Comunicação do Centro Montevidéu negando o 747 da EMTRASUR de ingressar no espaço aéreo uruguaio. O Ministro da Defesa do Uruguai, Javier García, prestou esclarecimento ao parlamento do país, no qual relatou minuto-a-minuto do que ocorreu na tarde de 08 de junho, quando o Boeing 747-300 da companhia venezuelana EMTRASUR, com 19 tripulantes (sendo cinco iranianos), teve negado o ingresso no espaço aéreo do uruguaio. Além disso, foi apresentada a gravação das comunicações entre o controlador de voo do Centro Montevidéu (ACC Montevidéu) e o voo “ESU 9219”.
Em 07 de junho, os órgãos de controle do espaço aéreo uruguaio receberam a solicitação de operação do Boeing 747-300 da EMTRASUR, matrícula YV3531. “Fomos solicitados sobre a operação, com chegada prevista às 17h, horário local de 08 de junho”, disse Garcia, complementando que “depois de dois dias descansando em Buenos Aires, eles voaram trinta minutos, chegando às 17h, para reabastecer, resolver a burocracia e decolar às 20h”.
No dia previsto para o voo, às 13h41 houve alterações no planejamento “Minutos antes de o avião partir, houve outro pedido de prorrogação da estadia no Uruguai até 09 de junho às 16h”. A alegação relatada por e-mail foi para descanso da tripulação, disse o ministro, que chamou a atenção: “Depois de dois dias descansando em Buenos Aires, eles iam atravessar o Rio da Prata em 30 minutos, e nos pediram para estender a estadia no Uruguai por vinte e quatro horas, para descansar. Impressionante, não é isso?”, disse ele.
O voo “ESU 9219” decolou do Aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, às 14h48, cerca de 12 minutos antes do programado. “O voo não saiu às 15h00 conforme o plano de voo que estava previsto, mas cerca de quinze minutos antes, às 14h45 (sic), como que acelerando as ações” disse go Ministro.
Por volta das 15h07, Garcia recebeu uma ligação do seu colega, o Ministro do Interior, Luis Alberto Héber Fontana, que o transmitiu as informações recebidas do Serviço de Inteligência do Paraguai sobre a EMTRASUR, uma empresa sancionada pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. “Havia um alerta sobre essa circunstância e, ao mesmo tempo, me solicitando a possibilidade de localizar o avião, para impedi-lo de entrar no espaço aéreo uruguaio”, disse Garcia. “Falei ao ministro Heber que precisava desligar porque eu não sabia onde estava o avião, se havia decolado de Ezeiza, se estava voando ou se já estava no espaço aéreo uruguaio.”
Imediatamente Garcia ligou para o Comandante da Força Aérea Uruguaia, General Luis H. De León, repassando as orientações, seguidas de uma mensagem via WhatsApp com a lista de tripulantes que ele havia recebido do Ministério do Interior. “Quatro minutos e uma fração foi o tempo que passou desde que recebemos a informação até que demos a ordem de que, se não tivesse entrado no espaço aéreo uruguaio, não entraria”, disse o ministro.
A mensagem vinda do Paraguai com os nomes dos tripulantes iranianos a bordo do 747 venezuelano, ligavam essas pessoas à grupos terroristas: “quanto ao tipo de ameaça, os grupos mencionados foram associados, entre outros, ao Hezbollah, autor dos atos terroristas em Buenos Aires, nos quais morreram mais de cem pessoas. O grupo de guardas tem a Força Quds e outra organização com outro nome que tem participado no apoio logístico ao grupo terrorista Hezbollah que, a vinte e cinco minutos de onde estamos, matou mais de uma centena de pessoas na Embaixada de Israel e na AMIA”, disse o ministro.
Poucos minutos após o contato com o Comandante da FAU, esse retornou informando que o voo havia sido barrado antes de ingressar no espaço aéreo uruguaio. Após retornar a ligação ao Ministro do Interior, para informar o resultado da situação, Garcia contatou o o presidente Luis Lacalle Pou e o Diretor da Secretaria de Estado de Inteligência Estratégica, Álvaro García, para deizar-lhes a par do ocorrido.
Enquanto aguardava o desenrolar da situação, o Boeing 747 foi orientado a manter espera sobre uma posição aeronáutica sobre o Rio da Prata, chamada “DORVO”, que divide o espaço aéreo argentino do uruguaio. “Foram trinta e seis minutos de voo. O tempo de espera naquele momento, de que estávamos falando, era de dez minutos e quarenta e cinco segundos, ou duas voltas. O tempo que o voo dura entre a decolagem de Ezeiza até Dorvo, que é o ponto limite em que paramos o avião – a entrada em nosso espaço aéreo – foi de doze minutos”, disse o ministro.
“Agradecemos a informação que o Paraguai compartilhou. O ministro Heber fez isso publicamente e eu o faço institucionalmente aqui no Senado. Essa informação nos permitiu tomar a decisão em quatro minutos. Se não tivéssemos feito corretamente, como fizemos, desde quase duas semanas estaríamos em uma tremenda confusão do ponto de vista internacional e nacional, mas não estamos por tê-lo adotado naquele momento”, disse Garcia.
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