Reino Unido fala da formação da aliança espacial ocidental. Com o espaço agora amplamente reconhecido como um domínio contestado, o Reino Unido está avançando para determinar a melhor forma de garantir seus interesses de defesa, em meio a uma gama crescente de ameaças de estados como China e Rússia, este em guerra com a Ucrânia.
Diante disto, em 2021, o UK criou o Comando Espacial do Reino Unido, uma estrutura dedicada a supervisionar as operações espaciais, das quais, não menos importante, assumirá o comando operacional dos novos satélites militares Skynet 6, quando estes forem lançados. Anteriormente, as operações seriam gerenciadas pela Diretoria Espacial do Ministério da Defesa, que agora cederá gradualmente as responsabilidades ao recém-criado Comando Espacial.
Falando na recente Space Comm Expo em Farnborough em 8 de setembro, o Comodoro do Ar Mark Flewin, chefe de operações, planos e treinamento do Comando Espacial do Reino Unido, descreveu o ambiente no espaço como sendo um “ponto de inflexão”, onde o uso pacífico está sendo desafiado.
Em 2021, a Rússia virou manchete após realizar um teste de uma arma antissatélite (Anti-Satellite — ASAT) em uma de suas plataformas militares extintas — um satélite LEO, na órbita da Terra. O ataque do míssil deixou como, consequência, dezenas de milhares de novos objetos (detritos) que estão ameaçando a infraestrutura espacial vigente.
“A ameaça está evoluindo, diversificando. Além do ASAT, também estamos vendo o ofuscamento, a falsificação, a operações de hamming que são muito difíceis de atribuir”, disse Flewin, acrescentando que o Reino Unido precisava “aumentar sua resistência para torná-lo mais difícil para os estados hostis nos atingirem”.
Esses ataques sem limites são usados para interromper operações terrestres ou semear desinformação para fins militares ou políticos. Em um caso em 2021, o Reino Unido foi vítima de um ataque de falsificação quando o sinal de identificação automatizado, também conhecido como AIS (Automatic Identification System), do destróier da Marinha Real HMS Defender, operando no Mar Negro, perto da Crimeia ocupada pela Rússia, foi ‘falsificado’ para indicar que o navio tinha realmente cruzado águas territoriais russas. Tais incidentes servem para fornecer aos estados uma casus belli (Causa beligerante) para lançar ataques ou operações de represália, usando as informações que, geralmente, são destinadas ao consumo interno do estado ou aliados externos.
Flewin também falou da necessidade de o Reino Unido trabalhar com parceiros internacionais no desenvolvimento de uma estratégia multinacional coerente para o domínio espacial. Atualmente, o Foreign Commonwealth and Development Office do Reino Unido está liderando os esforços nas Nações Unidas para criar um conjunto definido de normas operacionais para o domínio espacial, o que poderia proibir os testes de ASAT.
Através da interação com aliados e parceiros, Flewin disse que o Reino Unido conseguiria ajudar na formação de uma “aliança espacial ocidental”, uma fraseologia que indica ainda mais a natureza contestada do espaço da órbita terrestre. Em 2021, a OTAN alterou a redação do seu famoso Artigo 5º, segundo o qual um ataque a um membro provocaria uma resposta automática de todos os outros, para incluir as atividades no domínio espacial.
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