Cabul nas mãos do Talibã. Apesar dos mais otimistas preverem que o Talibã cercaria a capital Cabul em até 30 dias, a realidade é que grupo terrorista chegou aos arredores da cidade neste fim de semana, reivindicando a rendição pacífica do governo, neste domingo 15 de agosto. Presidente do Afeganistão – Ashraf Ghani deixou o país após Talibã cercar a capital, criando uma espécie de “vacância do poder”, segundo o líder Talibã Mullah Bardar.
O presidente Ashraf Ghani deixou o país neste domingo, de acordo com a imprensa internacional. Um alto oficial do Ministério do Interior afegão disse à agência de notícias Reuters que Ghani embarcou para o Tajiquistão, que faz fronteira com o sul do Afeganistão. Em uma ofensiva que durou apenas duas semanas, o Talibã chegou à capital do Afeganistão neste domingo e pediu a rendição incondicional do governo e a retirada de estrangeiros.
Segundo o Talibã, os milicianos tomaram controle do palácio presidencial em Cabul após fuga de presidente Ghani, com o Mullah Bardar assumindo as ações e o controle da situção.
Uma incógnita ainda é sobre a Base Aérea de Kabul, situada anexa ao aeroporto internacional Hamid Karzai, que está sendo utilizado para a evacuação de civis e militares. Até o momento, não existem informações se o Talibã irá controlar o aeroporto ou fará um acordo com a coalizão para uma retirada pacífica.
Como os Estados Unidos enviou tropas para proteger o aeroporto, não será tão simples tomar o aeroporto, como foi tomar o palácio presidencial. Entre ontem e hoje e, deve também seguir também pelos próximos dias, vários C-17 da USAF chegaram a Kabul com militares e deixaram a capital com os primeiros evacuados.
Com a queda do governo outra base importante também deve cair nas mãos do Talibã: Kandahar (OAKN), a maior base da Força Aérea do Afeganistão, que seguindo os passos da base de Mazar-i-Sharif/M.J.M. Balkhi (OAMS), irá colocar nas mão da milícia aeronaves UH-60A/FF, Mil Mi-8, C-208, AC-208 e A-29B. O destino delas é incerto, e poderão ser empregadas ou até repassadas a inimigos dos EUA.
Em vídeo, o Ministro do Interior, Abdul Sattar Mirzakwal, garantiu que não haverá ataques e que será feita uma “transferência pacífica de poder”. Derrubado do poder com a invasão dos Estados Unidos em 2001, o grupo extremista vêm avançando seu controle desde a retirada da maior parte das tropas americanas do país, em julho.
Para muitos, a retomada do poder por parte do Talibã, traz a tona para os Americanos um um fantasma e um sabor amargo que lembra o Vietnã, e a embaraçosa retirada de Saigon em 1975. Críticos lembraram que isto poderia acontecer e que vinha se “desenhando” e que as lições do sudeste asiático nunca haviam sido de fato aprendidas. A saída as pressas do Afeganistão irá reeditar o Vietnã, ao deixar milhões de dólares em equipamentos para trás e nas mãos do inimigo.
Parte da admissão americana que o Talibã irá controlar o país é que negociadores americanos já estão tentando obter garantias do Talibã que eles não atacarão a embaixada dos Estados Unidos em Cabul se quiserem receber ajuda estrangeira. O esforço, liderado por Zalmay Khalilzad, o enviado-chefe dos EUA em negociações com o Talibã, visa evitar uma evacuação total da embaixada. Não ha garantias que a expulsão total dos americanos seja imposta pelo Talibã, que deve imprimir uma lei islâmica radical a todo o país.
@CAS