Comissão Europeia pode retirar a subvenção ao Eurodrone. Após anos de discussões e negociações entre os fabricantes — Airbus, Dassault Aviation e Leonardo e os clientes — Alemanha, Itália, França e Espanha sobre as especificações e custos, considerados demasiado elevados em seu tempo, o UAV tipo MALE Eurodrone finalmente conseguiu decolar em fevereiro passado.
O programa pôde ir adiante em grande parte porque a Europa quer ter uma solução soberana para não depender dos Estados Unidos. No entanto, uma vez que o contrato foi notificado, abriu-se a questão do motor do Eurodrone, que será ser equipado com dois motores turboélice, ainda não definidos. Havia duas candidatas: a francesa Safran, com o Ardiden TP3, e a Avio Aero, subsidiária italiana da americana General Electric, com o Catalyst. Em março, a Airbus anunciou haver escolhido o último.
“O Catalyst foi escolhido por sua maior competitividade. Temos uma solução mais madura, que está em voo de teste em uma aeronave comercial, estimamos, em comparação, um risco de desenvolvimento menor”, explicou Jean-Brice Dumont, chefe da Airbus Military Aircraft. E continuou: “Isso é muito importante em um programa de cooperação militar onde os prazos são apertados e em que temos um start-up complicado para gerenciar“.
No entanto, embora o Catalyst seja produzido na Europa, provavelmente incorporará componentes de origem americana. Isso levanta a questão de saber se ele pode ser afetado pelo ITAR [International Traffic in Arms Regulations], que os Estados Unidos usam para bloquear a venda de material militar se os considerar contrários aos seus interesses ou se ofuscar sua própria indústria.
Em uma pergunta escrita dirigida ao Ministério das Forças Armadas em 25 de março, que ainda não foi respondida, Jean-Louis Thiérot expressou suas dúvidas “quanto às garantias de que o governo dos EUA não inclua os componentes”. Ele se perguntou se não era “um mau sinal para a defesa europeia escolher um motor americano para um projeto financiado com fundos europeus”.
De facto, para além dos investimentos realizados pelos quatro clientes — mais de €7 bilhões, o programa se beneficia de um subsídio europeu de €100 milhões, no âmbito do “Programa Europeu para o Desenvolvimento da Indústria de Defesa” (EDIDP). Daí a questão colocada à OCCAr pelo eurodeputado Christophe Grudler, para quem é inconcebível que o Eurodrone não possa ser equipado com motores turboélice “certificados na Europa”.
O Comissário Europeu para o Mercado Interno, Política Industrial, Defesa e Espaço, Thierry Breton, respondeu em 25 de maio que “os Estados-Membros envolvidos no projeto, correspondente a um orçamento global de €7 bilhões, decidiram deixar a Airbus escolher o fabricante do motor independentemente, de acordo com o concurso público associado à subvenção da UE. A atribuição de uma bolsa da UE está sujeita a certas condições, a começar pelo facto de o projeto ter de ser um catalisador para o reforço da soberania europeia. Por isso, os fornecedores de sistemas críticos como o motor devem ser europeus ou sediados na UE e oferecer todas as garantias de segurança exigidas pela legislação europeia aplicável”.
Portanto, cabe à OCCAr, “na sua gestão do subsídio”, verificar se esta condição está cumprida. Estando estabelecida na UE, mas controlada pela General Electric, a Avio Aero é obrigada, no âmbito da aplicação da legislação da UE, a fornecer todas as provas que garantam a manutenção da soberania europeia.
Se isto não for atendido, a OCCAr poderá cortar o subsídio, que na prática não é muito, €100 milhões se comparado aos €7 bilhões, o que não inviabilizaria de cara o projeto. Porém, politicamente isto sera ruim, pois perderia a chancela e tiraria uma das bases do Eurodrone que é ter um produto made 100% in Europe.
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