

China envia Z-10 para interceptar MH-60R americano no Estreito de Taiwan. Conforme relatado pelo Global Times em 1º de agosto de 2025, a emissora estatal chinesa CCTV exibiu imagens de um encontro aéreo entre um helicóptero de ataque Changhe Z-10, pertencente ao Exército de Libertação Popular (PLA) e um MH-60R Seahawk da US Navy.
As imagens (veja aqui) foram divulgadas no 98º aniversário da fundação do PLA e mostraram o Z-10 interceptando o Seahawk em espaço aéreo sobre o Estreito de Taiwan.
Conforme o piloto do PLA, Kong Xianghui, a aeronave estrangeira chegou a aproximadamente três milhas do que a China considera suas águas territoriais. O Z-10 emitiu vários alertas de rádio antes de se envolver em um encontro aéreo que teria durado mais de uma hora.
Em determinado momento, o Seahawk teria entrado em uma área de cobertura de nuvens e então emergido se aproximando pela esquerda, aproximando-se a uma distância estimada de 500 metros antes de reverter o curso. Não houve colisão, e a aeronave estrangeira deixou finalmente a área. O Departamento de Defesa dos EUA e a Sétima Frota da US Navy, baseada no Japão, não forneceram nenhuma resposta pública sobre o fato.

As tensões aumentaram ainda mais em julho de 2025, após uma série de encontros entre aeronaves militares chinesas e japonesas sobre o Mar da China Oriental. O Japão relatou que caças-bombardeiros chineses JH-7 se aproximaram de seus aviões de vigilância eletrônica YS-11EB em vários dias consecutivos. A China, por sua vez, acusou aeronaves japonesas de entrar em sua zona de identificação de defesa aérea e se envolver em ações provocativas. Esses incidentes ocorreram após extensos exercícios do PLA realizados em abril de 2025 sob o codinome “Strait Thunder–2025A”, durante os quais o PLAAF mobilizou mais de 70 aeronaves e 19 navios de guerra da PLAN em operações ao redor de Taiwan.
Conforme o Ministério da Defesa Nacional de Taiwan, 37 dessas aeronaves cruzaram a linha mediana do Estreito de Taiwan. A China não reconhece a legitimidade dessa fronteira. Foi confirmado que ambos os porta-aviões chineses, o Liaoning e o Shandong, participaram de manobras que se estenderam até a Segunda Cadeia de Ilhas. Os exercícios foram interpretados como demonstrações de postura de força regional e ocorreram no contexto mais amplo de aumento da atividade naval e aérea do PLAN em áreas próximas a Taiwan e ao Japão.
O quadro jurídico em torno desses incidentes é contestado. Conforme a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (United Nations Convention on the Law of the Sea — UNCLOS), os Estados têm soberania até 12 milhas náuticas de suas costas e direitos econômicos exclusivos até 200 milhas náuticas. A convenção permite a passagem inocente pelos mares territoriais, inclusive por embarcações militares, desde que se abstenham de lançar aeronaves, realizar vigilância ou se envolver em outras atividades não pacíficas.
Os Estados Unidos consideram o Estreito de Taiwan como águas internacionais e frequentemente realizam operações de liberdade de navegação e sobrevoo na área. A China afirma jurisdição sobre o Estreito e se opõe a tais operações, embora não tenha declarado formalmente o Estreito como águas internas.

Essas interpretações divergentes resultaram em uma série de confrontos, com a China considerando a atividade de navios ou aeronaves da US Navy no Estreito como invasão e os Estados Unidos afirmando que passagem é legal, sob a luz do direito internacional.
Entre 2020 e 2024, navios e aeronaves da Marinha dos EUA realizaram trânsitos regulares pelo Estreito, incluindo nove em 2024 e onze em 2023. Em abril de 2025, o contratorpedeiro USS William P. Lawrence, da classe Arleigh Burke, capaz de operar dois helicópteros MH-60R, foi o último navio de guerra dos EUA conhecido publicamente a transitar pelo Estreito antes do encontro com os dois helicópteros em agosto.
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