Alemanha tem dúvidas sobre a compra de caças F-35A e sua dependência militar dos EUA. A Alemanha estaria colocando dúvidas sobre a compra de caças americanos F-35A por desconfianças na atual política externa do presidente Donald Trump e temores sobre uma “chave de emergência” no jato que poderia ser acessada remotamente pelos EUA.
Em 2022, o Ministério da Defesa da Alemanha encomendou 35 caças F-35A em um contrato de € 8 bilhões, para substituir a envelhecida frota de Panavia Tornado da Luftwaffe. Os primeiros jatos deverão ser entregues em 2026.
Especialistas ouvidos pelo jornal alemão Morgen Post, afirmaram que o F-35A fabricado pela Lockheed Martin, teria um sistema embarcado, uma “chave de emergência”, através da qual o avião poderia ser acessado remotamente à qualquer momento pelos EUA. “É sabido que o F-35 pode ser controlado remotamente. Se alguém aperta o botão, o jato não voa mais. Você não deve se tornar dependente de outra nação”, disse uma fonte da indústria de defesa ao Morgen Post.
De acordo com o jornal alemão Bild, autoridades alemãs agora temem que os Estados Unidos possam, em qualquer momento, tornar os seus F-35 inoperantes simplesmente por divergências políticas. Os temores são que Washington poderia pressionar a Alemanha como está fazendo com a Ucrânia.
“Se tivermos que nos preocupar que os EUA possam fazer com os futuros F-35 alemães o que estão fazendo atualmente com a Ucrânia, podemos considerar rescindir o contrato de comprar dos jatos”, disse Wolfgang Ischinger, ex-chefe da Conferência de Segurança de Munique, falando ao Bild.
Em recente entrevista ao diário Augsburger Allgemeine, o CEO da Airbus Defence and Space, Michael Schöllhorn, alertou sobre a atual dependência militar da Alemanha e da Europa dos Estados Unidos.
“Acima de tudo, a Alemanha deve se tornar mais consciente de que a Europa está ameaçada e é muito fraca nesta nova era da história – econômica e militarmente. E há uma conexão aqui: investimentos em defesa também são investimentos em nossa economia e sociedade”, afirmou Schöllhorn.
Citando o discurso de Donald Trump afirmando que tomaria a Groenlândia da Dinamarca, Schöllhorn alertou que a Força Aérea Real Dinamarquesa depende dos seus caças F-35A para defender seu território e soberania nacional.
“Os dinamarqueses, com suas aeronaves americanas F-35, estão agora percebendo que esta pode não ser uma boa ideia se eles tiverem a ideia de defender a Groenlândia. Eles nem chegariam tão longe”, disse o Executivo da Airbus.
Como alternativa aos F-35 americanos, a europeia Airbus oferece à Alemanha a versão mais avançada dos caças Eurofighter Typhoon, chamada Tranche 5.
“Hoje, o Eurofighter é a espinha dorsal da Luftwaffe e com a Tranche 5 estamos preparando a aeronave para o futuro. O governo federal deixou claro que quer encomendar mais jatos. Estou otimista de que continuaremos com uma boa negociação com o novo governo alemão e que seremos capazes de anunciar um contrato em breve”, afirmou Schöllhorn.
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