Embraer aposta no mercado dos EUA para o C-390 Millennium após retorno de Trump à Casa Branca. A Embraer não vê a eleição de Donald Trump como um revés para seus esforços de introduzir o avião militar C-390 Millennium nos Estados Unidos. A informação foi confirmada por Bosco da Costa Junior, chefe da divisão de defesa e segurança da Embraer, em recente entrevista à Reuters.
A Embraer vê os Estados Unidos como um mercado-chave para seu avião de carga militar C-390, ao lado da Índia, União Europeia e Arábia Saudita. Para isso, contratou a empresa de consultoria Oliver Wyman para ajudá-la a explorar o mercado de defesa norte-americano.
Em janeiro, Trump assumirá a presidência dos EUA e tem apresentado ideias protecionistas, incluindo mudanças agressivas nas políticas comerciais do país, como uma tarifa de 10% ou mais sobre todos os produtos importados.
A Embraer acredita que há uma lacuna na frota de transporte militar dos EUA que o C-390 poderia preencher. A empresa espera que o conteúdo local norte-americano e uma possível linha de montagem nos EUA ajudem a convencer a maior economia do mundo sobre os méritos do avião.
“O KC-390 já é um produto ‘Buy American Act compliant’, ou seja, ele atinge os percentuais de conteúdo americano requisitados”, disse Costa Junior, em uma entrevista no dia 10 de novembro à Reuters. “A gente vê com bons olhos o segundo mandato do Trump. Acho que a Embraer pode desempenhar um papel super importante em alguns segmentos e a gente enxerga claramente um gap nos Estados Unidos. Nada muda na nossa estratégia em relação aos Estados Unidos”, disse.
Ele observou que a fabricante brasileira de aviões tem um relacionamento de longa data com os EUA, incluindo a venda de jatos comerciais e executivos. As companhias aéreas de passageiros norte-americanas são grandes compradoras dos jatos regionais da Embraer, além do jato executivo Phenom 300, que é a aeronave mais usada no país, com uma fábrica de montagem localizada em Melbourne, na Flórida.
“Os nossos produtos, de forma geral, possuem um conteúdo enorme americano, ou seja, cada avião Embraer vendido gera impostos, gera emprego e gera investimento nos Estados Unidos”, acrescentou Costa.
A divisão de defesa e segurança da Embraer também tem presença nos Estados Unidos, que opera seu avião de ataque leve Super Tucano, que tem uma linha de produção em Jacksonville, na Flórida.
O estabelecimento de uma linha de montagem final do C-390 nos EUA é uma possibilidade, dependendo da evolução das vendas, disse Costa Jr., acrescentando que o objetivo da Embraer não era substituir nenhuma aeronave em operação, mas sim acrescentar capacidades às Forças Armadas dos EUA.
O C-390 poderia ser adequado para o Corpo de Fuzileiros Navais (USMC), a USAF e para as forças especiais. Uma delegação dos EUA examinou o avião durante o exercício de treinamento multinacional CRUZEX 2024, realizado na Base Aérea de Natal (RN), na semana passada, disse Costa.
O C-390, que foi escolhido por países da OTAN como Suécia, Holanda, Portugal, Hungria e República Tcheca. Normalmente o avião brasileiro compete com o Lockheed Martin C-130 Hercules.
Fonte: Reuters
@FFO