Bombas B61 seriam a resposta da OTAN a Rússia. Com possibilidade da guerra entre a Ucrânia e a Rússia sair das fronteiras dos dois países e escalar para a Europa, a OTAN colocou suas forças estratégicas de dissuasão em alerta, o que significa que a tríade nuclear compostas por mísseis balísticos intercontinentais lançados de terra, mar e ar passaram a estar em alerta. A Aliança Atlântica alertou seus membros sobre a possibilidade de as forças armadas russas atacarem um dos países vizinhos a Ucrânia, inclusive, com armas nucleares táticas.
O presidente Biden levantou a questão novamente no dia 28 de março, afirmando que os EUA poderiam, em circunstâncias extremas, usar a opção de um “primeiro ataque nuclear preventivo” para desativar o braço nuclear russo e impedi-lo de retornar ao fogo e se rearmar mais tarde. Vale lembrar também que a Rússia possui atualmente o maior arsenal nuclear do mundo, com 6.257 ogivas, contra 5.550 nos Estados Unidos, segundo a Associação de Controle de Armas Nucleares.
No nível tático, em vez de estratégico, a OTAN tem várias bombas nucleares táticas B61 na Europa. O número e a geolocalização nunca foram confirmados, embora muitos especialistas estimem que existam cerca de 100 bombas nucleares táticas B61 armazenadas entre cinco países da OTAN, prontas para serem carregadas em aviões e lançadas pelos Estados Unidos e seus aliados.
Porém, as centenas de bombas dos EUA na Europa hoje estão esperando não tanto para serem detonadas, mas para serem modernizadas. Espera-se que os Estados Unidos iniciem a produção em larga escala, em maio deste ano, de uma versão modernizada do B61 que terá desempenho ajustável. Isto significa que os militares podem aumentar ou diminuir a força com que cada bomba explode, e um kit para melhorar sua precisão.
Essa modernização, que começou há mais de uma década, deve custar entre US$ 9,1 bilhões e US$ 10,1 bilhões, tornando-se provavelmente o programa de bomba nuclear mais caro da história americana, segundo Hans Kristensen, diretor do Projeto da Federação de Cientistas Americanos.
A primeira bomba nuclear B61 entrou em serviço há 50 anos e inúmeras modificações foram feitas ao longo das décadas para aumentar sua segurança e confiabilidade. A versão mais recente, a B61-12, consolida e substitui a maioria das variantes anteriores. A Administração Nacional de Segurança Nuclear anunciou recentemente planos para produzir a primeira B61-12 atualizada no ano fiscal de 2022.
Mas como a B61 poderia ser usada? Durante uma escalada de um conflito hipotético entre a OTAN e a Rússia, um único alerta nuclear emitido pela Rússia na Polônia poderia desencadear uma resposta nuclear aliada. A B61 poderia ser usada como uma bomba atômica “tática” ou “não estratégica” em um campo de batalha, contra um alvo militar avançado, em oposição a um ataque “estratégico” que destruiria uma cidade atrás das linhas inimigas.
Se supormos que um B61 foi lançado sobre uma instalação militar em Kaliningrado, esse ataque provocaria provavelmente uma escalada russa até uma guerra nuclear total com os Estados Unidos, causando pelo menos 91,5 milhões de vítimas em todo o mundo, de acordo com uma simulação feita em 2019 pelo Programa Global de Ciência e Segurança da Universidade de Princeton.
A versão B61-12 está sendo integrada ao caça furtivo de quinta geração F-35, uma questão muito importante também diante da OTAN, já que vários países estão aperando o caça. Hoje os arsenais baseados na Alemanha e na Itália, em caso de um conflito, usaria aeronaves Tornado para lançar esta arma. Esta foi precisamente a questão que centrou o debate, nos últimos meses, sobre a substituição da frota Tornado da Luftwaffe por uma aeronave que pudesse necessariamente utilizar o B61. Berlim escolheu o F-35. Outros caças da OTAN que poderiam ser usados num ataque nuclear tático com a B61 seriam os Tornados italianos (AMI), além dos F-16C/D da USAF, ambos já homologados.
Em colaboração com a Administração Nacional de Segurança Nuclear, o Laboratório Nacional de Los Alamos e a Força Aérea dos EUA, já havia realizado uma demonstração completa do sistema de armas B61-12 com o caça F-15E Strike Eagle em março de 2020 e outra em julho de 2020 com o bombardeiro estratégico B-2A Spirit.
A certificação nuclear é dividida em duas fases: certificação de projeto nuclear e certificação operacional nuclear. Este teste é considerado o evento de teste de voo para a certificação do projeto nuclear do F-35A e conclui os testes para o esforço inicial de certificação nuclear. Os dados de teste recebidos deste evento estão sendo analisados e revisados pelo Departamento de Defesa e pelo Departamento de Energia para garantir que os F-35A e B61-12s funcionem corretamente durante todas as fases de operação.
Se hoje fosse preciso, a B61 ainda seria usada por outra que não o F-35.
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