Catar ofereceu seus Mirage 2000-5 para a Argentina. Recentemente se espalharam boatos de que a Argentina estaria negociando um lote de doze caças Mirage 2000-5 da Força Aérea do Emirado do Catar (QEAF). Seriam nove jatos monoplaces (2000-5EDA) e três biplaces (2000-5DDA) produzidos em 1994 e que o Catar substituiu por novos Dassault Rafale.
No entanto, de acordo com uma reportagem da Pucará Magazine, não houve nenhuma oferta oficial. O que aconteceu foi um anúncio público para diversos potenciais interessados, entre eles a Força Aérea Argentina, que as aeronaves do Catar estão disponíveis para venda. Isso ocorreu após uma tentativa frustada de negociação com a Indonésia no ano passado.
Importante observar que não ocorreu uma oferta formal e direcionada à Argentina, mas um comunicado genérico ao mercado mundial de possíveis interessados. As negociações só começam após a demonstração formal de interesse, o que não aconteceu.
Esses anúncios são extremamente comuns no mercado mundial de armamentos, seja eles novos ou usados. Constantemente operadores renovam o seu parque bélico, como no caso dos caças do Catar, e oferecem os equipamentos usados ao mercado mundial.
Mas, por que os Mirage 2000-5 não são atraentes para a Argentina?
Embora possa se argumentar que é melhor a Força Aérea Argentina ter o Mirage 2000 do que não ter nenhum caça supersônico, é importante que esse sistema de armas realmente atenda às suas necessidades. Comprar algo apenas para “tapar um buraco” emergencial, não é a garantia que sua função será cumprida.
Se o Comando da Força Aérea Argentina realmente estivesse interessada nesses aviões, enviaria um pedido oficial e mandaria uma comissão ao Qatar para avaliá-los e compará-los com as outras ofertas recebidas (JF-17, F-16 e HAL Tejas). Isso implicaria no congelamento do atual processo de seleção, o que levaria vários meses.
Por outro lado, o Mirage 2000 é uma aeronave que não é mais fabricada, e grande parte dos seus operadores está iniciando (ou já iniciou) o processo de sua substituição. Então comprá-lo agora significa que, ali na frente, pode haver problemas para mantê-lo.
Além disso, o Catar está oferecendo apenas os aviões, sem nenhum tipo de armamento ou sistemas de combate, de modo que o comprador – no caso a Argentina – deve necessariamente negociar com a França a aquisição desses dispositivos.
Soma-se a isso o fato de que os aviões não estão equipados com modernos sensores e sistemas, armamentos guiados integradas, o que poderia ser uma verdadeira dor de cabeça e com um custo muito elevado para uma frota tão pequena (doze aeronaves).
Essas aeronaves seriam ideais para quem já opera Mirage 2000 e pretende ampliar sua frota, como o caso do Peru, que há muito tem interesse em mais aeronaves do modelo para substituir seus MiG.-29. Para quem já os opera, não seria um grande problema integrá-los à sua frota, podendo recuperar a operação com baixo custo.
Por outro lado, a Dinamarca ofereceu os seus F-16 Fighting Falcon, que foram modernizados para um padrão semelhante ao Block 50, uma aeronave que ainda está em produção e com um grande número de operadores, portanto, grande oferta de peças de reposição. Além disso, seria possível integrar equipamentos mais modernos, desde que negocie com os Estados Unidos.
Enquanto isso, a Força Aérea Argentina pretende que o governo aprove a assinatura de um contrato, seja para JF-17 ou F-16, antes da metade do ano, o que parece ser algo quase impossível nas condições atuais.
@FFO