Comandante da FAB voa no Leonardo M-346 da AMI. Aproveitando uma visita oficial na Itália, para participar da solenidade dos 77 anos da campanha da Força Expedicionária Brasileira (FEB), o Comandante da Força Aérea Brasileira, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, visitou ontem (28/04), as instalações da Aeronáutica Militare Italiana (AMI), na Base Aérea de Lecce, no sul do país. O local é a sede do 61º Stormo e da International Flight Training School (IFTS), unidade conjunta da AMI e Leonardo, responsável por fornecer treinamento avançado para pilotos de caça italianos e estrangeiros.
Na ocasião o Ten Brig Baptista Jr foi convidado a voar em um jato M-346 (T-346A na AMI), considerado um dos mais modernos vetores de treinamento LIFT (Lead-In Fighter Training) do mundo. Em uma postagem, em suas redes sociais, o Comandante da FAB comentou que voou com a Coronel Frederica, piloto de caça da AMI, e sua visita ao sistema de treinamento para pilotos de caça da AMI em Lecce, e no final concluiu: “Oportunidade de aperfeiçoamento dos pilotos brasileiros e de estreitarmos, ainda mais, as relações com a Itália”. Esta frase deixou “uma pulga atrás da orelha”, abrindo espaço para teses sobre uma eventual negociação da FAB para suprir uma lacuna há muitos anos discutida: ter um LIFT para fazer a transição entre os A-29A/B Super Tucano e a aviação de caça de 1ª linha, hoje caçada nas asas dos F-5M e A-1M e em breve para os F–39. A “pulga” também pode ser direcionada não para uma compra, mas sim para o treinamento de pilotos brasileiros na IFTS.
Desde a aposentadoria do AT-26 Xavante, em dezembro de 2010, a FAB carece de uma aeronave a reação que faça transição para a 1ª linha. Atualmente os caçadores brasileiros saem do A-29 direto para os A-1M do 1º e 3º/10º GAV e os F-5M do 1º GAVCA e do 1º/14º GAV. Se isto for mantido, em breve será do A-29 para o F-39. Muito debates tem sido feitos se é ou não necessário ter um LIFT. Ou se este poderia ser suprimido pelo treinamento sintético. Dúvidas a parte, hoje parece que a FAB entende ser mais importante confirmar a compra do 2º lote de F-39E, garantindo a reequipagem de todas as unidades de caça, do que talvez a aquisição de um LIFT. Ao menos vimos isto nas declarações da RAC.
Talvez, a ida do Comandante ao 61º Stormo e sua experiência a bordo do T-346A, possa ter outro sentido mesmo. Não o de aquisição, mas de enviar pilotos da FAB para a IFTS, que hoje oferece todas as etapas de treinamento para fazer a transição dos pilotos de caça par aeronaves de supersônicas. Ela foi criada para suprir a demanda interna da AMI, bem como oferecer treinamento para estrangeiros, como já fizeram os EUA, Espanha, França, Áustria, Holanda, Polônia, Cingapura, Argentina, Grécia, Kuwait e, mais recentemente, o Japão. A demanda pela contratação de serviços de treinamento de pilotos militares vem aumentando muito, uma vez que aos governos aliviam os seus orçamentos deixando de adquirir bens, plataformas e sistemas de treinamento, para contratar serviços.
Por outro lado, a Leonardo vem flertando com o governo brasileiro há alguns anos, com o objetivo de introduzir os M-346 na FAB. De acordo com o portal Infodefensa, com o acordo de cooperação militar entre o Brasil e a Itália renovado recentemente, a oferta da Leonardo envolveria a Base Industrial de Defesa e Segurança brasileira, que forneceria componentes para as aeronaves. Um desses itens seria o Wide Area Display (WAD), desenvolvido no Brasil pela AEL Sistemas, que equipa o Saab Gripen E brasileiros e suecos. O M-346 apresenta outras comunalidades com os Saab Gripen, como o Head-Up Display (HUD), os rádios fornecidos (Elbit Systems que podem ser integrados ao Link-BR2 da AEL Sistemas), além dos capacetes Elbit Targo II.
Agora fica a dúvida: estaria o Brasil disposto a investir apenas no treinamento dos caçadores, ou estaria voltando para a operação de um vetor de treinamento LIFT e ataque leve? O tempo dirá!
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