EUA confirmam envio de mísseis anti-radiação para a Ucrânia. O Subsecretário de Defesa dos EUA, Colin Kahl, recentemente confirmou que as autoridades dos EUA transferiram “mísseis anti-radiação” não especificados para a Força Aérea Ucraniana (UAF). Embora Kahl não tenha informado que tipo de mísseis foram entregues à UAF, imagens foram divulgadas nas mídias sociais mostrando os restos aparentes de um míssil anti-radiação de alta velocidade AGM-88 (HARM), supostamente disparado contra uma posição russa.
Os mísseis anti-radiação (ARM) utilizam as emissões de radiofrequência do inimigo, principalmente de matrizes de radar dos sistemas de defesa antiaérea, para localizar e destruir seus alvos.
O subsecretário norte-americano fez seus comentários em uma entrevista coletiva na segunda-feira (08/08), anunciando um novo pacote de ajuda militar dos EUA de aproximadamente US$ 1 bilhão para as forças armadas ucranianas. Este novo pacote em particular, inclui um lotes de foguetes do Sistema de Foguetes de Lançamento Múltiplo Guiado (GMLRS) para uso nos Sistemas de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMARS), munições não especificadas para os Sistemas Avançados de Mísseis Terra-Ar do NASAMS, mísseis antitanque Javelin adicionais entre outros.
Imagens do que parecem ser os restos de um míssil AGM-88 HARM divulgadas em redes sociais russas, inclusive com o fragmento da aleta estabilizadora BSU-60A/B do HARM (Fonte: Redes Sociais).
O novo pacote de ajuda à Ucrânia não inclui caças, assunto que tem sido um tema de frequentes conversas entre ambos governos há meses. Kahl respondeu a perguntas sobre possíveis transferências futuras de aeronaves para a Ucrânia:
“Eu só destacaria duas coisas. Primeiro, houve muita conversa sobre os MiG-29 há vários meses, mas pouca atenção foi dada ao grande número de peças de reposição e outras ações que tomamos para ajudá-los a manter os jatos ucranianos em operação por mais tempo. Além disso, em pacotes recentes de PDA [Autoridade de Retirada Presidencial] incluímos vários mísseis anti-radiação que podem ser disparados dos aviões ucranianos. Eles podem ter um grande efeito nos radares russos entre outros alvos.”
Caso os EUA realmente tenham transferidos os AGM-88 para a Ucrânia, especialistas trazem a tona dúvidas sobre quais aeronaves ucranianas seriam capazes de lançá-los,e quando foi realizado o trabalho de integração da arma nessas aeronaves. Por outro lado, há especulações se os HARM poderiam ter sido disparados por um lançador terrestre.
Outros mísseis do inventário dos EUA também poderiam ter sido adaptados ao papel anti-radiação. No entanto, isso parece menos provável, uma vez que existem estoques de AGM-88, um tipo que também ainda está em produção ativa, o que significaria que seria mais fácil manter as entregas dessas armas para a Ucrânia.
Há outra possibilidade de Kahl estar se referindo a mísseis da era soviética, como o Kh-31 ou Kh-58, que já são compatíveis com algumas aeronaves da frota ucraniana. As forças armadas dos EUA poderiam ter em seu estoque um pequeno número de mísseis Kh-31 ou similares, adquiridos como parte dos chamados esforços de “Exploração de Material Estrangeiro” (FME) ou por outros meios. Sabe-se que o governo dos EUA já enviou helicópteros Mi-17, sistemas de armas e outros equipamentos de fabricação soviética e russa para a Ucrânia do seus estoques da FME e de outras fontes. No entanto, mais uma vez, isso parece muito menos provável, dadas as outras evidências disponíveis.
Cabe ressaltar que após o colapso da União Soviética na década de 1990, a McDonnell Douglas (atual Boeing) trabalhou com a empresa russa Zveda-Strela para desenvolver um derivado do Kh-31 para alta alvos de alta velocidade para uso militar dos EUA. Não está claro se existem ou não tais alvos aéreos MA-31 ainda no inventário dos EUA. De qualquer forma, eles teriam que ser adaptados para a aplicação de mísseis anti-radiação.
Fonte: GM
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