Em um processo rápido, eficiente e focado nas necessidades operacionais, a Força Aérea Brasileira (FAB) adquiriu no mercado duas aeronaves comerciais Airbus A330-243 para reequipar o 2º Esquadrão do 2º Grupo de Transporte (2º/2º GT) – Esquadrão Corsário, sediado na Base Aérea do Galeão (BAGL). No anúncio, feito em 18 de abril de 2022, o Comando da Aeronáutica informou que havia comprado as duas aeronaves da empresa aérea Azul Linhas Aéreas (PR-AIS e PR-OCK), pelo valor aproximado de US$ 80 milhões. Todo o processo do projeto KC-X3, como foi denominado, pode ser considerado um exemplo de gestão pública, com o estudo de viabilidade sendo feito em 2021; a licitação lançada já em janeiro de 2022 e o resultado final na forma da primeira aeronave – o FAB 2901 –, sendo entregue no Galeão no dia 26 de julho de 2022.
Mais que reequipar sua tradicional unidade de transporte pesado, a aquisição dos A330 abriu as portas para a conversão dessas em aeronaves em A330 MRTT – Multi-Role Tanker Transport –, pela Airbus Defense and Space, em sua planta em Sevilha, Espanha, o que deverá acontecer a partir de 2024.
Com o A330 MRTT (futuro KC-30), a FAB voltará a ter uma capacidade perdida desde 2013, quando da despedida dos Boeing KC-137 do próprio 2º/2º GT: transporte e reabastecimento em voo estratégico. É algo fundamental não só para a FAB, mas para o país. Ter uma aeronave multimissão de transporte e reabastecimento em voo (REVO) estratégico permite que a FAB cumpra não só missões de combate e projeção de força, mas também o transporte de carga (paletizada) e passageiros, missões de evacuação aeromédica (EVAM), voos logísticos e até voos VIP/presidencial. Em suma, é ter capacidade global de transporte, algo que os últimos eventos em nível mundial nos mostraram ser essencial, e que garante independência.
Em paralelo à chegada dos dois primeiros C-30 (designação FAB dos A330), vimos também este ano o Embraer KC-390 Millennium atingir novos e importantes marcos operacionais, bem como equipar, a partir de março, a segunda unidade operacional da FAB: o 1º Grupo de Transporte (1º GT), também sediado na BAGL.
Junto com o 1º Grupo de Transporte de Tropas (1º GTT) – primeira unidade de KC-390 do mundo –, o 1º GT ampliou as operações do bimotor da Embraer na FAB. Dentre inúmeros voos de transporte, muito em apoio à Covid-19, e operações com o Exército e viagens ao exterior, dois feitos merecem grande destaque: a primeira operação ao continente gelado e a primeira campanha operacional de reabastecimento em voo, realizados em julho e agosto, respectivamente.
São dois pontos significativos que demonstram que o projeto está amadurecendo operacionalmente, é confiável e, que, sem dúvida, atende às necessidades da FAB e do país. A Operação Antártida, em breve, será coroada com o primeiro pouso, provavelmente no final deste ano. Já quanto ao REVO, este, cada dia mais, terá a presença do KC-390 nas missões dos F-5M e A-1M, e, em breve, dos F-39. Essa maturidade do Millennium é um claro sinal de que o lendário Lockheed KC/C-130M Hercules já poderá se aposentar em paz em 2024, com a certeza de ter deixado um sucessor à altura.
O ano de 2022 será certamente lembrado como o ano em que a fotografia da Aviação de Transporte da Força Aérea Brasileira (FAB) começou a mudar para melhor, mostrando bem o desenho da FAB para os próximos anos. O futuro da Aviação de Transporte atende pelos nomes de C-105A, KC-30 e KC-390. Sem dúvida, o Brasil estará bem-servido.
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