C-17 da RAF passa aperto em Cabul. Um Boeing C-17A da Royal Air Force (RAF) quase colidiu com um ônibus durante a decolagem do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, no dia 26 de agosto. Foi um dos momentos de tensão mais agudos vividos após o ataque suicida de um homem bomba do ISIS-K, efetivado horas antes na porta de entrada do aeroporto, que atingiu uma multidão de pessoas que aguardavam voos de evacuação.
O voo do C-17 do 99 Sqn era pilotado pelo Wing Commander Kev Latchman. A explosão advinda dos atentados, além de ferie e matar diversas pessoas – inclusive 13 militares dos EUA, também criou mais caos, desespero e medo. Em meio a tudo isto as evacuações continuavam e o C-17 da RAF tomou posição para decolar com mais de 400 pessoa a bordo. Ao iniciar a corrida na pista, três a tripulação se deparou com três três veículos que haviam virado na direção errada, entrando a pista, enquanto tentavam alcançar outro voo de evacuação.
“Neste ponto, estávamos estávamos a cerca de 95 nós e eles a cerca de mil pés à nossa frente”, disse Comandante de ala Kev Latchman. “Percebemos que estávamos além da velocidade de segurança para abortar a decolagem, e se o fizesse, basicamente bateríamos nos ônibus”.
Ele decidiu que deveriam continuar com a decolagem, mas percebeu que também não havia distância suficiente para atingir a velocidade necessária para decolar ou “rodar” (Velocidade ! = V1) sem colidir. A solução seria “rodar” mais cedo, o que o 2P concordou. “Começamos a puxar a aeronave cerca de 20 nós antes da V1 e decolamos, passando cerca de 10 a 15 pês [3 a 5 metros] do primeiro ônibus.”
Para tornar as coisas ainda mais desafiadoras, tripulação já estava decolando no limite da luz, tendo que operar sem nenhum balizamento, visto que a energia no aeroporto havia falhado, face aos efeitos do atentado de poucas horas antes. O Comandante Kev Latchman lembra que os controladores militares em solo acharam que não conseguiria: “nós não pensamos que você iria sobreviver. Estávamos orando por você”, disse ele, lembrando um dos controladores se reportar na fonia logo após decolagem!
O quase acidente é apenas uma das várias histórias que surgiram da Operação Pitting, como foi designada a missão de evacuação do Reino Unido de duas semanas de Cabul, logo após o colapso do governo afegão apoiado pelo Ocidente. A RAF transportou mais de 15.000 afegãos, cidadãos britânicos e outros no maior esforço de evacuação desde a Segunda Guerra Mundial.
No dia 16 de agosto, já sob o caos da queda de Cabul, um A400M Atlas C1 da RAF teve que arremeter na final de Cabul porque havia multidões sobre a pista. Entre 15 e 17 de agosto, várias aeronaves perderam a aproximação ou a decolagem, face ao descontrole das pessoas no aeroporto, que invadiram pátio, taxiways e pistas.
“Pudemos ver que o campo de pouso foi completamente invadido”, disse o Tenente Neil Franklin, do 70 Sqn, que voava em um A400M naquele dia. “Havia pessoas nas pistas de táxi, pessoas na avenida sul, e os aviões civis estavam cobertos de pessoas … era um caos total. Além do perigo representado pelas multidões, havia o perigo de ataques terroristas. E ra difícil saber o que estava acontecendo ali”.
Os pilotos disseram que não foram capazes de tirar seu A400 do solo imediatamente, porque havia muito tráfego no solo e no ar e sem um controle definido, e, então eles tiveram que esperar cerca de 30 segundos a um minuto alinhados na pista. “Nós decolamos com algum tipo de tiroteio acontecendo no lado sul do aeroporto”, disse ele, acrescentando que “sua aeronave felizmente não foi atingida”.
@CAS