Dúvidas quando ao futuro do projeto de reabastecedores furtivos da USAF. Após meses de incertezas e debates internos sobre qual é o projeto de maior urgência e importância, a USAF chegou a um consenso sobre o caça de sexta geração, deixando o programa do futuro avião-tanque em standby por tempo indeterminado.
Embora o caça de sexta geração NGAD (Next-Generation Air Dominance) e o avião-tanque NGAS (Next-Generation Air Refueling System) sejam capacidades aparentemente independentes, seus destinos se cruzaram na profunda análise que se seguiu à decisão do ano passado quando a USAF decidiu paralisar o NGAS.
As propostas para alavancar o desenvolvimento de uma frota de reabastecedores mais resistente, reduzindo os investimentos a complexidade do futuro caça, perderam o debate interno. Líderes da USAF decidiram por uma abordagem diferente para o reabastecimento em voo, que busca alcançar a resistência por meio de grandes aeronaves convencionais, como os Boeing KC-46 e KC-135.
Em vez de colocar em combate em ambiente disputado um grande avião-tanque furtivo, ao custo de centenas de milhões de dólares cada, a UAF deverá se concentrar em meios para interromper o processo que os inimigos utilizam para localizar, rastrear e atacar grandes alvos aéreos em distâncias extremamente longas.
“Há muito que podemos fazer para dar resistência e sobrevivência ao reabastecimento em voo”, disse o Major General Joseph Kunkel, diretor de Design de Força, Integração e Jogos de Guerra da USAF no Estado-Maior Aéreo do Pentágono, durante uma palestra no Hudson Institute em 26 de fevereiro passado. “O NGAS pode ser parte da solução, mas há outros pontos ao longo desta cadeia que podemos usar contra o adversário. Iremos adotar uma abordagem de sistemas”, afirmou o Maj. Gen. Kunkel.
As conclusões internas da USAF são apenas recomendações, mas podem ser influentes. A administração Trump está finalizando sua proposta de orçamento fiscal de 2026 e os programas NGAS e NGAD estão em jogo.
As perspectivas para o futuro NGAS estão em uma montanha-russa. O conceito surgiu em 2006 como parte da abordagem de três fases da USAF para substituir mais de 400 envelhecidos reabastecedores KC-135. A primeira fase são os 179 aviões-tanque do então projeto KC-X (atual KC-46 Pegasus). A segunda fase seria a licitação doKC-Y, que a USAF trocou por um segundo lote de 140 KC-46 com atualizações sobrevivência. A terceira fase seria o KC-Z (programa NGAS) que projetou um grande avião-tanque furtivo em formato de asa voadora.
No início de 2024 a USAF delineou planos para lançar no ano fiscal de 2026 uma concorrência do NGAS, mas não inseriu nenhum financiamento no programa de gastos de longo prazo do Pentágono, lançando dúvidas sobre o projeto. As perspectivas pareciam melhorar durante o verão (hemisfério norte), quando o processo de seleção de fontes do caça NGAD estava paralisadas.
Os líderes civis da USAF na época, incluindo o então Secretário Frank Kendall, ficaram preocupados que o NGAD seria inacessível, a menos que cada aeronave custasse no máximo US$ 94 milhões (valor de um Lockheed Martin F-35A). Preocupações também aumentaram sobre a capacidade de bases em locais distantes de fornecer suporte às operações de um caça muito complexo como o NGAD, dada sua vulnerabilidade à proteção contra ataques de mísseis inimigos.
À medida que as dúvidas e o debate sobre o programa NGAD continuava, a aquisição de um grande avião-tanque furtivo se tornou mais atraente, especialmente com o argumento de que um avião-tanque mais resistente poderia voar mais fundo no espaço aéreo disputado. Com isso, um caça NGAD poderia ser menor e não levar grande quantidade de combustível. Como o custo unitário se correlaciona com o peso e o tamanho da aeronave, comprar menos NGAS poderia valer a pena e aumentaria as encomendas de pequenos caças NGAD.
Nos últimos meses, no entanto, os requisitos originais para o programa do caça NGAD parecem ter superado os argumentos dos céticos da USAF. O programa ainda precisa do consentimento da administração Trump para retomar o processo de seleção de fonte, mas os Oficiais estão novamente certos da importância do futuro caça de última geração.
“O NGAD continua sendo uma parte importante da USAF e muda fundamentalmente o caráter do combate de maneira muito, muito favorável. Se a força conjunta quiser lutar com um NGAD e superioridade aérea nesses lugares realmente muito difíceis de alcançar, então buscaremos o NGAD. Francamente, isso reduzirá o risco operacional”, disse Kunkel
Fonte: Aviation Week
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