Delegação turca viaja aos EUA para discutir os F-16. Uma delegação turca visitará Washington na próxima semana para acompanhar a promessa do presidente americano, Joe Biden, de vender um novo lote de caças F-16, bem como kits de modernização para a atual frota da Turkish Air Force (TuAF). A informação foi confirmada pelo Governo de Ancara no dia 8 de agosto.
O ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, anunciou que a equipe chegará a Washington na próxima segunda-feira — dia 15/08 a convite de autoridades americanas. Mas ele enfatizou que Ancara irá se opor firmemente às condições de venda impostas pelos principais membros do Congresso, preocupados com as relações tensas da Turquia com a Grécia.
“Não podemos aceitar essas condições. Nosso desejo é que o Senado elimine as restrições”, disse Akar.
O projeto de lei em questão incluiu a proibição da venda dos F-16 Block 70, a menos que a Turquia garanta que o espaço aéreo grego não será violado, o que parece na prática, uma “promessa infantil” e sem qualquer garantia plausível. O projeto, que foi apresentado pelo congressista Frank Pallone, com apoio de vários outros, inclusive o democrata greco-americano Chris Papas, foi aprovado por 244 votos a favor e 179 votos contra. O projeto agora será adicionado à Lei de Autorização de Defesa Nacional dos EUA (NDAA — National Defense Authorization Act) de 2023.
Este será um dos pontos da reunião da semana que vem. Barra a aprovação no senado e seguir com as negociações para a compra dos F-16 Bloco 70 e kits de atualização dos atuais F-16C/D para o Bloco 70. A compra dos F-16, que na prática seria uma compensação pela perda dos F-35A, vem sendo assunto há várias semanas, como repostamos aqui, aqui e em outros artigos — como este publicado em julho.
A Turquia vem tendo impasses com os EUA desde a compra dos sistemas de defesa aérea russos S-400, que gerou seu alijamento do programa F-35 em 2019, mesmo sendo membro da OTAN. A compra e/ou modernização de seus F-16 é vista por muitos com uma compensação pela expulsão do JSF. Mesmo assim esta venda vem sendo questionada, apesar do forte interesse da Lockheed Martin no negócio.
A pressão efetuada pelo presidente Racep Tayyip Erdogan em junho, contestando e exigindo garantias da Suécia e Finlândia a seus interesses para poderem entrar na OTAN foi mal vista e teve momentos que beirou a chantagem. A solução, mediada pelos EUA, deu, além de garantias aos interesses turcos, a promessa de Biden da venda dos F-16. Isto gerou polêmicas, e para muitos, foi um golpe contra a Grécia.
A eleição de Biden foi seguida por um ano de relações azedadas entre Washington e Ancara, ligadas ao histórico de direitos humanos da Turquia e à política externa estridente. Mas o governo Biden tem apoiado mais a Turquia desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro, inclusive fazendo lobby para que o Congresso aprovasse a venda dos F16 após se reunir com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan à margem de uma cúpula da Otan em junho em Madri.
“A abordagem de Biden foi muito positiva em Madri” disseram alguns senadores dos EUA disseram que só aprovarão a venda se a Turquia encerrar sua disputa territorial com a histórica rival Grécia. A Turquia vai enviar seu mais recente navio-sonda para as águas disputadas do leste do Mediterrâneo em busca de gás natural. A última missão desse tipo perto da ilha dividida de Chipre em 2020, desencadeou uma crise internacional que viu navios de guerra turcos e gregos colidirem enquanto em mar aberto. A rápida intervenção dos líderes da OTAN impediu um conflito aberto. Desde então a tensão está em níveis elevados, similar aos vistos nos anos 1970.
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