Congresso dos EUA restringe a venda dos F-16 à Turquia. A senda de “pedras no meio do caminho” na venda dos F-16 a Turquia segue. Um comitê do Congresso dos Estados Unidos acaba de aprovar uma medida restritiva, mas que não proíbe totalmente, a venda de caças F-16 ou kits de modernização para a Turquia. A emenda, que será incluída no enorme projeto de lei de gastos militares dos EUA para 2023, chamada Lei de Autorização de Defesa Nacional, foi aprovada por um comitê da Câmara na semana passada.
A medida foi promovida pelo congressista norte-americano Chris Pappas. O democrata greco-americano de New Hampshire é membro do Comitê de Regras da Câmara, que votou pela adição da restrição. A medida impediria o presidente dos EUA de vender ou transferir os caças ou kits para a Turquia, a menos que o presidente possa demonstrar ao Congresso que a Turquia “não violou a soberania da Grécia” nos últimos 120 dias. Também exige que o presidente estipule que o fornecimento de materiais para a Turquia é do interesse nacional dos Estados Unidos, um padrão alto, mas não impossível de superar.
A emenda também exige que o presidente dos EUA demonstre que medidas concretas foram tomadas “para garantir que esses F-16 não sejam usados pela Turquia para sobrevoos territoriais não autorizados repetidos da Grécia”. A medida é política e surge num momento particularmente tenso nas relações entre a Grécia e a Turquia. Nos últimos meses, os militares turcos realizaram sobrevoos não autorizados de seus aviões sobre as ilhas gregas, atraindo a condenação da Grécia e de outras nações. Em junho, um porta-voz do chanceler alemão Olaf Scholz disse que “a violação do espaço aéreo grego e os sobrevoos sobre as ilhas gregas não são corretos”.
A Turquia vem tendo impasses com os EUA desde a compra dos sistemas de defesa aérea russos S-400, que gerou seu alijamento do programa F-35. A compra e/ou modernização de seus F-16 é vista por muitos com uma compensação pela expulsão do JSF. No entanto, vem sendo questionada, apesar do forte interesse da Lockheed Martin no negócio. A pressão feita pelo presidente Racep Tayyip Erdogan em junho, contestando e exigindo garantias da Suécia e Finlândia a seus interesses para poderem entrar na OTAN foi mal vista. A solução, mediada pelos EUA, deu além de garantias aos interesses turcos, a promessa de Biden da venda dos F-16. Isto gerou polêmicas, e para muitos, foi um golpe contra a Grécia.
No estágio atual é possível que mesmo com a promessa do Presidente dos EUA Joe Biden, o negócio não saia, ao menos, como planejado. Como a Turquia irá reagir? O tempo nos dirá.
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