Exercício nuclear ultra-secreto da será realizado no UK. Forças aéreas de 14 países devem participar do evento de treinamento “altamente sensível” que visa testar a capacidade aliada de realizar ataques nucleares, que é considerado hoje a base da política de dissuasão da OTAN. O exercício nuclear da OTAN com aviões de diversos membros, incluindo ai aeronave com capacidade nuclear, deve ocorrer nesta semana sobre o Reino Unido, o Mar do Norte e a Bélgica.
O treinamento anual — chamado Steadfast Noon — ganhou mais importância este ano devido tensões com a Rússia, devido aos temores de que o presidente Vladimir Putin possa considerar um ataque nuclear real na Ucrânia. Excepcionalmente, a OTAN optou por destacar com bastante antecedência o fato de que o exercício estava chegando e era um treinamento preventivo. Isso é também uma tentativa de garantir transparência e reduzir o risco de qualquer mal-entendido sobre o exercício altamente secreto e altamente sensível.
Forças aéreas de cerca de 14 países devem participar, com até 60 aeronaves operando no noroeste da Europa, informou a aliança nesta sexta-feira. Eles incluirão caças de nações aliadas, como Bélgica e Alemanha, que podem transportar bombas B61 fornecidas pelos Estados Unidos, bem como bombardeiros americanos B-52H e B-2. Nenhuma arma real será usada, mas todo o procedimento de ataque nuclear tático será feito a risca.
Organizado este ano pela Bélgica, a formação decorrerá do dia 16 até 30 de outubro. Oana Lungescu, porta-voz da aliança, disse: “Este exercício ajuda a garantir que a dissuasão nuclear da aliança permaneça segura, protegida e eficaz”. Um país diferente da OTAN hospeda o exercício a cada ano. No ano passado foi a vez da Itália. Tudo relacionado à política, postura e atividade nuclear da aliança é normalmente ultra-secreto. Os aliados tentam ser incrivelmente cuidadosos com quaisquer comentários sobre armas nucleares, porque mesmo isso seja uma escalada
A OTAN oficialmente não especifica quando pode usar armas nucleares, além de dizer que tais circunstâncias seriam “extremamente remotas”. Mas a tensão com a Rússia coloca em voga uma retaliação nuclear. Traçar linhas vermelhas pode minar a capacidade da aliança de deter ameaças, então ela prefere ser deliberadamente ambígua. Mas o presidente da França pareceu romper com essa convenção na quarta-feira, dia 12. Em entrevista à televisão, Emmanuel Macron disse que seu país não retaliaria com um ataque nuclear caso o russo Vladimir Putin lançasse uma arma nuclear na Ucrânia ou na região. A opinião de Macron não é compartilhada por outros membros da OTAN.
A crise na Ucrânia parece ter levado a aliança a ser cada vez mais pública sobre seu exercício nuclear anual. Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, disse no início da semana que enviaria um “sinal muito errado” para cancelar o evento há muito planejado. Ben Wallace, o secretário de Defesa britânico, ecoou essa visão e observou que as forças nucleares da Rússia devem realizar seu exercício anual de treinamento mais ou menos na mesma época e não poderíamos não fazer o nosso.
“Acho que essa é a chave. O que não queremos é fazer coisas fora da rotina”, disse ele na quinta-feira passada, falando à margem de uma reunião de ministros da Defesa da OTAN em Bruxelas. Apenas três dos 30 aliados da OTAN têm armas nucleares — os EUA, o Reino Unido e a França. Mas a França não desempenha nenhum papel direto na dissuasão nuclear da OTAN e não faz parte do grupo de planejamento nuclear da aliança, que supervisiona todos os assuntos nucleares aliados.
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