China aumenta orçamento de defesa e adota posição mais dura com Taiwan. A China anunciou na terça-feira (05/03) um aumento de 7,2% no seu orçamento de defesa, o qual mais do que dobrou nos 11 anos de mandato do presidente Xi Jinping, à medida que endurece a sua posição em relação a Taiwan. Desde 2013, quando Xi se tornou presidente, o orçamento de defesa passou de US$ 100 bilhões para US$ 230 bilhões neste ano.
O aumento reflete a taxa apresentada no orçamento do ano passado e está bem acima da previsão de crescimento econômico para este ano, cuja meta é de cerca de 5%, semelhante à meta do ano passado, segundo o relatório do governo. A diretora do Projeto de Energia da China no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, Bonny Lin, disse à VOA que esse aumento no orçamento militar demonstra estabilidade nos gastos de defesa de Pequim.
“O orçamento de defesa proposto pela República Popular da China é superior a US$ 7 bilhões em comparação com o ano passado. Esse índice mostra apenas uma parte do gasto total em defesa e segurança nacional, e o número de 7,2% demonstra o desejo da China de continuar o investimento significativo e a modernização no Exército de Libertação Popular”, disse Lin.
O orçamento de defesa anunciado oficialmente pela China deve levar em conta diferentes pressões, afirmou a pesquisadora.
“Por um lado, seria difícil para a China anunciar publicamente um aumento dos gastos com a defesa, por causa des problemas econômicos internos. Pequim também está receosa de que um aumento significativo dos gastos com a defesa possa desencadear o alarme e a preocupação internacional sobre o uso de força militar no exterior”, disse ela.
“Por outro lado, uma taxa mais baixa de crescimento dos gastos com defesa poderia sinalizar menos determinação e capacidade da China para promover e proteger os seus interesses. Uma taxa mais baixa também não corresponderia à elevada percepção de ameaça externa da China”, afirmou Lin.
O professor assistente de ciência política na Universidade Nacional de Singapura, Chong Ja Ian, disse à VOA que o aumento pode ser simbólico: “O Presidente Xi deseja expressar ao mundo exterior a sua ênfase na segurança do país. Especialmente nesta situação, onde o crescimento econômico está desacelerando, ele segue investindo em defesa. Então, isto pode ser um aviso para outros países não desafiarem a China em termos de segurança.”
A Diretora do Programa Indo-Pacífico do Fundo Marshall Alemão, Bonnie Glaser, disse à VOA que: “A decisão de aumentar os gastos com defesa em 7,2%, num momento em que a economia da China enfrenta fortes ventos contrários, ressalta o compromisso de Xi Jinping em atingir os três parâmetros de referência que ele estabeleceu para o PLA 2027, 2035 e 2049.”
Em 2021, Xi definiu as metas de modernização militar para 2027:
1) acelerar o desenvolvimento integrado da mecanização, informatização e inteligência;
2) acelerar a modernização da doutrina militar, organização, formação de pessoal militar, armamentos e equipamentos;
3) qualidade e priorização da eficiência;
4) promover a melhoria simultânea da força da defesa nacional e da força econômica.
A China pretende garantir que a modernização do seu Exército esteja “basicamente completa” em 2035, tem como meta uma força de “classe mundial” até 2049.
Simultaneamente, Pequim também adotou uma linguagem mais dura contra Taiwan, abandonando a menção à “reunificação pacífica” num relatório governamental apresentado pelo primeiro-ministro Li Qiang na abertura da Assembleia Popular Nacional na terça-feira. O relatório enfatizou que a China quer “ser firme” na unificação dos dois lados do Estreito de Taiwan.
“É um sinal de que a China está decidida a reunificar-se com Taiwan através de todos os meios possíveis. Apesar de ter abandonado o termo ‘pacífico’ antes da palavra reunificação, o relatório ainda afirmava que a China ‘promoverá o desenvolvimento pacífico das relações através do Estreito’”, disse Lin.
Após tomar conhecimento do relatório, o Conselho de Assuntos do Continente de Taiwan disse que a China deve aceitar o fato de que os dois lados não estão subordinados um ao outro, e instou Pequim a criar intercâmbios saudáveis através do Estreito. O ministro da defesa de Taiwan disse ontem que as forças armadas aumentarão os exercícios de mísseis neste ano.
Fonte: VOA
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