Aeroflot encomenda mais de 300 aviões da indústria russa. Como parte de um projeto que visa substituir sua frota, atualmente baseada em aviões ocidentais, o alto comando da companhia aérea estatal russa Aeroflot anunciou a encomenda de 323 aeronaves produzidas no país. O plano foi comunicado em uma reunião entre o CEO da Aeroflot, Sergey Alexandrovsky e o presidente russo Vladimir Putin.
Putin e Aleksandrovsky afirmaram que este é o maior pedido na história da indústria da aviação russa, mas não apresentaram nenhum cronograma para o fornecimento de 73 Sukhoi Superjet, 210 Irkut MC-21 e 40 Tupolev Tu-214, além de oito simuladores de voo. O executivo da Aeroflot ainda salientou que este grande pedido exigirá recursos humanos adicionais, e para isso a companhia deverá contratar pelo menos 3.500 pilotos.
A moderna aviação comercial russa sofreu um sério revés operacional, depois da invasão militar que Moscou implementou na Ucrânia no mês de fevereiro deste ano. Estruturada em uma frota baseada em aeronaves fabricadas pela Boeing, Airbus, Embraer entre outras, as companhias aéreas russas, especialmente a Aeroflot, sofrem com a dificuldade logística para manter seus aviões operando, principalmente devido às sanções internacionais impostas à Rússia. A “mudança de chave forçada” exige que a indústria local passe a suprir a demanda das companhias aéreas com aviões e componentes produzidos na Rússia.
Recentemente autoridades russas divulgaram que a United Aircraft Corporation (UAC), conglomerado estatal aerospacial que reúne a maioria dos fabricantes do país, estava expandindo significativamente sua produção para atender a alta demanda interna. De acordo com a Rostec, empresa controladora da UAC, a Rússia planeja fabricar mais de 110 aeronaves comerciais até 2025 e mais de 500 unidades até 2030.
Especialistas internacionais vêem com desconfiança esse otimismo da indústria nacional russa. Exemplos como o Sukhoi Superjet, que contém um percentual importante de componentes ocidentais, e o Tu-214, cujo projeto tem algumas décadas e necessita de importantes atualizações, poderão sofrer atrasos com a necessidade urgente de produção. Além disso, o Kremlin tem que lidar com os embargos internacionais e a escassez de fornecedores de matéria-prima e componentes aerospaciais, além de ver na Ucrânia uma torneira aberta despejando milhões de dólares em uma guerra sem fim, que balança a economia nacional.
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