Argentina: US$ 664 milhões para novos aviões de combate. O Governo Argentino informou o congresso que planeja gastar cerca de US$ 684 milhões para comprar novos caças. A informação, repassada dia 15 de setembro, veio do Gabinete de Ministros, Juan Manzur, e do gabinete do ministro da Defesa, Jorge Taiana, após uma sabatina feita pela Comissão de Defesa da Câmara dos Deputados.
O orçamento, incluído no decreto 88/22 do corrente ano, contempla a dotação de US$ 664 milhões de dólares para a compra de aviões de combate, mais 20 milhões adicionais para a nova infra-estrutura necessária. As respostas recebidas pela Câmara dos Deputados definem a aeronave como “uma aeronave de combate multifunção equipada com um radar AESA; sistema de reabastecimento em voo compatível com aeronaves-tanque atualmente em uso na Força Aérea Argentina, um sistema de enlace de dados (datalink) e um conjunto de guerra eletrônica (EW) defensiva. A aeronave ainda teria que ter uma arquitetura aberta para integrar armamento e sistemas de qualquer origem, porém nenhum sistema ou componente poderá ser fabricado ou projetado na Grã-Bretanha.
A proibição visa mitigar a pressão do Reino Unido, que, desde a Guerra das Malvinas em 1982, limitou ou proibiu o fornecimento de peças de reposição e material para equipamentos militares à Argentina. O esforço do Reino Unido prejudicou a manutenção e a capacidade operacional da Argentina.Nos últimos anos a Grã-Bretanha interferiu na compra de jatos caças Dassault Mirage F1 usados da Espanha, Saab Gripen e Korea Aerospace Industries FA-50, além de “engessar a operação dos Super Etendard M” vendidos pela França, bloqueando venda de componentes para os assentos ejetáveis fabricados pela britânica Martin-Baker.
As respostas enviadas aos legisladores também mencionam tipos de aeronaves já avaliadas e consideradas como possíveis soluções, incluindo o JF-17, produzido em conjunto pela China e Paquistão; o F-16, fabricado pela empresa americana Lockheed Martin; o Tejas, de propriedade da empresa indiana Hindustan Aeronautics Ltd.; e o russo Mikoyan MiG-35.
O Tejas pode ser lucrativo, mas seu radar original é parcialmente de origem britânica, seu sistema de reabastecimento em voo é de design britânico e seu assento ejetável vem da Martin-Baker. Um alto oficial militar, falando sob condição de anonimato para evitar represálias no local de trabalho, disse que das quatro aeronaves listadas pelo governo é improvável que a Argentina escolha o MiG-35 por razões “políticas e logísticas”.
A Força Aérea Argentina prefere o F-16, mas o governo dos EUA não está ajudando nisso, pois só está disposto a autorizar uma venda sob condições muito restritivas. Segundo um funcionário do Ministério da Defesa “há cerca de um mês, foi feito um pedido argentino de autorização para integrar o míssil Derby BVR , bem como outras armas e sistemas israelenses no F-16. Não houve resposta de Washington, e o silêncio soa como um não. Tudo isso favorece a aquisição do caça chinês JF-17/FC-1, uma máquina que não possui componentes ou peças britânicas, nem mesmo um parafuso”.
Com o valor alocado será possível comprar 10 a 12 aeronaves JF-17A. A Israel Aerospace Industries está lançando uma nova campanha em Buenos Aires para promover a opção de compra de aeronaves Kfir atualizadas e recondicionadas. O coronel aposentado do Exército Argentino Guillermo Lafferriere, analista de defesa independente baseado em Buenos Aires, está cético sobre as intenções e o compromisso da Argentina de adquirir um novo caça.
“Eles podem fazer longas negociações, podem fazer várias viagens ao exterior para ver ofertas, podem até assinar cartas de intenção que não são contratos. Porém, aqueles que estão no governo hoje passaram décadas chamando os militares de criminosos, além de negligenciar as forças armadas chamando-as de desperdício desnecessário. Seus eleitores acreditam nisso e ficarão furiosos se começarem agora a gastar em equipamentos militares e obter empréstimos internacionais para isso, mesmo uma pequena quantia como essa para caças”.
Siga-nos no Twitter @RFA_digital
@CAS