Causa do acidente com um F-22 Raptor na Flórida. Em 15 de maio de 2020, o caça F-22 Raptor (matrícula AF 01-4022) do 43rd Fighter Squadron “Hornets” (43rd FS) da USAF, caiu próximo à Base Aérea de Eglin, na Flórida. O piloto conseguiu ejetar com sucesso, mas as condições deste acidente nunca foram completamente esclarecidas.
Avaliado em mais de US$ 200 milhões, o caça entrou em uma oscilação descontrolada após a decolagem, não respondendo aos comandos do piloto, que não teve outra opção, senão ejetar. O jato caiu a cerca de 12 milhas (21 km) a nordeste de Eglin AFB, ficando completamente destruído.
No início deste ano, a USAF informou que não convocou uma comissão de investigação de acidentes de longo prazo, por questões de segurança operacional. Em vez disso, o comandante e um conselho de segurança realizaram a investigação.
Através da Lei de Liberdade de Informação dos EUA, o Air Force Times obteve documentos da investigação do acidente, que oferecem uma luz sobre os fatos ocorridos naquela manhã de primavera.
O nome do piloto do Raptor não foi identificado, mas sabe-se que ele era um Capitão e Oficial de Operações do 43rd FS. No voo que resultou no acidente, ele utilizava o código-rádio “Hornet 1”. O objetivo da missão era um combate aéreo simulado entre seis F-35, quatro F-16C e outros três F-22.
O 43rd Fighter Squadron é a única unidade da USAF que oferece treinamento inicial e de requalificação para os pilotos de F-22 da Guarda Aérea Nacional e da Reserva da Força Aérea.
Por volta das 08h30 (horário local), o “Hornet 1” iniciou a corrida para decolagem, quando um aviso acendeu no painel. Ao atingir cerca de 50 pés, o jato começou a inclinar para a esquerda. Ao reduzir a potência, o jato estabilizou. “Achei que talvez tivesse ocorrido um estouro da pós-combustão no motor esquerdo”, disse o piloto aos investigadores.
O “Hornet 2″, outro Capitão voando na ala do, disse aos investigadores que ambos motores do “Hornet 1” aparentavam estar normais.
Na sequência, o Raptor entrou em uma atitude de voo agressiva e desestabilizada, subindo a cerca de 45 graus, girando para a esquerda e iniciando uma rápida descida. “O F-22 estava quase em voo invertido. Achei que estava fora de controle naquele ponto e fiquei preocupado com a possibilidade de ejetar ali mesmo”, disse o Capitão do “Hornet 2”.
Novamente o piloto do “Hornet 1” conseguiu sair do voo anormal, estabilizando a aeronave. Apesar do susto, tudo parecia ter normalizado e o voo prosseguiu. Mas a situação se deteriorou rapidamente. Novos alarmes surgiram, inclusive um informando que a aeronave estava com carga G excessivamente elevada. Imediatamente o piloto do “Hornet 1” iniciou o retorno para Eglin AFB, descendo para níveis mais baixos para queimar combustível e diminuir o peso.
“Quando passei 10.000 pés, o jato começou a ter tendências incontroláveis novamente, e tive a sensação de estar em um barrel-roll [manobra acrobática]. Tive que manter a pressão para a direita, para que o avião se mantivesse em voo nivelado. Nesse ponto eu não conseguia mais fazer uma curva para a esquerda”, disse o “Hornet 1”.
Durante a “briga” para manter o F-22 voando, o piloto observou que os dados de altitude e velocidade do seu jato eram maiores do que as relatadas pelo seu ala, que o acompanhava de perto. Temendo que o avião chegasse a um ponto incontrolável, o “Hornet 1” optou pela ejeção.
Imediatamente após a ejeção, os F-35 voaram para o local da queda para retransmitir as coordenadas para o serviço de busca e resgate. O piloto do “Hornet 1” pousou em um matagal, a cerca de 100 metros de uma estrada, onde consegui pegar uma carona para Eglin AFB. Ele não sofreu nenhum ferimento mais sério, conforme o relato de um Tenente-Coronel que trabalhava como o Supervisor de Operações no dia do acidente.
Enquanto os bombeiros e ambulâncias não chegaram no local, e sem saber que o piloto havia conseguido uma carona, algumas aeronaves tentavam localizá-lo. Além dos F-22, os F-35, um helicóptero civil e aeronaves U-28 das operações especiais de Hurlburt, sobrevoaram o local.
“Havia várias agências [de controle de tráfego aéreo] que eu acredito que estavam tentando ajudar usando seu melhor, mas o espaço aéreo sobre o local do acidente realmente ficou saturado e se tornou … bastante perigoso”, disse o Supervisor de Operações do 43rd FS.
De acordo com o Oficial, um F-22 quase colidiu com um F-35 sobre o local do acidente, demonstrando a total falta de organização. Este fato serviu de aprendizado para a coordenação futura de resposta a emergências na área.
O acidente custou mais de US$ 202 milhões, incluindo a aeronave de US$ 200 milhões, dois mísseis de treinamento CATM-9 avaliados em US$ 32 mil cada, e US$ 850 mil para limpeza ambiental.
O F-22 é uma aeronave “fly-by-wire”, na qual os comandos do piloto são convertidas em sinais elétricos para mover as superfícies móveis de controle de voo do jato. A USAF concluiu em agosto que o jato caiu por causa de uma lavagem da aeronave, que afetou componentes que transmitem esses sinais eletrônicos para as superfícies de voo do Raptor.
Os documentos de investigação não incluem entrevistas com mantenedores ou outras evidências claras da causa. Um porta-voz do Comando de Combate Aéreo não respondeu se outros F-22 poderiam ser afetados pelo mesmo problema, ou se as investigações levaram a novas inspeções ou reparos.
Fonte: AFT
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