No mesmo dia (29/10) em que o Departamento de Estado Americano informou uma potencial venda de 50 aeronaves Lockheed Martin F-35A Lightning II via FMS – Foreign Military Sales para os Emirados Árabes Unidos, negócio avaliado em US$ 10,4 bilhões ao congresso, o mesmo já avisou que “não será tão simples assim”. Os democratas da Câmara e do Senado estão pressionando para que se aprove uma nova legislação, que promete desacelerar à proposta de venda de 50 F-35 para os Emirados Árabes Unidos, sinalizando um caminho potencialmente tortuoso à frente, independente, de quem for ocupar a Casa Branca em janeiro de 2021.
Na quinta-feira – 29/10, o deputado democrata Eliot Engel, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, confirmou que o governo Trump enviou o acordo proposto, depois que Israel chancelou o mesmo. O acordo representaria uma grande mudança na política dos EUA na região, onde Washington normalmente prioriza a segurança israelense, garantindo uma vantagem tecnológica a eles em temos de acesso a armamento militar.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu teria assinado secretamente o acordo concordando com a venda, pouco antes de assinar os acordos de paz entre Israel e os Emirados Árabes Unidos e Barein. Em troca, segundo fontes do governo Trump, os EUA estão se preparando para vender mais F-35 a Israel, conceder acesso a sistemas altamente classificados no F-35 que Israel não tem hoje, bem como conceder acesso a satélites SBIRS – Space-Based Infrared System, hoje considerados altamente classificados.
Engel quer introduzir uma legislação que colocaria ressalvas no acordo proposto para venda dos F-35 para a UAEAF e ao Qatar, junto com outras vendas futuras de armas para países do Oriente Médio, afora de Israel.
“A administração Trump deixou claro que colocará armamento letal nas mãos de praticamente qualquer pessoa, sem levar em conta a perda potencial de vidas, desde que o cheque seja compensado. Portanto, cabe ao Congresso considerar as ramificações de permitir que novos parceiros comprem o F-35 e outros sistemas avançados”, disse Engel em um comunicado. O projeto já tem 10 apoiadores democratas.
O projeto de lei de Engel segue o mesmo texto do Senado, divulgado em 20 de outubro, e que bloquearia a entrega da aeronave aos Emirados Árabes Unidos, a menos que o governo dos Estados Unidos atenda a certos critérios.
O Secure F-35 Exports Act de 2020 exigi que a Casa Branca apresentasse um relatório expondo os riscos de vender o F-35 a qualquer país fora da “bolha” de membros da OTAN e aliados próximos como o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália, a Nova Zelândia e Israel. O relatório também teria que certificar que qualquer candidato a compra do F-35 no Oriente Médio não prejudicariam a vantagem militar qualitativa de Israel, junto com o compromisso de defender os direitos humanos.
Além disto, países fora e dentro da “bolha” e, em especial para nações “não OTAN”, como Finlândia e Suíça (que estão flertando com F-35) também teriam que aderir às novas regras se alguma versão das leis do Congresso ou Senado for aprovada. Entre elas, comprovar e garantir que não adquiriu ou esteja em vias de adquirir nenhuma tecnologia estrangeira que pudesse ameaçar o F-35, como ocorreu no recente caso dos F-35 Turcos, barrado devido a compra do sistema antiaéreo russo S-400. Na prática é não fazer negócio com potenciais adversários dos EUA sob pena de sanções até militares.
O projeto de lei de Engel, chamado Lei de Proteção de Tecnologia Avançada do Oriente Médio (Middle East Advanced Technology Protection Act), também inclui qualquer venda de aeronaves de guerra eletrônica e drones para países do Oriente Médio, não OTAN e não aliados, e exigiria que eles consultassem os Estados Unidos “em relação à missão e propósito de uso das armas”.
@CAS