Boeing Defense Space and Security registra perda de US$ 2 bilhões no 3º trimestre de 2024. A área de defesa da Boeing terá um prejuízo de US$ 2 bilhões em perdas nos contratos de preço fixo em seus resultados do terceiro trimestre deste anos. Com isto, o prejuízo acumulado em 2024 já passa de US$ 3,2 bilhões. Os números completos serão divulgados em 23 de outubro.
As perdas no setor de defesa ocorrem no momento em que a fabricante de aviões americana amarga fortes perdas na área comercial e sofre uma hemorragia financeira em meio a uma greve em andamento promovida pelo sindicato da área de Seattle, que representa 33 mil colaboradores. Com perdas recorrentes e dificuldades para captar negócios, a Boeing anunciou que irá demitir 10% dos funcionários (de executivos a operários) e fechar o ano com 171 mil colaboradores. Além disto, a empresa irá adiar as entregas do novo B777X para 2026 — já notificou os clientes e fechou a linha dos 767F (Cargo). Em agosto, a Boeing anunciou que suspendeu os testes com o 777X, após descobrir fissuras em um componente-chave que conecta os motores da aeronave às asas.
Além do atraso no 777X e o fim do 767F, segundo a empresa, também contribuíram para as perdas no 3º trimestre o treinador T-7A, o drone MQ-25, o avião-tanque KC-46 e o foguete Starliner da NASA.
O treinador T-7 registrou o maior encargo, no valor de US$ 900 milhões, devido ao que a empresa disse serem custos estimados mais altos para produção a partir de 2026. O problemático KC-46A registrou um prejuízo de US$ 700 milhões, devido à decisão da Boeing de encerrar a produção da versão cargueira do 767, a aeronave comercial na qual o avião-tanque militarizado é baseado. A empresa também apontou o dedo para a greve sindical em andamento, que interrompeu a produção de aviões comerciais, como o 767, feito nas instalações da empresa em Seattle. A empresa não apresentou um detalhamento das perdas sofridas pelos programas MQ-25 e Starliner, mas sabe-se que estes dois projetos tem diverso problemas de custos de desenvolvimento e produção. Estima-se que juntos girem em US$ 500 milhões de déficit.
A unidade de defesa da Boeing espera relatar US$ 5,5 bilhões em receita e declarar uma margem operacional negativa de 43%. O sangramento financeiro na unidade de defesa da foi replicado em seus negócios comerciais, que declararão US$ 3 bilhões em perdas no trimestre. A empresa observou que esses números eram “preliminares” e poderiam mudar. Ao todo, no 3º trimestre, serão mais de US$ 5 bilhões de perdas na área de defesa e comercial. As ações da Boeing caíram 1,5% após o horário regular de negociações no dia 11/10, em Nova York. As ações despencaram 42% este ano.
Como resultado da turbulência financeira na empresa, o CEO da Boeing, Kelly Ortberg, disse em uma carta aos funcionários que a empresa demitiria 10% de sua força de trabalho, “incluindo executivos, gerentes e funcionários”. Embora Ortberg não tenha dito quanto das demissões viria da unidade de defesa da Boeing, ele acrescentou que forneceria “supervisão adicional” dos negócios de defesa e programas de desenvolvimento de preço fixo daqui para frente.
“Na Boeing Defense Space and Security, o nosso desempenho em programas de desenvolvimento de preço fixo simplesmente não está onde precisa estar”, disse Ortberg na carta, que foi tornada pública. “Esperamos novas perdas substanciais neste trimestre, impulsionadas pela paralisação do trabalho em derivativos comerciais, desafios contínuos do programa e nossa decisão de encerar a produção do cargueiro 767”.
No mês passado, a Boeing anunciou a saída de Ted Colbert, que liderava sua unidade de defesa desde 2022. A fabricante de aviões não anunciou um sucessor em tempo integral.
@CAS