ALADA: um passo estratégico para o futuro do Programa Espacial Brasileiro. Após anos de estudos e planejamento, o setor espacial brasileiro se prepara para um novo capítulo com a criação da Empresa de Projetos Aeroespaciais do Brasil S.A. (ALADA). A nova estatal terá a missão de fortalecer a indústria aeroespacial nacional e maximizar o potencial estratégico do país no setor.
Concebida como um importante catalisador do Programa Espacial Brasileiro (PEB), a ALADA promete impulsionar o desenvolvimento tecnológico, a autonomia estratégica e a competitividade do Brasil no mercado aeroespacial global. A proposta de criação da ALADA foi assinada em outubro deste ano pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e enviada ao Congresso Nacional para análise.
Na quarta-feira (27/11), a criação da estatal foi tema de audiência pública na Câmara dos Deputados. Na ocasião, o Chefe da Terceira Subchefia do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), Major-Brigadeiro do Ar Rodrigo Alvim de Oliveira, destacou os benefícios que a ALADA proporcionará ao país.
“A audiência pública de hoje foi de grande importância para que a Força Aérea pudesse demonstrar e esclarecer ao Parlamento e à sociedade brasileira a relevância da empresa ALADA. Esta empresa terá como principal atribuição a capacidade de atrair recursos privados para serem investidos no Brasil, complementando o orçamento público. Os recursos arrecadados serão reinvestidos no programa espacial brasileiro, trazendo benefícios para a área espacial, como ciência e tecnologia, além de gerar impactos socioeconômicos positivos para a nossa população”, destacou o Oficial-General.
A ALADA será subsidiária da NAV Brasil, tendo como modelo uma estrutura consolidada de uma empresa que já demonstrou sua capacidade de gestão, sendo premiada por suas boas práticas na gestão ética. A NAV Brasil é uma estatal vinculada ao Ministério da Defesa, criada em 2020 para cuidar dos serviços de navegação aérea, como operação de radares e medição meteorológica, antes a cargo da Infraero.
A iniciativa pretende alavancar oportunidades únicas oferecidas pelo Brasil, com destaque para o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, cuja localização privilegiada permite lançamentos mais eficientes e competitivos. Com a criação da empresa, não apenas haverá avanço industrial, mas também será possível posicionar o país na vanguarda de um setor estratégico para o futuro, integrando ciência, tecnologia e soberania econômica.
A ALADA representa uma visão estratégica para o desenvolvimento do Brasil como uma potência aeroespacial e poderá proporcionar a autossuficiência do país em materiais aeronáuticos e espaciais, reduzindo a dependência de fornecedores estrangeiros, especialmente em tecnologias sensíveis que sofrem restrições para a exportação. Com investimentos direcionados e uma gestão focada em resultados, a empresa será um motor de inovação, progresso econômico e bem-estar social, projetando o Brasil para uma posição de destaque no cenário espacial global.
Próximos passos
O projeto de criação da estatal está em tramitação no Congresso Nacional e, para virar lei, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.
Implantação
A empresa terá como eixos estratégicos de atuação o serviço de lançamento espacial; o gerenciamento de projetos aeroespaciais e a exploração econômica de produtos e serviços aeroespaciais. Entre os serviços e projetos estratégicos previstos estão a operação de foguetes suborbitais – capazes de alcançar o espaço sem entrar em órbita –, além da integração de motores aeronáuticos e VLMs (veículos lançadores de microssatélites) em parcerias com fornecedores especializados.
A empresa terá um papel fundamental nos serviços de lançamentos espaciais e no gerenciamento de projetos de sistemas aeroespaciais, promovendo a inovação no setor. Entre os serviços e produtos estratégicos da ALADA estão o lançamento e a comercialização do foguete VSB-30 – capaz de alcançar o espaço sem entrar em órbita -, além do gerenciamento de projetos de motores aeronáuticos e de VLMs, em parceria com empresas especializadas.
Além disso, a ALADA ficará responsável pela assessoria no processo de obtenção de patentes, promovendo a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias estratégicas. Com essas atribuições, a estatal busca atrair investimentos e ampliar o protagonismo brasileiro na indústria aeroespacial global.
O papel estratégico da ALADA no Programa Espacial Brasileiro
A ALADA surge em um contexto de desafios e oportunidades. Desde a década de 1960, o Programa Espacial Brasileiro (PEB) permitiu ao Brasil desenvolver competências fundamentais, como Centros de Lançamento e veículos espaciais. Com foco no fortalecimento do setor aeroespacial, a ALADA será responsável por dinamizar o mercado por meio de parcerias com indústrias, instituições públicas e privadas, além de captar recursos financeiros para reinvestimento no programa espacial.
Sustentabilidade financeira e impacto econômico
A ALADA será uma empresa estatal de natureza não dependente, ou seja, passada a fase de implantação, não utilizará recursos do orçamento público para sua manutenção. Suas fontes de receita incluem serviços como lançamento de veículos espaciais, telemetria, desenvolvimento de sistemas propulsores, e assessoria em patentes e contratos de offset. Essa estrutura permitirá não apenas o autofinanciamento, mas também a geração de empregos e o fortalecimento da indústria nacional.
Integração com o setor público e privado
A criação da ALADA não visa competir com agências reguladoras, institutos de pesquisa ou a indústria nacional. Pelo contrário, a empresa atuará como coordenadora e parceira, conectando essas entidades e fomentando o desenvolvimento conjunto de projetos. Algumas atividades da Força Aérea Brasileira, como assessoria em patentes e suporte para lançamentos espaciais, serão descentralizadas para a ALADA, permitindo a desoneração do orçamento, exploração comercial e a ampliação de oportunidades de negócio.
A atividade espacial vai gerar impactos positivos em setores estratégicos, indo além do avanço tecnológico e influenciando indiretamente áreas como o agronegócio, segurança pública, saúde, educação e defesa civil.
No agronegócio, por exemplo, imagens de satélite permitem prever safras, monitorar terras agrícolas e otimizar recursos como água e fertilizantes, enquanto tecnologias de sensoriamento remoto ajudam a detectar pragas e doenças.
Na segurança pública, dados espaciais auxiliam no monitoramento de atividades ilegais e no aprimoramento de sistemas de alerta e navegação.
Na saúde, a telemedicina conectada por satélites leva atendimento a regiões remotas e experimentos em microgravidade contribuem para novos tratamentos.
Já na educação, a internet via satélite amplia o acesso de comunidades isoladas, enquanto iniciativas como a Olimpíada Brasileira de Astronomia estimulam o interesse por ciência e tecnologia.
Por fim, na defesa civil, os satélites ajudam a prever fenômenos climáticos e a mapear áreas de risco, permitindo respostas mais eficazes a desastres naturais. Esses benefícios destacam o papel da exploração espacial no desenvolvimento sustentável e na melhoria da qualidade de vida.
Outros benefícios
Além de promover avanços tecnológicos, a ALADA permitirá ao Brasil alcançar maior autonomia em tecnologias críticas, gerando receitas tributárias e atraindo investimentos internacionais. A retenção de talentos e a inserção do Brasil no mercado aeroespacial global são outros aspectos positivos da iniciativa.
Com o mercado aeroespacial global projetado para crescer 200% até 2035, o Brasil não pode negligenciar o potencial econômico e estratégico dessa área. A criação da ALADA representa uma solução inovadora para superar desafios históricos do PEB, como a falta de recursos e a dificuldade em reter profissionais qualificados.
Ao atuar como escritório de projetos e conectar as diferentes partes interessadas, a ALADA se posiciona como um pilar fundamental para a construção de um programa espacial mais eficiente e competitivo.
Fonte: FAB
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