Brasil terá novo avião presidencial. Durante um entrevista na manhã de hoje (11), à Rádio CBN de Fortaleza (CE), o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou não só que irá adquirir um novo avião presidencial, mas novos aviões VIP para atender os ministros.
O assunto não é novo. Desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2023, o atual governo procura uma nova aeronave presidencial de grande porte — como noticiamos aqui. Após o incidente com o Airbus VC-1 no México, em 1º/10, o assunto voltou a pauta, com a informação que há alguns meses o governo busca insistente por uma aeronave VIP para substituir o VC-1.
Esta informação tomou mais corpo, com a entrevista do presidente, deixando claro que irá comprar uma aeronave nova para a Presidência e alguns (no plural) aviões para os ministros viajarem. “Ministro precisa viajar pelo país, não pode ficar coçando em Brasília”, declarou Lula. “Ele precisa conversar com os prefeitos, governadores, povo, entregar obras, conhecer o Brasil de perto”.
A entrevista, deixa claro que o assunto está resolvido, pois ele cita nominalmente o Ministro da Defesa, José Mucio Monteiro Filho, ao qual encarregou de apresentar uma proposta para a compra o mais breve possível. “Não é um avião para o presidente e sim para a instituição Presidência da República”.
Mas qual seria esta aeronave presidencial? Fontes da RFA afirmam que a busca é por um A330-200 ou A330-300 usado no mercado civil, que possar ser convertido em aeronave VIP, com entrega imediada, ou até mesmo uma aeronave usada já nesta configuração. Faz sentido a escolha pelo Airbus A330, uma vez que a FAB já opera com dois A330-200 (C-30), os FAB 2901 e 2902, que nada mais são de aeronaves civis com farda militar.
Escolher o A330 padronizaria a manutenção, logística e treinamento, e provavelmente, o futuro A330 VIP iria também ser operado pelo 2º/2º GT, relembrando os tempos em que o KC-137 FAB 2401 fazia às vezes de FAB-01. Quanto aos outros jatos executivos, é provável virem da linha Embraer, como o Phenom 300 e o Legacy 600. Mas qual seria o custo de tudo isto? Certamente muito alto. Só o ACJ330 estaria na faixa de US$ 200 a US$ 300 milhões.
A grande questão aqui é se é realmente necessário isto agora. Se é o time certo. Certamente é, no mínimo, questionável. A FAB tem várias aeronaves VIP que muito bem podem servir a voos oficiais. O Grupo de Transporte Especial (GTE) tem em seu 2º Esquadrão aeronaves executivas da Embraer. São elas 1 VC-99 (ERJ-145LR), dois VC-99B (ERJ-135LR) e seis VC-99C (ERJ-135BJ). Além destes, outros dois Embraer Phenom 100 (U-100) servem ao 6º ETA — todos em configuração VIP disponíveis em Brasília, além de 7 C-99A (ERJ-145ER) que estão à disposição no 1º/2º GT da Base Aérea do Galeão (RJ). São 18 aeronaves a jato modernas. Além disto, o GTE dispõe além do VC-1 (A319ACJ) de outros dois VC-2 (EMB-190PR) — versão presidencial do Embraer 190, além de quatro helicópteros VIPs, sendo dois VH-35 (H135) e dois VH-36 (H225). No total são 25 aeronaves para voos VIP e passageiros/autoridades.
São aeronaves modernas e no caso dos U-100 com menos de seis anos de uso. O número de aeronaves VIP gerou um excesso de viagens de autoridades, com mais de 660 só este ano. Mais aeronaves, deverão criar mais viagens.
Outros pontos importantes é que a FAB tem outras prioridades e necessidades. Modernização do A-29, ampliar a frota de helicópteros, caças, aeronaves de transporte, modernizar o T-25, investir em drones e sistemas como o Link BR-2, e claro, recuperar o número ideal de horas de voo, que vem sofrendo cortes significativos do atual governo.
O Incidente no México
Na entrevista, Lula narra a situação a bordo do VC-1 no dia 1/10, quando a aeronave teve uma pane na decolagem d Aeroporto Internacional Felipe Ángeles, na Cidade do México, (MMSM/NLU), perdendo um dos dois motores. Nas palavras dele, a situação nunca saiu do controle, com a tripulação do 1º Esquadrão do GTE cumprindo todos o procedimentos previstos, que culminaram no pouso seguro.
O fato ocorreu logo após a decolagem para a perna NLU — BSB (México — Brasília), quando a aeronave passou a ter uma anomalia em um dos dois motores IAE V2527-A5. A FAB não confirmou ainda, mas o fato é que o motor apresentou uma pane, que trouxe consigo perda de potência. Portanto, a informação inicial que era um bird strike (colisão com uma ave) foi descartada. A FAB está investigando o problema, mas é provável ser uma falha técnica que foi rapidamente saneada pela tripulação.
O evento causou vibrações no motor afetado, e por motivos de segurança, a tripulação optou por regressar ao aeroporto da Cidade do México. Com isto, o VC-1 “Força Aérea Brasileira 01” (indicativo de chamada “BRS 01”) declarou “PAN-PAN, PAN-PAN, PAN-PAM” (um indicativo internacional de pane) ao Controle de Tráfego Aéreo Mexicano. Ele curvou à direita na proa do VOR SLM, onde orbitou por mais de 4 horas.
Como o VC-1 FAB 2101 estava muito pesado (havia decolado full combustível), foi necessário realizar espera de cerca de 4 horas nos arredores da Cidade do México no FL130, visando queimar combustível para pouso, o que foi feito em segurança e sem deixar feridos. O Presidente Lula e sua comitiva embarcaram no “avião reserva”, um Embraer 190 (VC-2), que os trouxe de volta ao Brasil, após uma escala no Panamá.
@CAS