Venda de Rafales à Croácia e Grécia prejudicará formação de pilotos do AAE. Para atender às encomendas da Grécia e da Croácia, o Armée de l’Air et de l’Espace (AEE) terá que se desfazer de 24 Dassault Rafales F3-R (Rafale B/C) da sua frota de cerca de 100 aeronaves. Esta redução deve prejudicar a formação de novos pilotos para o AAE, mesmos com a compra de 12 Rafale F4 novos pelo governo francês.
Do montante de 24 Rafales, parte deles biplaces, a Croácia receberá seis Rafale F3R da frota ex-AAE até o início de 2024 e outros seis em 2025, fechando 12 aeronaves usadas. A Grécia já recebeu seis aeronaves ex-AAE e os últimos seis serão entregues no ano que vem. No total, a Hellenic Air Force (HAL) terá 24 Rafales, sendo 12 deles novos de fábrica e 12 usados.
Para que a AAE cumpra seu contrato operacional, o Ministério da Defesa havia explicado que os recursos advindo do contrato com a Croácia seriam usados para modernizar 14 Rafales, bem como adquirir pods TALIOS adicionais e radares AESA RBE2. No entanto, estes contratos não passarão em branco, isto é deixarão consequências na atividade diárias de formação e treinamento das tripulações do AAE.
Isso foi explicado pelo general Frédéric Parisot, durante uma audiência na Assembleia Nacional em 27 de julho. “A venda de aeronaves usadas permite que alguns países tenham Rafales, ao passo que para nós, teremos recursos para a compra de aeronaves Rafale novas e de nível superior as atuais. A diferença de custo é semelhante à de trocar um carro usado por um novo. Vendemos doze aeronaves para a Grécia por cerca de 400 milhões de euros e compramos tantas outras por mais de 1.000 milhões. Desvantagem o tempo decorrido entre o pedido e a entrega de um Rafale é de três anos, sendo relativamente longo devido à cadeia de subcontratação”.
Diante dos atrasos no recebimento do novo Rafale, a AEE terá que reduzir o número de horas de voo de suas tripulações. De acordo com os regulamentos da OTAN, eles deveriam, teoricamente, voar 180 horas por ano. “As consequências da ligeira redução dos Rafale nos próximos dois anos afetarão tanto os contratos operacionais quanto as capacidades de treinamento dos pilotos: este ano, 164 horas por piloto de caça contra cerca de 147 horas nos próximos dois anos. Nosso potencial técnico é menor porque temos menos aeronaves e o número de pilotos é o mesmo”, completou o General Parisot.
Além disso, disse, “é absolutamente necessário reforçar a encomenda para repor os 12 Rafale vendidos à Croácia, com uma encomenda mais global, prevista para 2023, que prevê 30 aeronaves, e que deveria ser aumentada para 42 aeronaves Rafale a serem entregues entre 2027 e 2030”. O raciocínio é que os 24 Rafales F3-R devem ser substituídos por 24 novos, onde os valores de venda sejamos usados para abater no preço final dos modelos F4.
Além disso, o General Parisot considerou que o objetivo de equipar a EAF com 185 Rafales até 2030 deveria ser revisto para mais. “Quando ingressei na Força Aérea, há 36 anos, tínhamos 750 caças. Eram aeronaves dedicada (missão única). Um Rafale, por outro lado, é multirole, embora não seja onipresente: um limite máximo de 185 aviões provavelmente é muito baixo. Devemos apontar para 225 aeronaves ou mais para poder realizar nossas missões com tranquilidade”, disse o segundo em comando da AAE.
O LPM 2019 – 25 (Loi de Programmation Militaire (2019 – 2025) prevê que o AAE seja equipado com 185 Rafales e 55 Mirage 2000D e a Marinha (Aeronavel) com 40 Rafale M.
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