Forças Sul-africanas estariam a beira do abismo. A mídia da África do Sul tem feito relatos que várias aeronaves e helicópteros da Força Aérea da África do Sul (South African Air Force — SAAF) estão parados e sem previsão de voltar, em um colapso que parece não ter mais fim, não só na SAAF, mas em todas as Forças Armadas.
Segundo dados publicados em jornais sul-africanos, entre 65% a 70% das aeronaves militares estão paradas por falta de peças, manutenção e por não cumprirem os acordos de revisão previstos com empresas terceirizadas. Os demais 30% da frota estão com restrições de horas de voo, de combustível ou sobrecarregadas. A crise vem se agravando há cerca de cinco anos, mas piorou com a COVID-19.
Em meio as críticas feitas pela imprensa, o porta-voz do Departamento de Defesa (DoD), Siphiwe Dlamini, se resumiu a comentar supostos erros em um artigo do Sunday Times de 23 de agosto, sobre o presidente Cyril Ramaphosa ter fretado um Airbus A340 da South African Airways (SAA) para levar ele e uma pequena delegação à República Democrática do Congo para participar da 42ª Cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC — Southern African Development Community). Segundo ele, o custo do voo foi de apenas R$ 1,6 milhão, não os R$ 2,6 milhões como o jornal relatou em sua história ‘enganosa’, afirmou Dlamini.
O aluguel do A340 (por que não uma aeronave menor?), segundo o próprio Inkwazi, ocorreu devido ao Boeing 737-7ED VIP operado pelo 21st Squadron, juntamente com outras aeronaves executivas do inventário da unidade que é sediada na Base Aérea de Waterkloof estarem fora de serviço por problemas de manutenção, a maioria por revisões básicas previstas pelo fabricante.
A falha em realizar essas manutenções básicas — muitas vezes por causa de cortes orçamentários ou incompetência — fez com que vários outros sistemas importantes, incluindo caças supersônicos Gripen, fossem aterrados pela SAAF por mais de ano, começando neste mês de setembro um tímido movimento de retorno com o primeiro voo de um Gripen C no dia 5 de setembro, que ainda não se sabe ao certo se isto se traduz na volta da operacionalidade.
Hoje SAAF tem pouco mais de 220, sendo os 26 Gripen C/D o único vetor de combate supersônico, que hoje está com disponibilidade quase zero. Os seis C-130BZ, principal vetor de transporte, também sofrem com baixa disponibilidade. Segundo dados da imprensa sul-africana, hoje cerca de 70 aeronaves teria condições de realizar algum tipo de missão, muitas com restrições de horas na SAAF.
A história se repete em todo a South African National Defence Force (SANDF), que agora não consegue cumprir seu mandato constitucional básico de defender o país, muito menos oferecer assistência logística e humanitária em tempos de desastres naturais e nacionais. Para a mídia local, crítica da má gestão financeira do país, fato de que suas forças armadas estão em uma queda mortal e mortal, que já arrastou a indústria de defesa, vide a principal empresa sul-africana, a Denel Aeronautics, que está com sérias dificuldades financeiras, em boa parte pelo não cumprimento dos contratos com a própria SANDF.
A Armscor ou Armaments Corporation of South Africa — a agência de compras do Departamento de Defesa da África do Sul, está sendo criativa ao lidar com a crise na Denel pagando diretamente desde 2021 os fornecedores da empresa, responsável pela manutenção dos Helicópteros Rooivalk e Oryx, bem como dos C-130 Hércules.
No final do mês passado, Armscor taambém disse ao Comitê de Portfólio de Defesa e Veteranos Militares do Parlamento (PCDMV) que todos os contratos de manutenção de aeronaves da SAAF estão sendo resolvidos, incluindo os dos Gripen e Pilatus, bem como as aeronaves VIP e que há 40 contratos em vigor.
Siga-nos no Twitter @RFA_digital
@CAS