Aviação Naval brasileira completa 106 anos. O dia 23 de agosto marca as comemorações alusivas ao aniversário da Aviação Naval. As festividades ocorrem durante todo o mês de agosto, e contam com corrida de rua, exposições, além do tradicional desfile militar realizado anualmente no município São Pedro da Aldeia (RJ), onde está a Base Aérea Naval da Marinha do Brasil.
O município foi escolhido na década de 1960 para a instalação da Base, sendo uma das 13 Organizações Militares que integram atualmente o Complexo Aeronaval. A partir daí, mantém uma relação histórico-cultural com a atividade, sendo conhecido como morada da Aviação Naval. Já na entrada de São Pedro da Aldeia, na orla da Praia do Centro, foi instalada, em 2020, uma aeronave militar modelo AF-1 Skyhawk, retrato dos vínculos históricos e símbolo de boas-vindas da cidade.
Neste ano, a cerimônia militar em comemoração ao aniversário da Aviação Naval foi realizada na sexta-feira (26/08). O evento contou com o sobrevoos das principais aeronaves da Marinha do Brasil (MB). Na ocasião, o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, ressaltou os feitos dos 106 anos da Aviação Naval.
“Pioneira em nosso País, a Força Aeronaval remonta ao ano de 1916, quando a Marinha introduziu a aviação militar no Brasil. Uma iniciativa que se mostrou visionária e que ainda hoje inclui nossa Marinha no seleto rol das que operam aviação embarcada”, enalteceu o Comandante da Marinha.
Durante a cerimônia, o Comandante da Força Aeronaval, Contra-Almirante Augusto José da Silva Fonseca Junior, disse em seu discurso que a Força Aeronaval aguarda receber mais dois helicópteros AH-15B Super Cougar, que atuam em missões de busca e salvamento e apoio a ações humanitárias, como também deve concluir o programa de modernização dos helicópteros AH-11B Wild Lynx.
“O futuro, sempre desafiador, nos impulsiona a buscar constantes investimentos para dotar nossa Força com o que há de mais moderno e avançado em termos de meios aéreos e a aprimorar a formação dos aeronavegantes. Fruto disso, a Alta Administração Naval tem proporcionado a renovação do inventário de aeronaves, a modernização dos meios e a realização de cursos, no País e no exterior, proporcionando maior e melhor operacionalidade para a Força”, pontuou o Almirante Fonseca Junior.
Desde que Santos Dumont realizou o primeiro voo do 14Bis, em 1906, a aviação progrediu no Brasil. O feito possibilitou a busca para construção de mais aeronaves e formação de pessoal na área, além de uma visão prospectiva das potencialidades do seu emprego no campo militar. Assim, a centenária história da aviação militar brasileira começou a ser construída com o marco no dia 23 de agosto de 1916, com a criação da Escola de Aviação Naval pela Marinha.
A chamada primeira fase da Aviação Naval engloba o período entre 1916 e 1941, com um rápido desenvolvimento das atividades aéreas impulsionadas pelo pioneirismo da MB. Além da criação da Escola de Aviação Naval, o período foi marcado pelo transporte da primeira mala aérea civil e militar, o que promoveu a criação, posteriormente, do Correio Aéreo Nacional (CAN), assim como o primeiro voo de um Presidente da República em uma aeronave militar brasileira e a participação de aviadores navais em operações reais de patrulha, durante a Primeira Guerra Mundial, integrando o 10° Grupo de Operações da Royal Air Force.
Em janeiro de 1941, por força de Decreto-Lei, nascia a Força Aérea Brasileira (FAB), recebendo todo o acervo de aviões, bases, equipamentos e pessoal, tanto da Aviação Naval quanto da Aviação Militar do Exército, encerrando a primeira fase. No entanto, a Segunda Guerra Mundial provou a inequívoca necessidade de se ter uma aviação embarcada para apoio dos navios no mar.
Asa Rotativa
Em 1965, a Marinha passa a operar exclusivamente aeronaves de asa rotativa, cedendo seus aviões para a FAB e recebendo dela avançados helicópteros antissubmarino SH-34. Tais fatos marcaram o início da terceira fase, período em que houve um grande desenvolvimento na capacidade de emprego de aeronaves de asa rotativa a bordo de navios.
A MB era uma das poucas forças militares no mundo que operava com helicópteros embarcados, estendendo suas operações em períodos noturnos e permitindo a ampliação da capacidade das operações. Atualmente, um dos destaques de helicópteros da Marinha é o SH-16, projetado para operar embarcado e capaz de realizar uma missão completa de guerra antissubmarino.
Asa Fixa
Em 1998, a MB obteve autorização para operar novamente aeronaves de asa fixa a bordo de navios e adquiriu aviões A-4 Skyhawk. Iniciava-se, assim, a quarta fase da aviação naval, fazendo com que o Brasil entrasse no seleto grupo de países com capacidade de operar aviões de alta performance, a partir de navios aeródromos.
Em abril de 2022, foi concluído o programa de modernização de cinco caças AF-1B e dois AF-1C. Entre as atividades desenvolvidas, após essa etapa, destacam-se voo de formatura com quatro caças AF-1 realizado em julho deste ano pelo 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque e a atuação com ataques em alvos na Operação Formosa 2022.
“Hoje, no Esquadrão VF-1, temos seis pilotos e os seis estavam presentes neste voo de quatro aeronaves. Foi um voo muito importante e pudemos mostrar a força da tripulação do Esquadrão para colocar as aeronaves em condições de voo. Realizamos um voo impecável com diferentes configurações e em qualquer tipo de formatura. Era um voo que não fazíamos alguns anos e ele auxilia muito no adestramento de voos com aeronaves próximas”, contou o piloto, Capitão de Mar e Guerra José Assunção Chaves Neto.
Novos Tempos
No ano de 2022, a Aviação Naval embarca na quinta fase da sua história, tendo como marco a inauguração do 1° Esquadrão de Aeronaves Remotamente Pilotadas, fato que deu início às operações de um novo tipo de aeronave na Força com capacidade para realizar missões de inteligência, vigilância e reconhecimento.
“O ScanEagle tem excelentes características. A primeira é porque ele é muito pequeno, sendo de difícil visualização. Ele tem uma capacidade de alcance em torno de 100 km, o que dá uma grande possibilidade de abrangência de vigilância. Não precisa de pista porque ele tem um lançador e um recolhedor, isso é um fator de força na utilização. Nós temos a capacidade de usar ele tanto de terra como pelo mar. Ele tem o sensor tanto eletro-ótico como também em infravermelho e isso dá uma capacidade de 24 horas de operação”, relata o Comandante do Esquadrão, Capitão de Fragata Fábio Nunes.
A nova fase é marcada pela modernização e aquisição de aeronaves e equipamentos de alta tecnologia proporcionando inovações técnicas e táticas de combate, como por exemplo o emprego de óculos de visão noturna, tecnologia que proporciona a capacidade de superar as limitações do olho humano sob condições de baixa iluminação e, por consequência, baixa visibilidade.
Ainda que a Aviação Naval esteja concentrada em São Pedro da Aldeia, ela atua em todo território nacional por meio dos quatro esquadrões distritais, localizados em Belém (PA), Rio Grande (RS), Ladário (MS) e Manaus(AM). Eles possibilitam a atuação na Amazônia, Pantanal, e na Amazônia Azul, protegendo as riquezas e os interesses do País e no exterior.
Assista ao documentário Luz Verde no Convoo, uma construção narrativa da história da aviação naval brasileira produzida pelo Centro de Comunicação Social da Marinha.
Fonte: Marinha do Brasil
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