CEO da Boeing diz que os novos VC-25B “Air Force One” não foram um bom negócio para a empresa. O CEO da Boeing, David Calhoun, afirmou em uma teleconferência na semana passada, que o contrato para o fornecimento de dois novos “Air Force One” para a USAF, assinado durante o governo do então presidente norte-americano Donald Trump, não foi um bom negócio para a empresa.
“Esse contrato representou um momento único, uma negociação muito única, um conjunto singular de riscos que a Boeing provavelmente não deveria ter assumido. Mas estamos onde estamos, e vamos entregar ótimos aviões”, disse Calhoun no dia 27 de abril, durante uma teleconferência para apresentar os resultados trimestrais da empresa.
Em dezembro de 2016, o então presidente eleito Donald Trump criticou publicamente os altos custos do programa para os novos Air Force One, que foi originalmente avaliado pela Boeing em US$ 5,3 bilhões. Trump ameaçou cancelar as negociações caso os valores não fossem revistos. Finalmente, em julho de 2018, a Boeing e a USAF firmaram o contrato, agora recalculado em US$ 3,9 bilhões para dois novos aviões presidenciais.
Estima-se que os prejuízos absorvidos pelo fabricante no projeto Air Force one esteja na casa dos US$ 600 milhões. Durante a teleconferência, Calhoun prometeu aos investidores “uma filosofia muito diferente” para fixar antecipadamente os preços dos projetos militares.
A Boeing tem enfrentado percalços no desenvolvimento do projeto VC-25B, desde problemas de engenharia, até o aumento nos custos de fornecedores, o que está impactando diretamente no cronograma previsto. Originalmente a entrega dos dois VC-25B foi prevista para 2024, entretanto isto poderá ser atrasado em mais dois anos.
No início deste mês, a USAF atribuiu o atraso a uma “combinação de fatores, incluindo impactos da pandemia de Covid-19, transição de fornecedores, limitações de mão de obra, cronogramas de design de fiação e taxas de execução de testes”. A Boeing se recusou a comentar sobre o atraso à época.
A pandemia complicou muito o trabalho nos dois aviões presidenciais, porque apenas um número limitado de trabalhadores tem as credenciais de segurança de alto nível necessárias para acessar a área do projeto. “Para o VC-25B, onde as autorizações são as mais altas, é realmente difícil”, disse o Executivo.
Os dois novos VC-25B “Air Force One” estão sendo convertidos a partir da célula de dois Boeing 747-85M originalmente fabricados para a companhia aérea russa Transaero Airlines. As aeronaves, matriculas civis N894BA (c/n 42416) e N895BA (c/n 42417) não foram entregues para a empresa, e acabaram sendo negociadas para o governos dos Estados Unidos. Eles irão substituir os dois atuais VC-25A da USAF, matrículas 82-8000 (c/n 23824) e 92-9000 (c/n 23825), baseados na plataforma do Boeing 747-200B adquiridos no final dos anos 1980.
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