Desmanche do antigo NAe São Paulo (A12) segue causando preocupações. O desmanche do NAe São Paulo (A12), o antigo porta-aviões da Marinha do Brasil (MB), apresenta riscos jurídicos, ambientais e de saúde. A declaração foi enviada por ONGs (Organizações Não Governamentais) às autoridades da Turquia, destino final da embarcação.
No ano passado, as ONGs apelaram às autoridades brasileiras e francesas (fabricante do navio) para garantirem a reciclagem segura e ecologicamente correta do porta-aviões da Classe Clemenceau. Desta forma, elas recomendaram a contratação de estaleiros de reciclagem, homologados pela União Européia (UE), que restringe a operação em praias dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Após um longo e tortuoso processo de leilão, o São Paulo foi finalmente vendido para o estaleiro turco Sök Denizcilik e Ticaret Limited. Conforme noticiamos aqui no Site da RFA, o casco do navio foi leiloado em 12 de março de 2021, por pouco mais de dez milhões de Reais.
Agora, as organizações ONG Shipbreaking Platform, Basel Action Network (BAN), BAN Asbestos France, International Ban Asbestos Secretariat (IBAS), İstanbul Isig Meclisi e a brasileira ABREA, estão convocando o Ministério do Meio Ambiente e Urbanização da Turquia para garantir um descarte adequado dos resíduos perigosos do São Paulo, para que a exportação e posterior gerenciamento seja feito de forma ambientalmente correta.
Assim como aconteceu com o Clemenceau – navio irmão de Classe do São Paulo (ex. Foch), cuja exportação equivocada para a Índia foi revertida à Europa, com enormes custos devido às violações da Convenção da Basileia, o São Paulo contém grandes quantidades de substâncias perigosas em sua estrutura, sendo, portanto, considerado um resíduo perigoso por essa convenção internacional.
Devido as quantidades elevadas de amianto e outros materiais perigosos que compõem a estrutura da embarcação, grupos da sociedade civil local, líderes políticos, especialistas técnicos e organizadores sindicais, estão se opondo fortemente à importação da embarcação pela Turquia. Eles levantaram preocupações sobre a falta de transparência de como o amianto e outros resíduos serão gerenciados, e levantaram suspeitas sobre o preço da compra do porta-aviões, que não seria financeiramente viável se todos os devidos cuidados forem observados durante a reciclagem, com a correta eliminação dos resíduos perigosos.
Nenhum Inventário de Materiais Perigosos (IHM – Inventory of Hazardous Materials) foi fornecido durante o processo de venda e licitação do NAe São Paulo, e permanece incerto se uma auditoria independente adequada ou IHM foi realizada desde então, de acordo com a ONG Shipbreaking Platform.
As ONGs pedem uma avaliação independente, para verificar se os planos de remoção e descarta dos resíduos perigosos do antigo porta-aviões, atendem aos requisitos corretos de gestão ambiental, e se garantem que os trabalhadores e as comunidades locais não fiquem expostos a quaisquer riscos.
Dada a natureza muito perigosa dos materiais da embarcação militar, a remessa do Brasil e os planos de manejo subsequentes devem ser totalmente transparentes para quaisquer comunidades afetadas e ser apoiados por elas.
Fonte: Naval Today