Bimotor cruza sete países na Europa em voo clandestino. Um bimotor decolado da Lituânia, cruzou pelo menos sete países europeus, quase todos membros da OTAN, sem nenhum plano de voo ou contato com órgãos de controle de tráfego aéreo (ATC), antes de pousar em uma pista abandonada no interior da Bulgária. O voo clandestino foi monitorado pelos sistemas de defesa aérea de todos países envolvidos.
O Piper PA-23-250 Aztec, matrícula civil LY-LOO (registro aparentemente falso), teria partido de um aeroporto na Lituânia e sobrevoado a Hungria, Polônia, Eslováquia, Sérvia e Romênia, antes de entrar na Bulgária pela cidade de Vidin, norte do país. Com exceção da Sérvia, todas as nações fazem parte da aliança da OTAN.
O pouso ocorreu na pista do antigo aeródromo de Targovishte, perto de Buhovtsi, na Bulgária, que há muitos anos não tem operações de aviação. A televisão búlgara Euractiv disse que quando o avião foi descoberto, os seus motores ainda estavam cobertos por lonas, quentes e sem vestígios dos tripulantes.
Curiosamente, o Diretor do Aeroclube de Hajduszoboszlo, na Hungria, Istvan Juhos, informou para jornalistas que o avião procedente da Lituânia pousou – sem autorização – em Hajduszoboszlo, onde o piloto e um passageiro compraram lanches e reabasteceram a aeronave. Funcionários do aeroclube acharam a situação suspeita e avisaram a polícia local. “A polícia chegou ao aeroporto e tentou impedi-lo de decolar novamente. No entanto, não teve sucesso e, após 10-15 minutos, o avião decolou novamente”, disse ele.
Em entrevista ao LRT, o piloto e diretor da empresa lituana Nida Air Park e antigo proprietário do Piper Aztec, Bronius Zaronskis, afirmou que recentemente vendeu o avião para uma empresa não revelada. Antes da venda, três homens estrangeiros, um deles falando em russo, inspecionaram a aeronave.
“Eles não eram lituanos. Não posso dizer de que país eles eram, talvez ucranianos, talvez romenos ou búlgaros. Um homem falou comigo em russo… não sei deles, porque no momento eu não estava interessado nisso”, disse o piloto, acrescentando: “Eu vendi e me despedi daquele avião. Eu estava tentando vendê-lo há muito tempo. Eu não tinha onde colocá-lo, então estou feliz que eles o compraram… Não me lembro qual organização o comprou. Foi escrito em uma língua estrangeira.”
A defesa aérea integrada da OTAN enviou pelo menos seis caças para interceptar e escoltar o avião clandestino. Foram dois F-16 da USAF, dois F-16 da Força Aérea Romena e dois Saab Gripen da Força Aérea Húngara, que acompanharam o bimotor, que não respondeu a nenhuma chamada via rádio ou sinais visuais.
De acordo com o Ministério da Defesa da Bulgária, as interceptações foram prejudicadas porque o avião clandestino estava com o transponder desligado e voando muito baixo. Como não representava uma ameaça à infraestruturas civis ou militares, as autoridades mantiveram apenas o acompanhamento próximo.
O portal de notícias húngaro Dehir, relatou que o Ministério da Defesa da Romênia também abordou o voo clandestino com uma atitude apenas de cautela, pois “não se comportava de maneira perigosa”.
O PA-23 foi apreendido pela polícia búlgara, que iniciou as investigações para saber o motivo do voo, bem como buscar pelos dois tripulantes. Não foram encontradas armas ou drogas no interior da aeronave, que continha alguns documentos e mapas de voo, além de uma câmera filmadora com cartão de memória removido.
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