

A OTAN avança com a implantação de um muro de drones no flanco oriental. Em um artigo publicado em 23 de abril de 2025, a Newsweek noticiou o progresso de uma iniciativa de defesa em larga escala que está tomando forma ao longo da fronteira leste da OTAN.
Chamado de “Muro de Drones”, este projeto prevê uma rede contínua de drones de vigilância e sistemas de contra-drones que se estenderá da Noruega à Polônia — quase 3.000 quilômetros pelo flanco leste da Aliança. Em resposta à agressão militar da Rússia na Ucrânia e à crescente ameaça de guerra híbrida na região, esta iniciativa se destaca como um dos projetos de segurança mais ambiciosos e caros já considerados na Europa.
Liderado pela Alemanha e apoiado por seis Estados-membros da OTAN — Estônia, Letônia, Lituânia, Finlândia, Polônia e Noruega — o Muro de Drones vai além de um gesto simbólico. Ele foi concebido como um sistema totalmente operacional, estruturado em camadas que incluem drones de reconhecimento com inteligência artificial, sensores terrestres, plataformas móveis antidrones e vigilância por satélite. Seu objetivo é detectar e neutralizar ameaças em tempo real, sejam incursões de drones, interferência de GPS ou atividades clandestinas transfronteiriças, ao mesmo tempo, em que fornece às forças da OTAN informações precisas e em tempo hábil sobre suas áreas mais vulneráveis.
Segundo Martin Karkour, Diretor de Vendas da Quantum Systems — uma das principais empresas alemãs envolvidas — “Este não é um muro simbólico. É um muro real”. Ele acrescentou que a tecnologia já está disponível e o projeto agora depende da coordenação política da UE ou da OTAN para avançar. A Quantum Systems fabrica atualmente centenas de drones por mês, incluindo os modelos Vector e Trinity Pro, ambos otimizados para missões de vigilância de longa duração em ambientes complexos.
O novo chanceler alemão, Friedrich Merz, tornou a defesa uma prioridade nacional, suspendendo as restrições aos gastos militares e oferecendo forte apoio às empresas nacionais de defesa. Essa mudança estratégica reflete uma tendência mais ampla em toda a Europa, à medida que os países buscam fortalecer sua autonomia estratégica em meio à crescente incerteza quanto aos compromissos de segurança dos EUA, especialmente após o retorno de Donald Trump à Casa Branca e sua pressão contínua sobre os membros da OTAN para aumentarem seus orçamentos de defesa.
Os países bálticos, situados na linha de frente com a Rússia, desempenham um papel fundamental nas fases iniciais do projeto. Na Estônia, a iniciativa é coordenada pelo Cluster da Indústria de Defesa da Estônia, que reúne diversas empresas locais de tecnologia de defesa. Entre elas, a DefSecIntel Solutions desenvolveu o sistema Erishield — uma solução multicamadas que integra IA, sensores avançados e unidades móveis antidrones para detectar e neutralizar UAVs hostis. A Estônia destinou € 12 milhões ao longo de três anos para apoiar o projeto. Outras empresas, como Rantelon, Marduk Technologies e Hevi Optronics, também estão contribuindo, visando fornecer conhecimento situacional completo ao longo da fronteira leste da OTAN, incluindo a detecção de tentativas de contrabando e operações hostis de vigilância aérea ou sabotagem.
A Ministra do Interior da Lituânia, Agnė Bilotaitė, descreveu o Muro de Drones como uma “nova forma de defesa de fronteira”, afirmando que ajudará a proteger contra provocações de países hostis. Finlândia e Noruega também estão envolvidas, especialmente nos segmentos norte da fronteira, onde condições climáticas adversas exigem soluções tecnológicas altamente resilientes.
As obras já começaram na Polônia, no âmbito do programa Shield-East, que inclui a construção de 700 quilômetros de infraestrutura de vigilância fortificada. Esta seção está entre os primeiros passos concretos de um projeto mais amplo, aguardando novas decisões políticas no âmbito da OTAN para expandir e harmonizar o sistema como um todo.
Frequentemente chamado de “o muro tecnológico mais caro do mundo”, o projeto é visto como uma importante resposta à natureza evolutiva das ameaças militares, onde drones, interferência eletrônica e operações híbridas moldam cada vez mais o cenário de segurança. Para os líderes da iniciativa do Muro de Drones, o objetivo não é somente reforçar a postura defensiva da OTAN, mas também demonstrar a capacidade da Europa de desenvolver e implementar soluções tecnológicas integradas e soberanas.
O Muro de Drones representa muito mais do que uma reação à guerra na Ucrânia. Ele reflete uma profunda mudança estratégica nas doutrinas de defesa europeias, combinando inovação tecnológica, coordenação multinacional e uma ênfase renovada na autonomia estratégica diante de um adversário que continua a explorar as zonas cinzentas dos conflitos modernos.
Complementando essa abordagem aérea e digital, medidas de fortificação mais tradicionais também estão sendo implementadas: os países bálticos anunciaram a construção de mais de 1.000 bunkers de concreto, juntamente com trincheiras, barreiras antitanque, campos minados e depósitos de munição ao longo de suas fronteiras com a Rússia e a Bielorrússia. Conhecida como Linha de Defesa do Báltico, essa iniciativa visa reforçar a dimensão tecnológica do Muro de Drones com uma robusta camada defensiva terrestre. Juntos, esses sistemas podem remodelar a arquitetura de segurança de longo prazo da fronteira leste da OTAN.
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