Duas molas causaram danos de pelo menos US$ 10 milhões em um bombardeiro B-2 Spirit. Duas molas fracas foram as principais responsáveis pelo incidente com um bombardeiro furtivo B-2 Spirit da USAF, em setembro do ano passado. Esses dispositivos levaram ao colapso do trem de pouso esquerdo e a consequente derrapagem após o toque na pista da Base Aérea de Whiteman, no Missouri (EUA).
De acordo com um relatório preliminar do Comando de Ataque Global da USAF, as duas molas não forneceram a pressão suficiente para manter o trem esquerdo na posição travado. A falha dessas peças foi a principal causa do incidente, conforme o relatório de 12 de janeiro do conselho de investigação, chefiado pelo Coronel Robert Cocke.
Há pelo menos uma décadas essas molas não foram substituídas, disse o relatório. Em 2018, a USAF mudou os procedimentos da revisão em nível de depósito dos B-2, passando a exigir que essas molas fossem substituídas a cada nove anos. No caso desse bombardeiro – matrícula 89-0129 “Spirit of Georgia” – a sua última revisão de grande porte foi realizada pela última vez em 2014, quatro antes da alteração desse procedimento. Nenhuma evidência foi encontrada mostrando que essas peças foram substituídas nessa aeronave, disseram os investigadores.
Uma análise realizada pelo Laboratório de Pesquisa da USAF constatou que as duas molas estavam fora do nível de tolerância, produzindo uma tensão cerca de 11% menor que o original. Associado a isso, uma pequena perda de fluido hidráulico, causada por uma fissura da fadiga de metal em uma unidade de acoplamento, contribuiu para que o trem de pouso não permanecesse na posição travado.
O trem esquerdo do B-2 colapsou logo após o toque na pista, levando a asa esquerda a atingir o solo e levá-lo para a área gramada na lateral da pista. O Bombardeiro do 393rd Bomb Squadron (393 BS) da 509th Bomb Wing (509 BW), sediada em Whiteman AFB, sofreu danos significativos em componentes, incluindo o trem de pouso principal esquerdo, sua porta, a superfície inferior da asa esquerda e a ponta da asa. Ambos os pilotos saíram ilesos.
O relatório estima os custos de reparo de pelo menos US$ 10,1 milhões, mas o custo final pode ser muito maior, uma vez que os técnicos precisam examinar a estrutura da aeronave, além do revestimento furtivo altamente delicado e pouco observável do bombardeiro.
A USAF possui uma frota de 20 bombardeiros B-2, sendo que especificamente o Spirit of Georgia foi recebido em dezembro de 1995. Lembrando que cada aeronave custa aproximadamente US$ 1,1 bilhão.
Naquele 14 de setembro, o B-2 completava a sua terceira surtida de treinamento, e nenhum problema hidráulico foi reportado nos voos anteriores. Durante a aproximação para a Whiteman AFB, pouco depois da meia-noite, ao estender os trens de pouso, a tripulação recebeu um alarme de problema hidráulico, motivo pelo qual declararam emergência.
Ao acionar o trem, todo fluido hidráulico dos dois sistemas dos trem de pouso vazou rapidamente, fazendo que um atuador de travamento não pudessem manter as molas na posição estendidas. Imediatamente os pilotos iniciaram a extensão manual de emergência dos trens de pouso, que utilizam a gravidade e o fluxo de ar para travá-los mecanicamente na posição.
No pouso, a investigação observou que ocorreram dois toques na pista, e a falta de pressão das molas da esquerda não puderam mantê-lo travado. A porta esquerda do trem de pouso, que permaneceu aberta durante o pouso de emergência, tocou a pista e se arrastou por cerca de 750 pés antes de ser arrancada, rasgando a fuselagem inferior do avião.
Os pilotos tentaram manter o jato no alinhamento sobre a pista, mas as rodas dos trens principais travaram, levando o bombardeiro a sair para o gramado lateral. O relatório salientou que ambos pilotos estavam atualizados e qualificados, e que fatores humanos não foram a causa do acidente. Ainda não está claro quais procedimentos de manutenção, se houver, podem ser alterados como resultado desse acidente e da investigação que se seguiu.
Fonte: USAF
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