Comissão de estudos orienta planejamento para reposicionar armas nucleares na Coreia do Sul. Uma comissão independente composta por Oficiais da Reserva, ex-diplomatas e acadêmicos, está recomendando que os Estados Unidos e a Coreia do Sul iniciem discussões sobre a redistribuição de armas nucleares táticas na região. Na visão dos pesquisadores, isso será necessário caso as tensões na região cheguem a um ponto que tal movimento seja justificado.
Composta por 14 membros, a Comissão para estudos da situação na Península Coreana do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS – Center for Strategic and International Studies), concluiu que a redistribuição de armas nucleares não é atualmente necessária, entretanto salienta em seu relatório de 19 de janeiro, que trata-se de “um cenário perigoso para a aliança EUA-Coreia do Sul”. Os EUA retiraram suas armas nucleares da Península Coreana em 1991.
Entre os membros da Comissão estão o General Reformado do Exército Vincent K. Brooks (ex-Comandante das Forças dos EUA na Coreia); Randall G. Schriver (ex-Secretário Assistente de Defesa para assuntos de segurança do Indo-Pacífico); Richard L. Armitage (ex-Vice-Secretário de Estado) e Katrin F. Katz (ex-Diretora para Coreia, Japão e Assuntos Oceânicos do Conselho de Segurança Nacional).
A crescente onda testes de mísseis nucleares realizados pela Coreia do Norte, aumentou as tensões na península. Aeronaves militares dos EUA tem aumentado sua presença na região, em missões conjuntas com a Coreia do Sul em demonstração de força. Na semana passada o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, anunciou que poderá pedir que Washington reposicionem armas nucleares na península, ou que irão desenvolver suas próprias armas nucleares.
Os comentários de Yoon provocaram uma onda de debates no país, com uma pesquisa pública sugerindo apoio favorável à criação de um programa nuclear nacional, com o objetivo de contrapor as ameaças de Pyongyang.
O Gen Brooks se mostrou cauteloso sobre a proliferação de armas nucleares, mas salientou que “nas atuais circunstâncias, especialmente devido ao propósito de dissuasão estendida, uma porta foi deixada aberta”, disse o Oficial Reformado.
“Os aliados devem considerar exercícios teóricos de planejamento, visando a possível redistribuição de armas nucleares na Coreia do Sul. Esse planejamento deve ser explicitamente pré-decisório. Eventuais prazos e tipos de armas devem ser deixados deliberadamente indeterminados. A tomada de decisão seria calibrada para mudanças no ambiente de segurança e no nível da ameaça norte-coreana”, afirmou o estudo.
“O planejamento deve considerar diversos fatores, tais como instalações de armazenamento das armas, treinamento conjunto de segurança e proteção nuclear, certificação das unidades F-16 (ou futuros F-35) da USAF baseadas na Coréia , bem como exercícios combinados de missões nucleares”, acrescenta o relatório.
A comissão também recomendou que os EUA considerassem mudar sua postura estratégica e nuclear na região, mantendo uma presença contínua de submarinos equipados com mísseis nucleares de cruzeiro, aviões bombardeiros estratégicos, ou investir em infraestrutura no país para oferecer suporte às operações de aeronaves dos EUA.
“Acho que é um tanto irresponsável não pensar sobre essas coisas, ou comentar sobre esse assunto de forma totalmente abstrata. Portanto, não acho que devemos ter medo de falar sobre a coisa em si, e acho que temos que falar mais”, disse Katrin F. Katz, chamando a atenção para a necessidade de pensar nas etapas logísticas envolvidas para “garantir a preparação para todas as contingências possíveis”.
Atualmente a USAF mantém esquadrões com jatos de ataque A-10 e caças F-16 posicionados nas Bases Aéreas de Osan e Kunsan, na Coreia do Sul. Ainda não foi anunciado o planejamento para substituição dos F-16 por novos F-35, o que naturalmente ocorrerá.
Regularmente a USAF envia Forças-Tarefa de Bombardeiros para a região Indo-Pacífico, normalmente baseando algumas unidades em Guam, e realizando missões para a Austrália e o Japão. Recentemente, no entanto, bombardeiros com capacidade nuclear B-52 e um B-1B Lancer voaram com caças sul-coreanos perto da península, em resposta aos testes de mísseis norte-coreanos.
A comissão também recomendou manter os atuais exercícios militares, expandir a cooperação no espaço “para aprimorar as capacidades de reconhecimento e vigilância”, como fez recentemente com o Japão. Além disso, os membro da CSIS indicaram que Coreia do Sul deve ter acesso direto ao Space-Based Infrared System, que tem por objetivo emitir alertas sobre mísseis.
@FFO