Croácia retira últimos MiG-21 Fishbed das missões operacionais na Europa
Croácia retira últimos MiG-21 Fishbed das missões operacionais na Europa. Desde o último domingo, 1º de dezembro, a Força Aérea da Croácia, ou Hrvatske Zračne Snage (HZS), retirou da missão operacional seus últimos caças soviéticos MiG-21 (codinome OTAN “Fishbed”). A Croácia é a última operadora do MiG-21 na Europa, modelo que desde o final da década de 1950 compôs a frota de mais de uma dúzia de forças aéreas no continente.
Os últimos Fishbed do 191º Esquadrão de Caça da HZS estão sendo substituídos por uma dúzia de modernos caças multifunção Dassault Rafale. Embora o Esquadrão já tenha recebido sete jatos franceses, seus pilotos ainda não estão totalmente operacionais no novo vetor, o que está previsto para ocorrer até o início de 2026.
Por ser membro da OTAN, a defesa aérea do espaço aéreo nacional da Croácia será temporariamente realizada por caças Eurofighter Typhoon da Aeronáutica Militare Italiana (AMI) e Saab Gripen C/D da Força Aérea Húngara (HuAF), que irão manter alerta QRA (Quick Reaction Alert) a partir das suas bases aéreas em seus países.
MiG-21 na Força Aérea da Croácia
A Croácia emergiu como País independente em 1991, a partir da violenta dissolução da Iugoslávia. Com uma Força Aérea incipiente, o primeiro MiG-21 chegou ao País em fevereiro de 1992, através da deserção de um piloto da então Força Aérea Iugoslava. Este caça em particular, foi foi abatido sobre a Bósnia e Herzegovina poucos meses após, em junho de 1992.
À medida que a Força Aérea da Croácia foi sendo organizada, entre 1993 e 1994 o governo adquiriu 40 MiG-21 da Ucrânia, sendo 26 operacionais e 14 servindo como fonte de peças de reposição. Em maio de 1992, mais dois MiG-21 chegaram através de deserções, sendo que um deles também foi perdido em combate. Até o fim das hostilidades, em setembro de 1995, a Força Aérea Croata perdeu seis jatos em combate.
Armados com mísseis ar-ar guiado por infravermelho R-60MK (AA-8 Aphid) e um canhão interno de cano duplo de 23 mm, os MiG-21 formaram a primeira linha da defesa aérea da Croácia, motivo pelo qual ao longo dos anos parte da frota foi submetida a modernizações e atualizações. Nos anos 2000 a quantidade de caças foi aumentada com a compra de nove unidades da Polônia, da Romênia e da Ucrânia.
Com a adesão à OTAN, os Fishbeds croatas receberam sistemas ocidentais de comunicação, identificação e navegação, quando receberam novas designações: MiG-21bisD (monoposto) e MiG-21UMD (biposto). Apesar das revisões, nos últimos anos apenas um punhado de Fishbeds croatas ainda estava ativo, prejudicado pela escassez de suprimentos de peças de reposição.
O fim do MiG-21 na Europa
A necessidade de modernização da aviação de caça fez o Ministério da Defesa da Croácia lançar no início desta década uma licitação internacional em busca do novo vetor supersônico para a defesa aérea do País.
Em 28 de maio de 2021 foi anunciado o Dassault Rafale como vencedor do maior investimento em defesa na história da jovem nação. Com valor aproximado de €1 bilhão, o negócio envolve a compra de doze caças Dassault Rafale FR3 (dez Rafale A e dois Rafale B), além de sistemas de treinamento e suporte técnico.
Os Rafales representarão um grande salto em capacidades para a Força Aérea Croata, que avançará de um caça de segunda geração armado com mísseis ar-ar de curto alcance para um jato avançado de quarta geração equipado com radar de varredura eletrônica ativa (AESA), mísseis ar-ar BVR (além do alcance visual), sistemas de ataque de precisão e muitas outras novas capacidades potenciais.
Os primeiros Rafale chegaram na 91ª Base Aérea – também conhecida como Base Aérea de Pleso – em Zagreb no dia 25 de abril deste ano. Com a aposentadoria se aproximando, no mês de maio deste ano a Força Aérea da Croácia realizou um evento público em Pleso para celebrar a despedida dos seus MiG-21. O evento contou com a participação dos novos Rafale.
Quanto aos MiG-21 croatas, não está claro quando eles deixarão de voar completamente, pois ainda tem potencial para atividades de treinamento e voos de familiarização. O certo é que desde 1º de dezembro de 2024 o caça-interceptador supersônico soviético não está mais na linha de frente da defesa nacional, seguindo uma eliminação gradual semelhante a que ocorreu na Romênia, que descomissionou sua frota de MiG-21 LanceR em maio de 2023, após mais de 60 anos em serviço.
Os icônicos MiG-21 Fishbed serão sempre lembrados na Croácia por comporem a espinha dorsal da sua defesa aérea, especialmente nos primeiros anos da sua turbulenta formação como nação. Ao mesmo tempo, o País entrará para a história como a operadora final do MiG-21 na Europa. No mundo, os Fishbed ainda continuarão operando em algumas Forças Aéreas, incluindo Índia, Coreia do Norte, Síria, entre outras.
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