos estratégicos para o lançamento aéreo. A ideia era deixar sinais visíveis no solo para uma segunda aeronave.
Na sequência, um avião C-105 Amazonas da Força Aérea Brasileira (FAB) sobrevoou a área e fez quatro lançamentos de carga. Os materiais foram arremessados em oito contêineres, que depois seguiram em dois caminhões da Marinha para a Colônia Z3.
“Os veículos da Marinha são os únicos capazes de transportar o peso das cargas sem atolar na lama nem afundar no alagamento, por isso foram escolhidos para a missão. Houve outras viaturas que ficaram presas no lodo na tentativa de levar donativos , porque os acessos para a Colônia Z3 foram destruídos”, disse o tenente Otávio Manso.
Além de isolados por água, os moradores da colônia também sofrem com a incidência de doenças. Por isso, a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) opera na localidade desde o dia 31 de maio. De acordo com a equipe federal, composta por dois médicos e quatro enfermeiros, a maior demanda foi para síndromes gripais e suspeitas de dengue.
Outra preocupação é a pesca artesanal, que é a principal atividade econômica na região. O dilúvio gera insegurança ao setor porque a água encobriu peixarias e destruiu apetrechos de pesca, além de refrigeradores e outros materiais de trabalho dos profissionais.
De acordo com o Sindicato dos Pescadores da Colônia Z3, nos próximos meses, a pesca não ocorrerá por conta do período do defeso, quando a atividade na Lagoa dos Patos é proibida para a assegurar a reprodução das espécies. O intervalo vai de junho a setembro, e os pescadores artesanais têm direito ao seguro-defeso, um salário mínimo mensal pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para auxiliar no sustento das famílias.
No entanto, o sindicato alerta que mesmo quando a atividade for retomada, em outubro, a lagoa não terá se recuperado por completo. Isso porque a água deve demorar até baixar e atingir um nível que permita a entrada de mais peixes na região. Além disso, os pescadores tem receio que as águas vindas de outros locais tragam entulhos e poluam a Lagoa dos Patos.
Segundo a prefeitura de Pelotas, na atualização mais recente, há 665 pessoas em abrigos de gestão municipal. Ao todo, o número de afetados pelas enchentes na cidade ultrapassa 5 mil pessoas.
Fonte: Correio do Povo
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