Israel: o futuro ideal é um misto de F-15IA e F-35I. Israel ainda mantém a superioridade aérea em sua região. Porém, nos últimos anos, a Israeli Air Force (IAF) parece estar gradualmente perdendo esta ampla capacidade, apesar de ainda ser uma das mais fortes, se não ma mais forte, Força Aérea do Oriente Médio. É consenso dentro do Ministério da Defesa de Israel (Israel Defense Forces — IDF), que se as decisões certas não forem tomadas em breve, a famosa vantagem qualitativa e quantitativa que Israel obteve o longo das últimas décadas sofrerá um golpe devastador e para muitos poderá pôr em perigo a existência do Estado de Israel.
Considerando as ameaças que Israel enfrenta no Oriente Médio — do Hamas em Gaza ao Hezbollah no Líbano, e o programa nuclear do Irã — não há dúvida de que as IDF precisam continuar a manter a superioridade aérea, o que só poder ser assegurada por uma Força Aérea que seja a mais forte e avançada do Oriente Médio. No entanto, nos último anos este “título” de mais forte força aérea da região vem sendo posto em cheque. Diversos países da região tem se modernizado comprando novos vetores: Qatar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e até mesmo o Egito, vem freneticamente modernizando sua frotas.
Embora Israel não revele o tamanho de sua frota, a IAF teria cerca de 600 aeronaves. Isso inclui caças, aeronaves de transporte e helicópteros. Mas por causa dos cortes orçamentários e da necessidade de aposentar aviões mais antigos que não podem mais “render” dentro da atual arena, os militares tem visto uma IAF diminuir últimos anos.
A IAF aposentou vários F-16A/B, alguns dos quais vendidos no mercado privada. Um parcela deles foram substituídos pelo F-35I Adir. O problema é que os F-35 ainda estão sendo entregues. Hoje são 33 F-35I entregues de um total de 50, algo considerado abaixo do necessário. O governo israelense negocia com o governos americano um novo lote de 25 unidades. Se novos aviões não forem encomendados, a IAF poderá ter com uma frota composta por F-35I, F-16C/D/I e de punhado de F-15I Ra’am, que já estão em serviço há mais de 25 anos.
Aumento do orçamento para acelerar a modernização não parece ser viável no momento. Israel normalmente paga por suas aeronaves com a ajuda militar estrangeira anual que recebe dos EUA. Sob o atual programa de Financiamento Militar Estrangeiro (FMF — Foreign Military Financing), que expira em 2027, Israel recebe US$ 3,8 bilhões, a maioria dos quais já está destinada a projetos existentes, como defesa antimísseis, compra dos F-35 e dos KC-46A. Seria possível tirar do orçamento do país US$ 1 bilhão por ano nos próximos anos para comprar os novos aviões? Sim. Mas para grande parte do governo e da população usar dinheiro que não seja FMF seria visto como uma heresia. É um sacrilégio pedir a Israel que pague os aviões com dinheiro que não vem dos americanos — se isso acontecesse, prejudicaria o programa FMF. Se Israel pode pagar por aviões por conta própria, as pessoas argumentariam, então por que precisa de ajuda americana?
Uma opção que vem sendo estudada para ampliar o FMF é parar de usar US$ 500 milhões dos US$ 3,8 bilhões anuais para comprar combustível de aviação. Combustível não é arma e pode ser comprado com dinheiro não FMF, isto é do orçamento do IDF. Isso causaria um abalo no financeiro do IDF, mas também abriria fundos americanos para os aviões de que Israel precisa.
A IAF está em uma encruzilhada. Seus F-16C/D/I/F-15C/D e F-15I estão com mais de 25 ano de serviço e outros vetores como os CH-53 Yasurs e KC-707 em final de carreira, com muitos retidos em solo por problemas de disponibilidade. Estes últimos ganharam substitutos, na forma de 18 CH-53K King Stallion e até 8 KC-46 Pegasus, porém só devem de fato começarem a ser entregues em 2026 e 2024, respectivamente.
Já os F-15 e F-16 não tem uma solução a curto prazo e, infelizmente, o tempo não está do lado de Israel. Aviões levam anos para serem construídos e mais anos até chegarem e se tornarem operacionais. Não existe encomendar um avião hoje e recebê-lo na próxima semana. Linhas de montagem — como a do F-15EX — estão atualmente no meio da construção de aviões para a USAF e outros clientes. Israel não pode simplesmente pular a fila. E neste impasse, os desafios estão crescendo — basta ouvir o discurso de ameça do líder do Hezbollah, Sheikh Hassan Nasrallah.
A IAF precisa estar pensando cinco ou dez anos à frente o tempo todo. Generais não podem estar pensando apenas nos desafios que enfrentarão amanhã ou mesmo no próximo ano, mas sim nos inimigos e nos tipos de ameaças que seus pilotos precisarão enfrentar em 2030 e além. As decisões tomadas hoje terão impacto na forma como o Estado de Israel poderá se defender nos próximos 50 anos.
Algo aconteceu nas IDF nos últimos anos que impediu que essas decisões fossem tomadas. Planejamento ruim, batalhas de ego e, claro, eleições ininterruptas levaram a uma paralisia que tomou conta não apenas do sistema de governo de Israel, mas também do que deveria ser o “Santo dos Santos” dos militares: a alardeada IAF.
Dentro da IAF há pouca dúvida que precisa o melhor cenário é haver uma mistura de F-35I e F-15EX, o qual Israel já está de olho (F-15IA). Os F-35, com sua baixa assinatura de radar e capacidade furtiva, podem abrir os céus infiltrando-se em um país inimigo e retirando seus sistemas de radar e mísseis terra-ar. Em seguida vem uma onda de F-15, que pode voar mais longe do que o F-35 sem reabastecimento e transportar muito mais munições. A outra vantagem do F-15 sobre o F-35 é que Israel poderá instalar seus próprios sistemas nos aviões.
O General Aluf Tomer Bar, o novo comandante da IAF, precisará finalizar os preparativos israelenses para um possível ataque contra as instalações nucleares do Irã. Mas, primeiro, ele precisará lutar por outra coisa: um plano de compras devidamente organizado que garantirá a vantagem qualitativa e a superioridade aérea de Israel nas próximas décadas.
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