Boeing 737 FireLiner argentino nunca entrou em operação. No final do ano passado, o governo da província de Santiago del Estero, no norte da Argentina, anunciou com alarde a chegada do primeiro Boeing 737 Fireliner da América do Sul. O jato bombeiro prometia ser uma grande ferramenta no combate aos incêndios na região.
Avaliado em aproximadamente US$ 15 milhões, o 737 FireLiner, matrícula argentina LQ-KJZ, pousou no final da tarde de 22 de dezembro de 2023 no Aeroporto Internacional de Santiago del Estero, onde foi recebido pelas autoridades e bombeiros locais com uma pequena cerimônia.
Na ocasião, representantes do governo informaram que o “737 bombeiro” estaria operacional em aproximadamente 60 dias, atuando no combate a incêndios florestais em todo o país e região, algo que nunca aconteceu. Desde sua chegada, o FireLiner continua estacionado em Santiago del Estero, tendo realizado apenas alguns voos de testes.
O atraso na operacionalização do Boeing 737 FireLiner decorre principalmente pela falta de documentação. De acordo com informações da mídia local, em 19 de março deste ano, o governo provincial entrou com o processo junto à agência argentina de aviação civil (ANAC) solicitando a autorização para operar o FireLiner, mas a resposta favorável só chegou na semana passada.
Junta-se a isso, a falta de copiloto habilitado para operar o 737 FireLiner. Nas últimas semanas foi contratado um novo profissional sem experiência prévia no modelo, que teve que ser enviado aos Estados Unidos para treinamento em simuladores. Ele retornou recentemente e ainda está em fase de instrução sobre combate a incêndios na província de Córdoba.
Fabricado no início de 1995, o Boeing 737-300, número de construção 27695, foi originalmente produzido na configuração passageiros para a empresa Southwest Airlines. Em setembro de 2022 a Coulson, empresa especializada em combate aéreo de incêndios, comprou o avião e o modificou para o padrão que chama de “FireLiner”.
Entre as principais modificações realizadas no Boeing 737 Fireliner pela Coulson Canadá, está a instalação de dois tanques e bombas do sistema automático de lançamento de líquido retardante RADS (Retardant Aerial Delivery System), cuja capacidade total é de 15.000 litros.
Se não surgirem mais problemas, possivelmente o Boeing 737 FireLiner de Santiago del Estero entrará em serviço no próximo mês de outubro, mas a sua atuação é vista com cautela pelas autoridades, especialmente quando os focos de incêndios estão próximos de cidades, como o que atinge Córdoba nas últimas semanas.
“Se o Boeing estivesse operacional hoje, o tipo de incêndio que você vê na TV em Córdoba (área com casas, cidades, linhas de energia) não é um lugar para operar um 737”. Segundo o que explicaram agentes do governo, é que as operações desta aeronave próximos de áreas residenciais não é adequado, uma vez que o fluxo de água liberado em voo “seria como uma cachoeira semelhante a uma bomba de 15 toneladas a 300 km por hora”.
Independente disso, todo esse atraso para o início das operações do FireLiner custou milhares de hectares de matas devastadas pelo fogo, especialmente nas áreas de montanhas de Santiago del Estero, Córdoba e regiões vizinhas.
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