Bombardeiros B-2 atacam bunkers Houthis a partir de Diego Garcia. Em um canto remoto do Oceano Índico, a USAF lançou uma de suas armas mais avançadas — o bombardeiro furtivo Northrop B-2 Spirit contra alvos do grupo terrorista Houthis no Iêmen, como parte de uma campanha que começou em 15 de março de 2025.
Estacionados em Diego Garcia desde o dia 25 de março, esses bombardeiros atingiram esconderijos subterrâneos de armas fortificados entre 1 e 4 de abril, controlados pelos rebeldes Houthis apoiados pelo Irã, que atacam a navegação marítima no Mar Vermelho há meses.
A operação contra os Houthis, que custou quase US$ 1 bilhão em menos de três semanas, visa diminuir a capacidade deles de ameaçar águas internacionais. No entanto, apesar da utilização de tal capacidade ofensiva de alta tecnologia, o impacto foi limitado, levantando questões sobre a eficácia dessa abordagem e as implicações mais amplas do uso de uma aeronave rara e cara neste conflito.
O B-2A Spirit, frequentemente chamado de “bombardeiro furtivo”, é uma maravilha da engenharia americana, projetado para penetrar as defesas aéreas mais sofisticadas sem ser detectado. Construído pela Northrop Grumman, ele voou pela primeira vez em 1989 e entrou em serviço na Força Aérea dos EUA em 1997. O alcance do bombardeiro excede 6.000 milhas náuticas sem reabastecimento, podendo ser estendido para mais de 10.000 com reabastecimento no ar, permitindo que ele atinja alvos em todo o mundo a partir de bases como Diego Garcia.
Sua carga útil é igualmente impressionante, capaz de transportar até 40.000 libras de munições, incluindo bombas convencionais e o enorme GBU-57 Massive Ordnance Penetrator, uma arma de 30.000 libras projetada para destruir alvos profundamente enterrados.
Nesta campanha, o papel do B-2 se concentrou em atacar os abrigos subterrâneos dos Houthis, uma tarefa que alavanca sua capacidade de entregar munições pesadas e guiadas com precisão. O ex-secretário de Defesa Lloyd Austin confirmou uma missão semelhante em outubro de 2024, quando os B-2s atingiram cinco locais de armazenamento de armas reforçadas no Iêmen, demonstrando sua capacidade de atacar estruturas fortificadas.
O GBU-57, frequentemente citado em tais operações, pode penetrar até 200 pés de terra ou 60 pés de concreto antes de detonar, o que o torna ideal para atingir o tipo de instalações subterrâneas que os Houthis desenvolveram com assistência iraniana.
O sucesso limitado dos ataques, pode apontar para lacunas na inteligência dos EUA sobre as localizações e conteúdos exatos desses sites, ou pode indicar que os Houthis criaram redundâncias em sua rede, permitindo-lhes absorver tais ataques.
De qualquer forma, o uso de uma arma como a GBU-57 implica que os EUA percebem uma ameaça significativa — uma que justifica a implantação de um ativo escasso e de alto valor em vez de depender somente de opções mais baratas, como mísseis de cruzeiro ou drones.
A própria base de Diego Garcia desempenha um papel fundamental nessa história, servindo como mais do que somente uma plataforma de lançamento. Localizado a mais de 2.000 milhas do Iêmen, esse atol de coral no Território Britânico do Oceano Índico tem sido há muito tempo um eixo para a projeção de poder dos EUA no Oriente Médio e na Ásia.
Seu isolamento oferece segurança e sigilo, enquanto sua enorme pista e reservas de combustível dão suporte a missões de longo alcance, como as pilotadas pelo B-2. Imagens de satélite de março de 2025, conforme observado por analistas de defesa em plataformas como X, mostraram pelo menos seis B-2A chegando à base — uma implantação excepcionalmente grande, representando quase um terço da frota.
Manter essas aeronaves tão longe do continente americano não é pouca coisa. O B-2 requer hangares com controle de temperatura para proteger seu delicado revestimento stealth, e seus sistemas complexos exigem um pequeno exército de técnicos e peças de reposição, todos os quais devem ser transportados por via aérea.
Os Houthis, enquanto isso, provaram ser um adversário teimoso. Emergindo das terras altas do norte do Iêmen na década de 1990 como um movimento Zaidi Shia, eles tomaram o controle da capital, Sanaa, em 2014, dando início a uma guerra civil que envolveu a Arábia Saudita e, indiretamente, os Estados Unidos.
Seus ataques à navegação do Mar Vermelho, usando drones, mísseis e pequenos barcos, aumentaram no final de 2023 em meio ao conflito Israel-Hamas, provocando respostas navais dos EUA e aliados. A atual campanha aérea, que inclui não somente B-2A, mas também caças F/A-18E/F e mísseis Tomahawk, vindas de uma FT postada no Mar Vermelho.
Olhando para o futuro, esta operação pode moldar o futuro da guerra furtiva. O sucessor do B-2, o B-21 Raider, já está em desenvolvimento, prometendo custos mais baixos e números maiores — a Northrop Grumman pretende construir pelo menos 100, com o primeiro voo de teste concluído em 2023.
Os voos do B-2 de Diego Garcia marcam uma convergência impressionante de tecnologia, estratégia e geopolítica. Eles perfuraram bunkers Houthis e causaram ondas de avisos em Teerã e Pequim, mas o preço e a persistência da ameaça permanecem como tensões não resolvidas.
Para o público americano, é um lembrete do alcance militar — e seus limites. O bombardeiro furtivo continua sendo um símbolo de poder inigualável, mas seu papel neste conflito exaustivo ressalta um paradoxo: até mesmo as ferramentas mais avançadas podem vacilar contra um inimigo que se recusa a ficar parado.
À medida que o B-21 surge no horizonte, as lições do Iêmen podem forçar um acerto de contas — a furtividade e a precisão podem vencer guerras de atrito, ou o futuro exigirá algo inteiramente novo? Essa questão, tanto quanto as próprias bombas, paira sobre os céus do Oceano Índico.
@CAS