B-52 até 2097? A General Electric (GE) propôs à USAF algo que poderá ser inédito: manter uma aeronave de combate operacional e na linha de frente por mais de 145 anos! A ideia é prorrogar a vida operacional do lendário Boeing B-52 Stratofortress até 2097 – pelo menos, uma aeronave que a própria Força Aérea Americana (USAF) já planejou manter em serviço até 2040.
O B-52 voou pela primeira vez em 15 de abril de 1952, entrando em serviço em fevereiro de 1955 na USAF, até então, o único operador. Foram produzidas entre 1952 e 1962 um total de 742 unidades das versões A/B/C/D/E/F/G/H, sendo que só desta última – a única em serviço, foram 102 unidades. Desde sua entrada em serviço, o B-52 participou de todas as mais importantes operações e conflitos com participação dos EUA. Ao longo destas quase sete décadas, diversas atualizações e modernizações foram realizadas, sempre visando que a aeronave acompanhe a evolução da guerra moderna e se adapte as necessidades operacionais.
A ideia da GE surgiu depois da licitação aberta pela USAF para reprojetar os motores do B-52, lançada em 27 de abril este ano, que planeja comprar até 608 motores novos – suficiente para manter a atual frota de 65 B-52H . A ideia é assinar o contrato em maio de 2021 e o vencedor forneceria os motores e suporte por 17 anos. Além da GE, a competição inclui a Rolls Royce com o F130 (versão militar do BR700) e a Pratt & Whitney com PW815. Atualmente os B-52H utilizam os motores Pratt & Whitney TF33-PW-103 desde o início dos anos 1960. O TF33 é baseado no modelo comercial JT3D que impulsionou o Boeing 707 e o Douglas DC-8. O plano de remotorizar o B-52 é antigo e por várias vezes foi discutido, sendo a última vez em 2015, antes de ser lançada a licitação de 2020.
A General Electric acredita que o B-52 tem como dobrar o seu tempo de vida útil, especialmente se ele for remotorizado, uma vez que a fuselagem e asas ainda tem muito ciclos.
Assim a GE está propondo substituir os oito TF33 pelos motores CF34-10 ou Passport. O veterano CF34-10, criado com base nos motores do A-10, atualmente equipa aeronaves comerciais da Bombardier e da Embraer, além de diversos jatos executivos. A segunda proposta da GE é baseada no motor Passport, dos jatos executivos Global 7500. Com a propulsão atual, o B-52H tem um alcance de 14.200 km. Esta capacidade pode ser ampliada em até 40%, na remotorização, atingindo o incrível alcance de 19.880 km.
A USAF, no entanto, precisa avaliar até onde o B-52 é capaz de se manter como um vetor estratégico e capaz de operar dentro do cenário que se avizinha. Pois uma aeronave de combate não se mede só pelo seu alcance ou estado de conservação, mas sim, por sua capacidade de combate. Certamente irá pesar na decisão de manter o B-52 em serviço até o fim do século XXI se a célula poderá ou não receber novos armamentos, aviônicos e sistemas de autoproteção. Se isto for possível a um custo viável, é provável que lendário bombardeiro projetado na guerra fria pela Boeing chegue a 150 anos de serviço.