Crise na Ucrânia: movimentações da OTAN no flanco oriental europeu. Desde o início da invasão russa na Ucrânia, os membros da OTAN estão realocando meios para fortalecer, principalmente, a proteção do flanco leste europeu. Países vizinhos à Ucrânia como os Bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia), invocaram o Artigo 4º da OTAN, que orienta a Aliança a fornecer proteção aos seus membros que estiverem se sentido ameaçados.
Com isto, está sendo observado um aumento significativo nos voos militares na região, principalmente sobre a Polônia, Bulgária e Romênia, especialmente com aeronaves de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR) e caças de patrulha e defesa aérea, que recebem suporte de diversos aviões-tanque que se mantém sobrevoando a região. Parte desta movimentação pode ser acompanhada pelos sites de rastreamento de voos on-line, através da ativação dos seus transporders ADS-B.
No caso específico dos caças, por questões táticas-operacionais, poucos deles voam com seus equipamentos ativados. Ontem (24/02) duas esquadrilhas de Typhoon da RAF e F-16 da USAF realizaram missões de patrulha com os seus transponders acionados. Para ter uma noção da magnitude das operações, basta observar os voos dos aviões-tanque, que a qualquer momento, pelo menos seis deles estão nos céus da região, simultaneamente.
Entre os vetores de reabastecimento vistos na região, estão principalmente os KC-135 e KC-10 da USAF e os A330MRTT da RAF e da OTAN MMF (Multinational Multi-Role Tanker and Transport Fleet).
Na guerra aérea moderna essas aeronaves de suporte são essenciais para a multiplicação de força, oferecendo alcance e resistência quase que ilimitada em combate para os caças e aviões de ataque na linha de frente. A importância do seu papel é reconhecida entre os militares das unidades de reabastecimento por uma sigla, que resume o seu “lema” informal: “NKAWTG” (“Nobody Kicks Ass Without Tanker Gas” ou, em livre tradução “Ninguém chuta uma bunda sem combustível no tanque”).
Após o início da deterioração do cenário e a confirmação dos primeiros combates em território ucraniano ontem (24), a OTAN implementou o remanejamento de alguns dos seus caças pela região.
A USAF enviou seis F-35 da Base Aérea de Spangdahlem, na Alemanha, para os países do flanco oriental. As bases aéreas de Amari (Estônia), Siauliai (Lituânia) e Fetesti (Romênia), receberam dois caças de quinta geração dos EUA cada, que permanecerão por tempo indeterminado nesses locais realizando missões conjuntas de patrulha e defesa aérea.
“Estamos diante de um ambiente dinâmico, e a implantação de F-35 no flanco leste da OTAN aumenta nossa postura defensiva e amplia a interoperabilidade da Aliança”, disse o General Jeff Harrigian, da Comandante na USAF Europa-África em comunicado.
A Força Aérea Real da Holanda (RNAF) desdobrou dois F-35A e dois F-16AM para a Bulgária. Não houve divulgação oficial sobre o destino dos F-35 holandeses, apenas que eles seriam destacados “perto da fronteira da Polônia”, possivelmente a Base Aérea de Graf Ignatievo. Na rota eles foram reabastecidos por um A330 MRTT da RNAF ao norte de Gniezno, no território polonês. O Ministério da Defesa (MOD) holandês havia anunciado anteriormente o plano de implantar dois F-35 na Bulgária entre março e abril, mas a invasão russa da Ucrânia antecipou esses planos.
Os F-16 complementarão os F-35 como parte de um contingente de oito aeronaves que podem ser implantadas a qualquer momento para proteger o espaço aéreo da OTAN na Europa Oriental. Um vídeo postado pelo MOD mostra as aeronaves saindo de um HAS (Hardened Shelters) e decolando armados com uma carga de Live AIM-120C/D AMRAAM e AIM-9X Sidewinder Air-to-Air Missiles, Sniper ATP (Advanced Targeting Pod) e o pod AN/ALQ-131 ECM.
Na semana passada, a Luftwaffe (GAF) aumentou o seu destacamento na Base Aérea Mihail Kogalniceanu (Romênia), enviando de mais três Eurofighter Typhoon do Taktisches Luftwaffengeschwader 74, elevando o total para seis jatos. De acordo com o conceito “plug & fight”, os Eurofighters alemães continuarão a operar dentro da missão italiana eAPA-S (Enhanced Air Policing Area South), contribuindo para o serviço QRA (Quick Reaction Allert), realizado em conjunto com a aeronaves mistas, pessoal e pilotos pertencentes a ambas as forças aéreas.
Até a primeira quinzena de março, a Força Aérea Real Dinamarquesa deverá enviar dois F-16 para a Polônia, além dos que estão implantados em Siauliai, Lituânia, desde o mês passado para missões de Policiamento Aéreo do Báltico (BAP).
Uma quantidade de helicópteros de ataque também está sendo movimentada pela OTAN. Um batalhão de aviação de ataque do Exército dos EUA, composto por 20 helicópteros AH-64D, foi transferido ontem (24) da Alemanha para a Base Aérea de Lielvarde, na Letônia. De acordo com fotos divulgadas no DVIDS, os helicópteros pertencem à 12ª Brigada de Aviação de Combate estacionada no Aeródromo do Exército de Katterbach, na Alemanha.
A chegada dos Apaches foi anunciada na semana passada, como sendo uma preparação para o exercício internacional bianual Saber Strike. Por outro lado, o Ministro da Defesa lituano, descreveu sua chegada como parte dos reforços após a invasão russa da Ucrânia. “Esse pessoal adicional está sendo reposicionado para tranquilizar nossos aliados da OTAN, e deter qualquer potencial agressão contra os Estados membros da Aliança, além de treinar com as forças da nação anfitriã”, disse o DOD em um comunicado.
Outra força-tarefa de aviação de ataque, composta por 12 helicópteros AH-64E e um número não especificado de UH60 Blackhawks, está sendo transferida da Grécia para a Polônia. Os helicópteros pertencem à 1ª Brigada de Cavalaria Aérea, que está na Europa para a Atlantic Resolve na Base Aérea de Stefanovikeio, na Grécia, segundo as fotos divulgadas no DVIDS. O local para onde estão sendo movidos não foi divulgado.
Finalmente, de acordo os registros dos sites de rastreamento on-line, as aeronaves de comando e controle E-3 AWACS da OTAN estão operando na Europa Oriental a partir de sua base em Geilenkirchen, na Alemanha. Não está claro se algum desses Sentrys está implantado a partir de alguma base avançada em território europeu, embora alguns tenham sido lançados de Konya, na Turquia.
Fonte: The Aviationist
Siga-nos no Twitter @RFA_digital
@FFO