Destino incerto para o Almirante Kuznetsov único porta-aviões russo. O único porta-aviões da Marinha Russa, o Almirante Kuznetsov, um dos seus maiores símbolos do poder naval, deverá retornar ao serviço em 2024. Será? Ele está há cinco anos parado em um estaleiro de Roslyakovo, perto de Murmansk, recebendo atualizações necessárias para, teoricamente, se manter operacional por mais 15 anos.
Recentemente, a agência estatal russa TASS informou que novas falhas nas atividades de atualização do navio atrasaram mais uma vez o seu retorno ao mar, fato que tem se tornado uma constante nos últimos quatro anos.
Em meados da década de 1980, a então União Soviética construiu o Almirante Kuznetsov nos estaleiros Nikolayev, onde hoje é território ucraniano. A embarcação tem aproximadamente 330 metros de comprimento, e um deslocamento de aproximadamente 58.000 toneladas. Cabe ressaltar que o Kuznetsov é um navio irmão do porta-aviões chinês Liaoning.
O porta-aviões russo foi projetado para operar uma ala aérea embarcada de 24 caças Sukhoi Su-33 Flanker D e MiG-29, seis helicópteros de apoio e uma bateria de doze grandes mísseis antinavio P-700 Granit. Em comparação, uma Ala de Combate Aéreo típica de um porta-aviões da Marinha dos EUA, da classe Nimitz, normalmente é composta por até 44 F/A-18E/F Super Hornet e F-35C Ligtining II.
O Kuznetsov tem um histórico operacional bastante irregular, tendo permanecido fora de serviço por décadas após o fim da Guerra Fria e problemas econômicos do governo russo. Entre 1991 e 2015, o port-aviões russo realizou apenas seis patrulhas marítimas. Em 2009, enquanto navegava pela costa da Turquia, um incêndio a bordo matou um tripulante. Em 2012, uma pane imobilizou o Kuznetsov na costa da França, sendo necessário que um rebocador da marinha russa o auxiliasse no deslocamento. No ano de 2016, ocorreram dois acidente com aviões durante o pouso na sua pista. No ano seguinte, o governo britânico ironicamente apelidou o porta-aviões russo de “Navio da Vergonha” por suas espessas nuvens de fumaça preta quando em movimento.
Em 2017, a nau-capitânia russa foi colocada no dique seco flutuante PD-50 do Estaleiro de Roslyakovo, para serviços de atualizações tecnológicas previstas para serem concluídas até 2020, mas seguidos problemas estão atrasando o final das obras. Em 2018, o PD-50 teve uma pane elétrica e afundou enquanto o Kuznetsov estava dentro. O porta-aviões foi danificado quando um guindaste de 70 toneladas preso à doca seca desabou, abrindo um buraco de 5 metros de largura na sua lateral. Em 2019, o porta-aviões sofreu um incêndo durante uma atividade de manutenção, causando a morte de dois militares.
Essa série de pequenos desastres, aliados a problemas logísticos e técnicos, adiaram o retorno do Kuznetsov para 2024. O que originalmente seria uma atualização de três anos, agora levará pelo menos sete.
Então, o Kuznetsov retornará ao serviço? Conforme uma reportagem da Popular Mechanics, a economia russa deverá entrar em recessão ainda este ano como consequência direta das sanções impostas pela OTAN pela invasão da Ucrânia. O processo de atualização já foi reduzido uma vez por questões econômicas, e se houver mais um impasse no orçamento de defesa ou outro sério revés, “Moscou pode decidir que o Kuznetsov desça às profundezas do Mar da Noruega junto com sua doca seca”.
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