Suécia diz que República Tcheca poderá manter Gripens de graça (MD Rep. Tcheca). O governo do Presidente Petr Fiala quer decidir em julho de 2022 quais caças os pilotos tchecos usarão após o término do arrendamento dos 14 JAS 39C/D Gripen, cujo contrato de arrendamento termina em 2027. A escolha provável recairá sobre o caça americano F-35 ou a nova versão do caça sueco, o Gripen E. A novidade nesta equação é que o embaixador sueco na República Tcheca, Fredrik Jörgensen, disse em entrevista ao Seznam Správy que o país poderá ficar com os Gripen C/D que arrendou da Suécia quase que de graça.
Segundo o embaixador, os suecos se ofereceram para manter os Gripens C/D atuais quase de graça como um ato de boa vontade para manter o país como cliente do caça nórdico. A Vzdušné síly armády České republiky ou Czech Air Force — CzAF (Força Aérea Tcheca) opera 12 JAS 39C e dois JAS 39D no 211. Tacticka Letka (211.TL) sediado na base aérea de Čáslav. Estas aeronaves foram recentemente atualizadas, como publicamos aqui.
A declaração no entanto, também soou como uma tentativa de reverter a compra do F-35, dada como provável. Tanto os americanos quanto os suecos estão interessados nessa gigantesca encomenda de dezenas de bilhões de dólares. Os nórdicos vão oferecer a versão mais moderna do Gripen, o JAS 39E/F. O concorrente é caças americano Lockheed Martin F-35A, hoje um campeão de vendas. O futuro da aviação de caça tcheca será discutido no próximo mês.
“O governo deve considerar o futuro da aviação supersônica provavelmente em julho. Será uma decisão política baseada na recomendação de especialistas da CzAF, que está avaliando as opções possíveis”, disse a Ministra da Defesa Jana Černochová.
Já está claro que a República Tcheca não quer continuar na forma de arrendamento, e sim comprar 24 caças, ou seja, dois esquadrões. A ministra ainda não quer indicar o lado está se apoiando. Segundo informações do Seznam Zpráv, porém, os americanos estão em melhor posição e são os favoritos dela. O governo quer comprar desta vez 16 aeronaves, com a opção de mais 8 aeronaves.
O vice-presidente da Câmara dos Deputados Jan Bartošek (KDU-ČSL) é favorável aos americanos. Segundo ele, é bom que o governo decida sobre a compra rapidamente. “Sim, vamos colocar nossa Força Aérea com o melhor que há no mercado. O F-35 faz mais sentido para mim, porque vários estados vizinhos o tem ou terão ele como aeronave padrão e isto facilita muitas coisas para nós em termos de operação, treinamento e logística”.
Ele faz alusão ao fato de que muitos países europeus, como Polônia, Finlândia, Reino Unido, Suíça, Noruega, Holanda, Finlândia, Itália, Alemanha e Grécia optaram pelo F-35, afora os Estados Unidos que também estão operando o caça stealth em solo europeu. Há uma adesão europeia em massa ao caça da Lockheed Martin, que ainda poderá ter outras vitórias na região, como Hungria.
No entanto, a oposição ao governo critica as ações do Ministério da Defesa. O movimento ANO está aborrecido porque o tema da compra de caças por dezenas de bilhões de coroas não foi abordado na Câmara dos Deputados. “Nós não sabemos nada sobre isso no Comitê de Defesa. Até o momento, não discutimos nenhuma recomendação, provavelmente será apenas uma decisão política. Não tenho informações suficientes para dizer que será o F-35, o novo Gripen E, ou ainda, se devemos ficar com os Gripens atuais, porque serão mais baratos. Estou bastante surpreso que a Ministra não leve esses assuntos ao comitê”, disse o vice-presidente do comitê de defesa Pavel Růžička (ANO).
O deputado Radovan Vích (SPD) ficaria com os Gripens. “Já se falei aqui que precisamos de 24 aeronaves e a preferência seria para o F-35. Mas há dinheiro para isto? A compra pode pôr em risco o orçamento. Uma hora de voo do JAS 39C Gripen custa aproximadamente US$ 5.000 (117.000 coroas), uma hora de voo do F-35A custa US$ 30.000 (704.000 coroas). Para fazer sentido, cada piloto teria 150 horas de voo por ano. Pense no custo disto hoje e no futuro? Além disso, a reciclagem para um novo tipo é uma questão de um ou dois anos de investimento. Valeria mais a pena ficar com os atuais Gripens.”
Embora, de acordo com várias fontes de Seznam Zpráv, se fale que o atual governo quer seguir o caminho da compra de caças americanos, os suecos não desistiram e estão tentando convencer a República Tcheca até o último momento de que seu Gripen seria uma boa escolha. No último momento, o governo sueco está tentando reverter a decisão do governo tcheco, oferecendo-se para deixar o esquadrão Gripen existente de graça. Desespero? Para a Suécia não.
“É possível transferir essas aeronaves atualmente alugadas para a República Tcheca a custo essencialmente zero. Eles basicamente já foram pagos, é como alugar um carro. Nós os consideraríamos pagos e, com base nisso, poderíamos expandir o sistema de cooperação para Gripens da série C ou mesmo Gripens da série E”, disse o embaixador da Suécia na República Tcheca, Fredrik Jörgensen.
A ministra da Defesa Jana Černochová (ODS), disse que não sabe nada sobre esta oferta. “Esta é uma informação completamente nova para mim. Portanto, posso comentar sobre uma possível oferta somente após recebê-la oficialmente e me familiarizar com seus detalhes”.
A proposta sueca é manter os Gripens C/D e efetuar uma transição sustentada para os Gripens E/F no futuro. Naturalmente os pilotos de Gripen da CzAF fariam mais rapidamente a transição para o novo Gripen, que tende a ser mais barato de operar. Contra sua aquisição é sua taxa de operadores e aeronaves produzidas, que historicamente, criam problemas operacionais e de logística.
Por outro lado, o F-35 é uma aeronave mais potente e capaz que o Gripen E, e por ser operada por outras Forças da OTAN, traria uma enorme vantagem de logística, operação e padronização. Além disto, um fator primordial é o número de operadores e aeronaves produzidas, que promete manter o caça em serviço e atualizado até pelo menos 2070. Contra é que seus custos de operação que, sem dúvida são maiores e sua manutenção, dita como complexa.
O fato é que, apesar de ser made in Europa, o Gripen não tem sido páreo em vendas para o F-35, que claro, conta com a força do lobby do Governo dos EUA. O governo tcheco agora está sob a pressão do tempo e deve decidir o mais rápido possível, para não ficar para trás em uma Europa que hoje vive muitas incertezas futuras, devido a problemas econômicos, pandemia e a crise na Ucrânia, que ressuscitou o fantasma da guera fria.
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