Colômbia adia a compra dos Dassault Rafale. Após anunciar surpreendentemente o Dassault Rafale, no último dia 21 de dezembro, como sucessor dos IAI Kfir da Fuerza Aérea Colombiana (FAC), o Ministro da Defesa do País declarou que o acordo não foi fechado a tempo e a compra foi adiada.
O mercado foi pego de surpresa com o anúncio unilateral do Ministro da Defesa da Colômbia — Iván Velásquez no dia 21/12, que o Rafale havia sido o escolhido como substituto dos Kfir do Escuadrón de Combate 111, sobrepujando o F-16 e, principalmente, o Saab Gripen. De lá para cá houve muitas discussões na mídia local e especializada mundo afora, que foram desde o preço (o Rafale seria o mais caro de todos); passando pelo “o porquê da escolha” e chegando no fator “pressa em fechar o acordo” de compra de 16 aeronaves, sendo 12 monoplaces e quatro biplaces. Relatos da mídia davam conta que o contrato seria assinado antes de 31 de dezembro de 2022. O que seria um recorde, sem dúvida, para este tipo de negócio.
O que não houve de fato foi uma manifestação oficial francesa, seja da Dassault, do Armée de l’Air et de l’Espace (AAE) ou do próprio governo francês sobre a venda ou se quer um acordo inicial ou MoU. Sinal que não estava sacramentado o negócio.
De fato, soou estranho que um contrato bilionário fosse fechado em poucos dias, quando o normal é levar meses para ser completamente amarrado e fechado. Ainda mais se pensarmos que a Colômbia vinha passando por um impasse na escolha e de como iria financiar as novas aeronaves.
Hoje a mídia colombiana repercutiu a declaração de Iván Velásquez a W Radio, de que não foi possível fechar um contrato de compra antes do final de 2022, pois o Consejo Nacional de Política Económica y Social 4078 (CONPES 4078) de US$ 678 milhões, requerido pelo Presidente Iván Duque, expirou em 31 de dezembro de 2022. Conforme o Ministro da Defesa, o Conselho de Ministros deve discutir um novo CONPES este ano.
Ele afirmou que não chegou a um acordo definitivo com nenhuma das empresas que ofereceram à Colômbia seus caças para substituir os Kfir. O que é uma contradição a sua declaração de 21/12, quando ratificou e justificou a escolha do Rafale. Vale ressaltar que a escolha gerou desconforto e questionamentos por parte dos demais concorrentes, em especial, da Saab, que manifestou isto publicamente.
“Nas pré-negociações não se chegou a um acordo definitivo, o que implicou que o CONPES 4078 expirasse, sem fechar nenhuma negociação, o que deu origem a uma discussão no Conselho de Ministros, para definir se se deve continuar a aprovação de um novo CONPES com esse fim”, disse o ministro.
Dois problemas são apontados com a CONPES 4078. A primeira é que 10 dias não eram suficientes para fechar um contrato deste porte. Segundo, o valor alocado permitia apenas a compra de uma parte das aeronaves, sem a garantia que o orçamento futuro cobriria o resto das aeronaves e o apoio logístico. Uma alternativa oferecida pela Dassault foi a entrega imediata de 4 Rafales, para que a FAC pudesse iniciar a transição para o novo modelo, enquanto o contrato das demais 12 unidades era fechado e os recursos alocados. Fontes da mídia da Colômbia afirmam que o montante final seria de US$ 3,1 bilhões.
“Foi proposto que o CONPES se limitasse ao número de aeronaves que poderiam ser adquiridas pelos US$ 678 milhões, e não a frota de 16 definida no projeto do Ministério da Defesa, algo que não seria produtivo”.
A meta é que o novo CONPES cubra todo o lote de 16 aeronaves, para poder fechar um contrato único. O ministro também falou da preocupação com as 4 primeiras aeronaves, que poderiam ter configurações diferentes das 12 seguintes, o que não foi considerado bom pela FAC, que prefere um lote único. Isto tudo selou que o negócio não poderia ser fechado ainda em 2022, e que, o ideal seria somente em 2023.
Para alguns analistas, o adiamento ou a precipitação no fechamento do negócio ainda pode abrir brechas para a Saab com seu Gripen E e a Lockheed Martin com o F-16, este usado (F-16C/D) ou novo (F-16V), reverterem o negócio. Porém, cabe destacar que a Força Aérea Colombiana já emitiu seu laudo técnico a favor do Dassault Rafale, considerado pelos colombianos superior aos demais, inclusive ao Eurofighter.
O que poderá reverter isto é o preço unitário e o custo operacional, que poderá ser o fator decisivo, uma vez que a mídia e a oposição política colombiana tem batido forte neste quesito nos últimos dias. Não é improvável que este assunto se arraste ao longo deste ano, podendo ou não ter uma decisão.
@CAS