80 anos do EC 2/30 “Normandie-Niémen”. Uma das mais importantes e famosas unidade do Armeéde l’Air et de l’Espace (AAE) está comemorando 80 anos no próximo dia 1º de setembro. Para marcar a ocasião, a unidade realizou uma bela pintura comemorativa no Dassault Rafale AAE 125/30-GD.
O esquadrão Normandie-Nieman é conhecido como a famosa unidade de combate francesa que lutou com os soviéticos na Frente Oriental, obtendo resultados muitos expressivos. Ela foi criada oficialmente em 1º de setembro de 1942 como Groupe de Chasse Normandie n° III (GC 3), em Riyaq no Líbano. Orginalmente, eram 14 pilotos e 58 mecânicos, todos voluntários, franceses e vindos de unidades francesas dentro da RAF, entre elas, os grupos de caça Île-de-France na Inglaterra (os “ingleses”) e do Alsace Fighter Group do Norte da África (os “líbios”).
O GC 3 voou durante a guerra o famoso caça russo Yak-1b e após os Yak-3 entre 1942 e 1945. Com fim da guerra, a unidade retornou à França. Em 20 de junho de 1945, os aviadores franceses desembarcaram em Le Bourget, onde foram recebidos como heróis. Segundo fontes oficiais, 38 Yak-3 transladados deste a Frente Oriental desfilaram sobre a Champs-Élysées, a Torre Eiffel e o Arco do Triunfo, trazendo consigo números impressionantes. O regimento abateu 273 aeronaves inimigas com outros 37 prováveis abatimentos. Que resulta em 310 inimigos abatidos! Por outro lado, o esquadrão perdeu 87 aeronaves e 52 pilotos, sendo 42 diretamente em combate.
Foram voadas 5.240 missões em 4.354 horas de voo, que resultaram em 869 combates aéreos. A unidade também destruiu 27 trens, 22 locomotivas, 132 caminhões e 24 vagões. Ao todo 30 pilotos se tornaram “Áses” (pilotos com cinco ou mais vitórias ar-ar). Quatro pilotos — Marcel Albert, Marcel Lefèvre, Jacques André e Roland de La Poype – tornaram-se Heróis da União Soviética.
Em 1947, marcou o fim do Yak-3 no RC Normandie-Niemen, que foi designado para a base aérea de Rabat-Salé, no Marrocos, sendo equipado com os Bell P-63 Kingcobra. Dois anos depois, durante a Guerra da Indochina (1949-1951), o Regimento estava estacionado em Saigon, Vietnã, equipado com o Gurmman F6F Hellcat ex-US Navy, tendo realizado diversas operações de apoio aéreo durante o conflito no Sudeste Asiático. A guerra voltava à rotina pouco mais de 4 anos após a Frente Oriental, e o regimento realizou 4.977 missões de guerra na Ásia.
Em 1951, o regimento retornou ao norte da África, dessa vez, para a Base Aérea Oran La Sénia “Commandant Tulasne” (BA 141) — Argélia, sendo reequipado com os Republic P-47D. Lá, em 1953, o RC foi dividido em duas unidades, com uma delas designada Escadron de Chasse 2/6 (EC 2/6) — Normandie-Niemen, dando continuidade ao legado deixado pelo RC Normandie-Niemen. Com os P-47D, a unidade efetivou missões de aplicação da Lei na então colônia francesa, tendo voado em ações contra os rebeldes na chamada Guerra da Independência Argelina (1954-1962).
Com a independência argelina, o EC 2/6 acabaria sendo transferido para a Base Aérea de Orange-Caritat (BA 115) — França, em 13 de março de 1962, sendo reequipado com a versão francesa do De Havilland Vampire inglês, o SNCASE SE-535 ‘Mistral’, que se tornou o primeiro vetor a jato do Normandie-Niemen. Também foi nesse ano que o EC 2/6 mudaria sua denominação para Escadron de Chasse 2/30 (EC 2/30) — Normandie-Niemen. A partir de 1966, os aviadores “Neu-Neu” (Normandie-Niemen) se transferiram para Base Aérea de Reims — Champagne (BA 112) — França, sendo novamente reequipados, dessa vez, com a aeronave não de caça, mas sim de interceptação, ataque nuclear e bombardeio estratégico SO.4050 Vautour.
Reims se tornaria a casa dos Normandos por 27 anos, sendo nela que a unidade voltaria a voar um caça de fato, o supersônico Dassault Mirage F-1C/CT a partir de 1973. O Mirage F-1 levou a unidade de volta para a África, para a região do Sahel, Mali e Djibuti, voando em áreas de antigas colônias, e até mesmo em missões reais na região, sempre operando em deslocado e em sistema rotações, ou seja, missões de seis meses a um ano.
Vinte anos após entrar na era supersônica com os F-1C, outra mudança: em 13 de outubro de 1993, a unidade foi novamente resignada para Escadron de Chasse 1/13 (EC 1/13) — Normandie-Niemen, ao mesmo tempo que foi ativada na Base Aérea de Colmar-Meyenheim (BA 132) — França. Somente em 1º de julho de 1995 a senda de mudanças de nome parece ter parado, com a volta da designação EC 2/30, que resgatou a tradicional nomenclatura, que se mantém até hoje. Em 10 de outubro de 2007, os presidentes Nicolas Sarkozy e Vladimir Putin inauguraram um monumento, esculpido pelo artista russo Andrey Kovalchuk, para a memória do Regimento Normandie-Niemen em Moscou, no Parque Lefortovo.
Com a desativação do Mirage F-1CT, em 3 de julho de 2009, o EC 2/30 foi oficialmente desativado. Após quase 3 anos adormecido, o regimento de caças 2/30 “Normandie-Niemen” acordou novamente em 1º de setembro de 2011 na Base Aérea de Mont-de-Marsan (BA 118), equipado com os Dassault Rafale F3. A unidade receberia seus primeiros Rafales ainda em 2011, sendo oficialmente reativado em 25 de junho de 2012, ano dos 70 anos de sua criação.
A partir de junho de 2012, o EC 2/30 “Normandie-Niemen” entrou oficialmente em serviço operacional no Armée de l’Air na Base Aérea 118 de Mont-de-Marsan. O esquadrão, carinhosamente chamado de “Neu Neu”, tornou-se, à época, o terceiro esquadrão operacional equipado com o Rafale. Nesses anos de operação com o principal vetor de combate do agora Armée de l’Air et de l’Espace (AAE), os Normandos se tornaram uma das principais unidades francesas, inclusive já tendo realizado missões de emprego em missões no Mali, Síria e no norte da África. Com três esquadrilhas operacionais — SPA 91 “Eagle with dead head”, SPA 93 “Duck” e SPA 97 ”Ermine fanion” —, todas com Rafale C F3-R, a unidade cumpre uma gama de missões ar-ar e ar-superfície atribuídas ao Rafale, exceto o papel de dissuasão nuclear, este exclusivo alocado à unidade de Saint-Dizier.
@CAS