Alemanha alerta que Rússia pode invadir um país da OTAN até o final desta década. Estudos baseados em informações obtidas pelo Serviço Federal de Inteligência da Alemanha (BND) e da Bundeswehr apontam para a possibilidade de uma futura operação militar russa contra países aliados da OTAN na região do Báltico.
De acordo com reportagens do European Pravda e do Bild, a análise sugere que a Rússia poderia lançar um ataque convencional a um estado membro da OTAN — potencialmente no Báltico — antes do fim desta década. O aviso reflete uma crença crescente em Berlim de que as ambições estratégicas de longo prazo de Moscou se estendem muito além da Ucrânia.
Em novembro do ano passado, o chefe do BND, Bruno Kahl, disse que a Rússia pode testar a cláusula de defesa coletiva da OTAN — Artigo 5 — iniciando um conflito na região do Báltico. Enquanto três quartos das forças terrestres da Rússia estão atualmente engajadas na Ucrânia, suas forças aéreas e navais no Mar Báltico permanecem operacionais e capazes, disse o relatório.
“A probabilidade de um ataque direto a um estado da OTAN é atualmente avaliada como baixa”, observa a análise. No entanto, a inteligência alemã alerta que, após a conclusão da guerra na Ucrânia, as forças russas podem se reposicionar rapidamente perto do flanco oriental da OTAN. O relatório afirma que a Rússia está preparando as condições para travar uma “guerra convencional em grande escala” nos próximos anos.
A avaliação de inteligência também desafia a noção de que a guerra na Ucrânia enfraqueceu severamente Moscou. Pelo contrário, afirma que o exército russo provou ser resiliente, conseguindo sustentar operações apesar das sanções ocidentais e das altas perdas no campo de batalha. O Kremlin mudou sua economia para a produção em tempo de guerra, agora fabricando armas além das necessidades do conflito na Ucrânia, e planeja expandir o exército para 1,5 milhão de pessoas até 2026.
O General Carsten Breuer, Inspetor Geral da Bundeswehr, reforçou essa visão durante uma entrevista recente com a ARD, afirmando: “A Rússia está construindo infraestrutura militar voltada para o Ocidente, e isso é visível”. Ele acrescentou que a conclusão da guerra na Ucrânia “não trará paz ao continente europeu”.
A análise sugere que a liderança russa se vê cada vez mais como presa em um confronto sistêmico com o Ocidente. Nesse contexto, especialistas militares alemães acreditam que Moscou pode perseguir seus objetivos políticos por meios militares muito além de sua atual campanha na Ucrânia.
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