O Navio Aeródromo São Paulo (A12), descomissionado oficialmente da frota da Marinha do Brasil em 2017, estava desde dezembro do ano passado em processo de leilão internacional para descarte.
Neste domingo – 06 de setembro, surgiram informações de que a Marinha do Brasil estaria assumindo novamente o controle do porta-aviões, cujo processo de descarte estava sob a supervisão da França, por força de contrato firmado quando o Governo Brasileiro adquiriu o navio da Marinha Francesa.
O leilão se destina ao desmanche da estrutura e o descarte das grandes quantidades de substâncias tóxicas e perigosas contidas no navio. Inicialmente o processo foi adiado devido à pandemia de COVID-19, e mais recentemente foi suspenso, sem informações sobre o real motivo.
Segundo o site CPG, o porta-voz da ONG Shipbreaking Platform, Nicola Mulinaris, informou em entrevista que “não está claro por que o Brasil decidiu interromper o processo. Estamos investigando o assunto”, disse Nicola Mulinaris , oficial de comunicação e políticas da ONG Shipbreaking Platform, em entrevista.
Encomendado no final dos anos 1950, o R99 Foch foi entregue para a Marinha Francesa em 1963. A Marinha do Brasil adquiriu este porta-aviões no ano de 2000, onde se tornou o A12 São Paulo. Em 2014 ele passou por problemas de manutenção e não voltou mais ao mar, sendo oficialmente desativado em janeiro de 2017.
Como equipamento de origem militar, foi imposta uma cláusula contratual na venda do Foch para o Brasil, que dá para as autoridades francesas a última palavra sobre a aprovação do local de descarte do navio. Oficialmente a França enviou para o governo brasileiro uma lista de estaleiros homologados para descartar o porta-aviões. Inicialmente, apenas um estaleiro listado na Unisão Européia (UE) foi qualificado para participar da licitação, que foi inesperadamente suspensa.
“Se o processo de leilão for retomado, esperamos que Brasil e França mantenham sua decisão inicial e enviem a embarcação para uma instalação aprovada pela UE – qualquer outra coisa seria um escândalo, dadas as notórias condições precárias em que os resíduos tóxicos são gerenciados nas praias do Sul da Ásia”, acrescentou Mulinaris.
Em 2018 foi criado Instituto São Paulo/Foch, uma associação sem fins lucrativos, com o objetivo de transformar o porta-aviões em um museu naval privado, sem custos para o governo e Marinha do Brasil.
O instituto usa como exemplo os vários navios-museu Americanos, evitando que o São Paulo A12 tenha o mesmo destino do primeiro porta-aviões brasileiro, o Minas Gerais A11 , que foi enviado para o estaleiro de desmanche de navios na Baía de Alang, na Índia, conhecido pela precariedade em que os seus funcionários e o meio-ambiente são tratados.
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