Em interessantes e reveladoras declaração no Vivekananda International Foundation no dia 28 de dezembro, o chefe da Força Aérea Indiana (IAF – Indian Air Force) – Marechal Rakesh Kumar Singh Bhadauria disse que:
“As prováveis razões para as ações da China ao longo das fronteiras do norte da Índia podem incluir uma escalada planejada e uma tentativa de estabelecer linhas de reivindicação de fronteira e iniciar conversações sobre as novas posições“.
O Marechal RKS Bhadauria, confirmou que a China implantou fortemente o efetivo da Força Aérea do Exército de Libertação do Povo (PLAAF – People’s Liberation Army Air Force) para apoiar seu exército chinês (PLA – People’s Liberation Army) no teatro de Ladakh, juntamente com um grande número de radares e mísseis. Mesmo listando os possíveis objetivos chineses na sua fronteira norte, o interesse na região fronteiriça com a Índia é evidente e foi uma grande foco em 2020.
Ladakh ou Ladaque, uma região geográfica e histórica dos Himalaias situada no extremo norte-noroeste do país. À exceção da sua parte nordeste, o Aksai Chin, ocupado pela China durante a geurra sino-indiana de 1962, o seu território faz parte da Índia, tendo feito parte do antigo estado de Jamu e da Caxemira até 2019, quando foi constituído como Território da União. Conhecido como “Pequeno Tibete”, o Ladaque é famoso pelas suas paisagens montanhosas e pela sua cultura budista tibetana, embora a parte ocidental seja quase exclusivamente mulçumana. A sua maior e mais importante cidade é Lé.
O chefe da IAF também revelou:
“Existem razões prováveis para as ações da China ao longo das fronteiras do norte da Índia incluem uma escalada planejada na tentativa reivindicar a posse de novas faixa de fronteira ou no mínimo abrir negociações e discussões sobre a quem pertence determinada área“.
A sinalização militar, também mostra que a China poderia estar só criando uma intimidação ou mesmo preparando para um eventual conflito, caso seus interesses não forem atendidos. Curiosamente, a China tem aproveitado os tempos de pandemia – onde o foco esta estreito, para por em prática seus planos planos de expansão.
Bhadauria disse ainda que o objetivo da China também pode ser o de ajustar sua estratégia para aprimorar suas tecnologias militares.
“Em todo caso, os possíveis objetivos citados cima parecem ter acontecido independentemente de qual era o real objetivo inicial. Também pode ser um infortúnio fomentado pelos militares, que aumentou devido ao déficit de confiança no cenário pós-COVID, e, possivelmente devido à perda de prestígio (para os chineses), que fez com que a ação continuasse a aumentar. A questão importante é que reconhecemos o que eles (China) realmente alcançaram uma posição preocupante na fronteira”.
Respondendo a uma pergunta feita durante o evento, ele disse que a PLAAF na fronteira foi totalmente implantada para apoiar o Exército Chinês, mas também, para ter uma grande presença na “segunda camada”, isto é, exercer superioridade aérea na região. “A implantação deles foi muito forte. Estamos tomando todas as medidas necessárias para contrapor essa situação e ter certeza de que vamos lidar com isso”.
O chefe da IAF informou que as ações mais robustas da Força Aérea no teatro Ladakh “evitaram que os chineses avançassem fazendo com que permaneceram lá”. Ele disse que o desafio de segurança nacional. O mais importante hoje para a Índia é entender a China, o possível plano de jogo e o aprofundamento e evolução da relação Sino-Paquitão.
“Estamos cientes de que as principais aspirações da China estão claramente na frente global e a dominação regional faz parte do caminho para esta liderança. Qualquer conflito sério Índia-China não é bom para a China na frente global. Portanto, é importante entender quais poderiam ser os seus possíveis objetivos para suas ações no norte (Ladakh)”, disse ele.
As constantes incertezas e instabilidades na frente geopolítica global deram à China uma chance de demonstrar seu crescente poder e, também, revelaram a contribuição inadequada das principais potências para a segurança global. As restrições orçamentárias são um problema para os militares do mundo e nos preocupa que para a China elas não parecem existir e até onde sabemos o orçamento militar é prioridade para eles.
“Embora tenhamos nossas necessidades, consideramos as restrições atuais e estamos cientes de que levará um tempo para que a economia volte e tenhamos o tipo de orçamento que tínhamos antes … Não podemos esperar que o faremos tenha algum orçamento ilimitado, mesmo com o cenário de segurança no norte. O orçamento atual não será uma restrição para nós no norte”, completou o Marechal RKS Bhadauria.
Segundo o Chefe da IAF, os caças Sukhoi-30 equipados com o míssil BrahMos aumentaram significativamente o alcance da força aérea e nenhum território na área chamada “colar de pérolas” estava fora do alcance da IAF. O “colar de pérolas” da China refere-se às tentativas estratégicas de cercar a Índia com instalações que podem ser transformadas em bases militares.
Na base aérea de Ayni no Tadjiquistão a primeira base indiana fora do país, que deu à Índia uma pegada estratégica na Ásia Central: “É uma área que nos deu uma enorme capacidade, e, resultou em uma importância estratégica essencial”. Além disto o recebimento dos Rafale tem criado um ponto de dissuasão, apesar de ainda ser tímido.
Sobre a possibilidade de exercícios aéreos conjuntos entre as forças aéreas da Índia, Estados Unidos, Austrália e Japão, o Marechal RKS Bhadauria, chefe da IAF disse:
“O Quad como uma execução não aconteceu até agora para o forças aéreas, mas como um plano de ação, é possível que apareça em breve”.
A China teme que o diálogo e o entendimento pelos países do Quad ou Quadrilateral Security Dialogue, que foi revivido no final de 2017 pela Índia, Estados Unidos, Austrália e Japão, crie problemas para suas pretensões na região do Sul da Ásia. Tensão entre China e estes países tem crescido muito, com além Japão e Austrália cada dia mais incomodados com ações chinesas.
@CAS