Canadá exige antecipação do recebimento dos primeiros F-35. O Canadá está exigindo que a Lockheed Martin entregue o primeiro lote com os nove primeiros caças furtivos F-35 operacionais até 2027. Entretanto, a proposta da fabricante norte-americana, vencedora da licitação canadense, estipula que “o nono F-35 operacional será entregue na janela entre 1º de dezembro de 2025 e 1º de dezembro de 2027.”
A ministra de Serviços Públicos e Compras do Canadá, Filomena Tassi, declarou que o primeiro caça furtivo F-35 Ligthning II deverá chegar para a Força Aérea Real Canadense (RCAF) em 2025.
De acordo com o jornal Ottawa Citizen, o governo canadense planeja adquirir cerca de 88 caças F-35, por um valor estimado entre C$15 bilhões e C$19 bilhões de dólares canadenses. Os críticos da compra observaram, no entanto, que o custo total do ciclo de vida desses aviões é estimado em C$ 77 bilhões. Nesse pacote, a última das 88 aeronaves seria entregue para a RCAF até 31 de dezembro de 2031.
A Lockheed Martin não comentou sobre o cronograma de entrega dos novos jatos: “Esperamos continuar nossa parceria com a indústria canadense para entregar e suporte do F-35”, acrescentou uma mensagem da empresa para o jornal.
Na discussão da campanha eleitoral de 2015, o governo anterior havia selecionado o F-35 como o novo jato da RCAF, mas recuou desse plano em meio a preocupações com os problemas tecnológicos dos jatos, e o aumento dos custos.
Por sua vez, Justin Trudeau, atual primeiro-ministro e opositor ao governo anterior, afirmou em 2015, que seu governo nunca compraria o F-35. Uma vez no poder, Trudeau recuou dessa promessa, anunciando no mês de março passado que o Lightning II será o futuro caça da RCAF. As negociações envolvendo a Lockheed Martin e os governos do Canadá e dos EUA estão em andamento, devendo ser concluídas até o final do ano.
Alguns analistas da indústria de defesa questionaram se a Lockheed Martin será capaz de cumprir o cronograma de entrega do Canadá, já que outros aliados estão à frente na fila para os jatos e alguns problemas técnicos do F-35 ainda não foram completamente resolvidos.
Em abril, o Government Accountability Office, órgão de auditoria do governo dos EUA, relatou mais atrasos nos testes operacionais que devem ser concluídos para que a produção total possa começar. Conforme a reportagem do jornal canadense, ainda há centenas de problemas a serem resolvidos nas aeronaves, e as empresas estão trabalhando para sanar as falhas nas aeronaves já foram entregues. “Quanto mais aeronaves forem produzidas e entregues antes de resolver as deficiências, maior a probabilidade de que o programa tenha que modernizar as aeronaves às custas do governo”, informou o GAO.
Mais de 780 caças F-35 já foram entregues para as forças armadas dos EUA e seus aliados. O Tenente-General dos EUA Eric Flick, Diretor Executivo do Programa Conjunto F-35, observou que a avançada tecnologia embarcada no jato é “muito cara, o que contribui para as falhas atuais”. O Pentágono citou os altos custos operacionais e de manutenção do F-35, embora a Lockheed Martin tenha se comprometido a reduzir o custo estimado de US$ 30 mil por hora de voo.
Em abril, o congressista norte-americano John Garamendi, Presidente do Subcomitê de Prontidão para o Comitê de Serviços Militares, destacou os problemas com o caça furtivo: “Não devemos mais comprar F-35 até descobrirmos como mantê-los. É uma missão de tolos. É um desperdício de dinheiro dos contribuintes”.
O Canadá é parceiro do programa F-35 Joint Strike Fighte, tendo participado com mais de US$ 600 milhões para o desenvolvimento deste caça de quinta geração. O acordo prevê que as nações parceiras estão proibidas de impor requisitos para benefícios industriais, pois o trabalho nos aviões é determinado com base no melhor valor. As empresas canadenses competem e, se as suas propostas foram aceitas, recebem os contratos.
De acordo com a Lockheed Martin, até o momento as indústrias canadenses já receberam mais de US$ 2 bilhões em contratos para o fornecimento de componentes para o Programa F-35JSF.
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