“A Cobra Negra” – o Esquadrão de drones de combate da Força Aérea Israelense. Por mais de duas décadas, uma ordem de silêncio imposta pelo Alto Comando das Forças Armadas de Israel proibia que a mídia local divulgasse notícias sobre os drones armados operados pelo país. Finalmente, em 20 de julho do ano passado, essa ordem foi retirada, principalmente por pressão da indústria local, que estava perdendo participação no mercado mundial para seus produtos.
Como resultado dessa abertura, mais informações estão surgindo sobre as unidades da Força de Defesa de Israel (IDF) que usam drones armados. Um desses grupos é o Esquadrão 161“Tayeset Ha’Nakhash Ha’Shakhor” (“A Cobra Negra”). A unidade opera o drone Elbit Systems Hermes-450 “Zik”, principalmente em missões antiterroristas na Cisjordânia, Gaza e Líbano.
Recentemente, membros do portal Breaking Defense visitaram o Esquadrão 161 na Base Aérea de Palmachim, no centro de Israel. Foi a primeira vez que um meio de comunicação teve acesso à unidade, e entre as condições para a visita, o nome do militar que conversou com o jornalista foi mantido em sigilo.
Aproximadamente 80% de todas horas de voo da Força Aérea de Israel (IAF) são realizadas por donres, algo que considerado natural pela Major que é Vice-Comandante do Esquadrão. “Os UAVs substituem as aeronaves tripuladas em cada vez mais missões. O número aumenta o tempo todo”, disse ela, citando o exemplo das missões de patrulha marítima, que estão sendo realizadas cada vez mais por drones IAI Heron 1 de outro Esquadrão, equipados com equipamentos especiais.
O tipo de operações que o Esquadrão 161 está executando, muitas vezes em áreas densas e povoadas, como Gaza, exige flexibilidade, enfatizou a Oficial, observando que todas as missões são controladas a partir de uma estação terrestre com dois militares, sendo o Comandante de Missão e um Operador de UAV, sentados lado a lado e observando os dados transmitidos pela aeronave.
“Recebemos missões do alto comando, que são alocadas para plataformas já sobre a área designada ou para outras que estão no ar após alguns minutos. Estamos em alerta máximo e podemos lançar vários UAVs armados em minutos”, disse ela.
Existem dois tipos básicos de operações que os Cobras Negras executam regularmente. A primeira é a vigilância persistente de uma área identificada como um centro de atividade terrorista, mantendo-se atento a alvos que surgem e atacam assim que perceber que uma equipe está se preparando para lançar um foguete em Israel, por exemplo. A segunda é um ataque pré-planejado, em um alvo que foi identificado e detectado por outras fontes.
“Somos capazes de realizar operações com atirador em tempo real, e isso é possibilitado pela inteligência precisa coletada pelos sensores levados no UAV, combinada com detalhes adicionais que recebemos de outras fontes”, acrescentou a Major. Ela não detalhou quais são essas fontes, mas disse amplamente que “áreas de interesse” como Gaza e o Líbano são monitoradas por diferentes tipos de sensores que podem ser classificados como recursos “de observação”.
Como o Hermes 450 é fortemente operado sobre Gaza, os alvos na maioria dos casos não são estáticos, como por exemplo equipes do Hamas preparando o lançamento de foguetes contra Israel e comandantes em motocicletas a caminho de realizar um ataque contra Israel. Dada a densidade de Gaza, o Esquadrão 161 requer sequências de sensores para disparar quase em tempo real.
A Major acrescentou que em algumas missões, os UAV do Esquadrão 161 operam em conjunto com drones de outras unidades. A IAF opera outros tipos de UAV armados, como o Elbit Hermes 900 e o Heron TP da Israel Aerospace Industries (IAI).
“Os UAVs do nosso esquadrão estão sobrevoando uma área e coletando informações. Quando um alvo é detectado e confirmado, o comandante da missão aprova o lançamento das munições”, sublinhou. “Há um homem no circuito o tempo todo para que a missão seja abortada se houver perigo de atingir inocentes”, ressaltou a Oficial.
De acordo com a Elbit Systems, o Hermes 450 tem peso de decolagem de 550 kg, capacidade de carga de 180 kg, autonomia para 17 horas em altitudes de até 18.000 pés. Fontes da indústria israelense disseram que nos próximos anos a IAF deve obter uma versão atualizada do Hermes 450, capaz de transportar uma carga de munições mais pesada.
Enquanto a IAF se recusou a detalhar as diferentes munições usadas por seus esquadrões armados de UAV, fontes da indústria disseram que a variedade de munições projetadas para uso em drones aumentou, justamente para atender aos crescentes requisitos operacionais.
Originalmente o Hermes 450 é equipado com um motor Wankel, considerado tão ruidoso que atraía a atenção dos alvos em terra ao se aproximar. Para reduzir essa fragilidade, engenheiros da IAF instalaram silenciadores no motor. No entanto, de acordo com a Vice-Comandante do Esquadrão 161, esses silenciadores afetavam a potência do motor, e foram removidos. Sem detalhar a solução, a Oficial apenas disse que o UAV precisava de potência total, e que uma outra solução contornou o problema, sem “afetar o desempenho operacional”.
Ao final da visita, na linha de manutenção dos Hermes 450, a Major do Esquadrão 161 elogiou a simplicidade de manter esse drone. “Isso nos permite usar um grande número deles quando necessário”, afirmou a Oficial da IAF.
Fonte: Breaking Defense
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